segunda-feira, outubro 29, 2012

O XISTO COMO NOVA FONTE DE ENERGIA QUE PERMITA ABALAR A PETROCRACIA MUÇULMANA

O surgimento de novas tecnologias energéticas – extracção de gás e petróleo de xisto é capaz de influenciar seriamente as relações internacionais.
Grandes jogadores mundiais que até agora dependem da importação de energéticos, dentro de algum tempo poderão ser seus exportadores. Tal situação, se realmente vier a acontecer (isto está muito longe, as perspectivas de exploração do xisto por enquanto não são evidentes) inevitavelmente colocarão sérias questões também perante a Rússia, que é grande fornecedor de energéticos no mercado mundial. Moscovo terá de corrigir inevitavelmente a sua política interna e externa.
Ainda há dez anos era impossível pressupor que os EUA se tornariam grande produtor de gás natural e ultrapassariam, em volume de sua extracção, a Rússia, que ocupava até então o primeiro lugar. Agora isto é facto consumado. As explorações de gás de xisto começaram em muitos países do mundo, inclusive na Polónia, Ucrânia, Austrália, Grã-Bretanha e também na China. Segundo informações dos meios de comunicação social, o Reino Unido até 2032 irá suprir, por conta do gás de xisto, um quarto das suas necessidades desse tipo de combustível.
Surgiram também tecnologias que possibilitam obter petróleo de xisto. Por exemplo, há informações de que o Japão conta seriamente com isto. A companhia Japan Petroleum Exploration conseguiu obter combustíveis líquidos de xisto, o que, possivelmente, será a solução do problema de grave escassez de energia nesse país, que também está relacionado com a recusa, em perspectiva, da energia atómica pelo Japão.
A revolução do xisto, se ocorrer, terá inevitavelmente forte influência sobre as relações internacionais. Imaginemos um roteiro puramente teórico, que por enquanto não tem nada a ver com a realidade. Os EUA, os países da Europa Ocidental e a China cessam a importação de petróleo e gás, ou pelo menos reduzem-na bruscamente. Neste caso pode-se incluir no campo de vítimas as monarquias petrolíferas do Golfo Pérsico. A procura do seu principal produto cairá bruscamente e elas serão obrigadas a reduzir consideravelmente suas ambições geopolíticas.
Também cairá o interesse dos EUA pela Ásia Central. Provavelmente cessará a realização de projectos de condutas contornando a Rússia. Não serão claras as perspectivas de exploração de jazidas no mar Cáspio. Possivelmente em lugar de tentativas de assegurar o acesso a reservas de energéticos, que se encontram fora de suas fronteiras, Washington concentrará os seus esforços em outras direcções. Por exemplo, na recuperação de suas posições na América Latina, que nos últimos anos se abalaram visivelmente.
No que se refere à China, que também planeia começar a extracção no seu território de gás e petróleo de xisto, existe grande probabilidade de que, também para ela, a região centro-asiática perca o seu encanto. Perderá sentido a activa expansão chinesa em África e diminuirá a dependência de Pequim  dos fornecimentos de petróleo do Golfo Pérsico.
À primeira vista, caso as tecnologias do xisto se justifiquem, a Rússia ficaria no campo dos que perderam. Isto, entretanto, não é bem assim. Em primeiro lugar, diferentemente das petrocracias clássicas do tipo da Arábia Saudita, tem uma economia mais variada. Depende naturalmente muito das receitas do petróleo e gás, mas entretanto sua diminuição somente servirá de grande estímulo complementar para a diversificação económica.
Deve-se salientar que os roteiros expostos são apenas suposições, que podem-se realizar ou podem apenas ficar no papel. Não antes de sete-dez anos será possível compreender que influência exercerá realmente o xisto sobre as relações internacionais. E pode ser ainda mais tarde. Mas é melhor começar a pensar nisto já hoje.