HÁ DOENTES COM CANCRO A DEIXAREM DE SE TRATAR DEVIDO A DIFICULDADES ECONÓMICAS
O presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos, Jorge Espírito Santo, diz, em declarações ao PÚBLICO, que lhe têm chegado "informações, sem carácter oficial, de que há doentes com cancro a faltar a consultas e a tratamentos de rádio e de quimioterapia, devido a dificuldades económicas".
Carlos Oliveira, presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), confirma que uma parte dos 2,6 milhões de euros gastos em 2011 na "humanização do apoio ao doente" foram aplicados no pagamento de transporte. Ambos se dizem preocupados. O primeiro pede razoabilidade e bom senso na aplicação das leis; o segundo solicita apoio, em dinheiro, à população.
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"Será difícil entender que a crise, que tem deixado tanta gente em situações tão graves, tem reflexos ainda mais sérios na vida de um doente com cancro? Que esta é uma doença que debilita toda a família? Que é ela própria causa de desemprego e de dificuldade em arranjar emprego? Que muitas vezes alguém tem de se despedir [do emprego] para apoiar o familiar doente?", pergunta o presidente da LPCC.(...)
O Ministério da Saúde vai continuar a fazer depender "da situação clínica incapacitante" ou "da situação de insuficiência económica" o transporte gratuito de doentes não-urgentes. Os doentes oncológicos, com insuficiência renal crónica e em fase aguda de reabilitação que necessitem de tratamento prolongado, contudo, passarão a pagar, no máximo, 30 euros, em função do percurso.A negociação do novo regulamento foi motivada pelas exigências da troika, que prevê um corte de um terço da factura com o transporte não-urgente, que ascendeu, em 2010, a 168 milhões de euros.O PÚBLICO não conseguiu obter em tempo útil um comentário do Ministério da Saúde às preocupações do presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos, Jorge Espírito Santo, que diz que há doentes a faltar a tratamentos por não poderem pagar as deslocações e considera a alteração legislativa insuficiente para resolver o problema.
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