sexta-feira, novembro 02, 2012

... INICIA-SE O MÊS CONSAGRADO A DIANA...


Deriva o Seu nome do radical indo-europeu *d(e)y(e)w, expressando a ideia de céu luminoso, que originou duas séries de substantivos em Latim - por um lado, dies, ou dia, por outro, Deus - e vários teónimos indo-europeus, tais como Dyaus , Deus ariano do Céu (Índia), Zeus, Júpiter, e, provavelmente, Tyr. Diana é portanto desde a origem uma típica Deusa indo-europeia celestial e luminosa. Na antiga Roma foi identificada com a helénica Ártemis. O seu Culto foi dos mais destacados na Romanidade; na Ibéria, poderá ter sido identificada com a indígena Nábia, conforme defende o prof. Cardim Ribeiro, a propósito da análise da inscrição supostamente escrita em lingua lusitana de Arronches:
(...) Porventura estaríamos perante uma deusa triforme — e trifuncional — correspondente ao protótipo indo-europeu que poderemos designar como de tipo Ártemis, ou seja, simultaneamente celeste (sendo a Lua), vinculada à aretê (sendo uma virgem guerreira) e fecunda (a deusa também é ninfa).Esta divindade, quando consagrada em todas as vertentes da sua complexa personalidade, recebia uma oferenda composta por três diferentes animais, cada qual correspondente a um diferente nível funcional. É isto que podemos ver, por exemplo, na invocação saguntina a Diana Maxuma, a quem se oferece vaccam, ovem albam, porcam (CIL II2, 14, 292).5 O início da ara de Marecos traduz uma situação basicamente idêntica, constituindo aliás, na nossa opinião, um dos mais sólidos argumentos para se aceitar a hipótese expendida por Melena 1984, 244-245, quanto à inclusão de Nabia no referido arquétipo de deusa trifuncional, em paralelo com Diana e com Ártemis. Em Marecos a deusa é sucessivamente invocada como: O(ptimae) V(irgini) Co(nservatrici)6 et Nim(phae)7 Danigom, Nabiae Coronae, que recebe vacca(m) bovem; e Nabiae sem quaisquer epítetos, à qual se sacrificou agnu(m).» (...)

Na Idade Média, diz a Crónica Geral de Espanha que o nome Lusitânia deriva dos jogos que Hércules aqui dedicou a Diana como agradecimento por uma vitória, o que pode indicar a imensa divulgação do culto à Divindade no seio das antigas gentes deste extremo ocidente europeu. Outra lenda que o indica, cuja época desconheço, identifica com Diana a Salácia adorada em Alcácer do Sal (daí o dito topónimo), Cujo templo teria sido, de acordo com a lenda, destruido por Mouros, tendo por isso estes sido mortos em naufrágio causado pela Deusa. Ora   de marítimo parece ter pouco, pelo que a Sua identificação com Salácia pode ter por trás o culto de Nábia, esta sim, Divindade que actualmente se pensa ser de carácter particularmente aquático.
De notar ainda o facto de popularmente se designar o templo de Évora como templo de Diana, embora tal denominação não tenha qualquer base cientifica, pensando alguns autores que a estrutura era em vez disso dedicada ao culto imperial. A referência a Diana parece indicar, mais uma vez, a imensa disseminação do culto a  no actual território nacional, bem como o facto de uma das figuras mais destacadas do folclore português, galego e asturiano, a das Xanas/Janas/Jãs - equivalente, de resto, às Zenas do folclore balcânico (zona também ela romanizada) - derivar eventualmente de Diana.



2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

http://museucarlosmachado.azores.gov.pt/


Site do museu Carlos Machado em Ponta Delgada, São Miguel.
Fica o convite para uma visita, que decerto, será do seu inteiro agrado.

2 de novembro de 2012 às 19:32:00 WET  
Blogger Caturo said...

Muito obrigado pelo convite.

3 de novembro de 2012 às 16:44:00 WET  

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