segunda-feira, novembro 14, 2011

SOBRE OS DEUSES, QUE NÃO MORRERAM...

O Deus não morreu,
Cada campo que mostra
Aos sorrisos de Apolo
Os peitos nus de Ceres
Cedo ou tarde vereis
... por lá aparecer
O deus , o imortal.

Não matou outros deuses
O triste deus cristão.
Cristo é um deus a mais,
Talvez um que faltava.
Pã continua a ciar
Os sons da sua flauta
Aos ouvidos de Ceres
Recumbente nos campos.

Os deuses são os mesmos,
Sempre claros e calmos,
Cheios de eternidade
E desprezo por nós,
Trazendo o dia e a noite
E as colheitas douradas
Sem ser para nos dar o dia e a noite e o trigo
Mas por outro e divino
Propósito casual.

Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa


Eu só não diria que os Deuses nos desprezam... de resto, o poema merece, por todos os motivos, a devida contemplação, reflexão e divulgação...


5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Um poema(mal feito) de louvor ao mal.
O politeísmo é lixo, praga que que sacrifica animais e gente em honra a
demônios.Um dia serás castigado por isso.

15 de novembro de 2011 às 07:31:00 WET  
Anonymous Albicastrense said...

Com certeza, mas seja como for, eu jamais menosprezaria o legado de nomes assumidamente e fervorosamente cristãos, por tudo aquilo que criaram ser parte tão íntimamente integrante do espírito europeu; alguma vez eu desprezaria, digamos, a agudeza de pensamento de um Papini ou a ironia descontraída de um Chesterton, ou a pintura amável e tranquila de um Angélico, ou ainda a grandiosidade metafísica da música de um Bruckner?...
Mas é que de modo algum: se estes homens criaram, nos seus campos de actividade, realizações que indubitavelmente, merecem o seu lugar no "cânone" e ascenderam ao patamar das referências culturais do Velho Continente, terá acaso o pormenor confessional alguma relevância na abordagem às suas obras? Certamente que não. Nem se deveria, em ocasião alguma, fazê-lo, e porquê? Porque, além de demonstrar uma gritante estreiteza de vistas o facto de o fazer, toda esta componente civilizacional constitui parte essencial da Alma Europeia, da sua idiossincrasia, afirmando de modo pungente e claro toda a sua sensibilidade genuína.
É, pois, numa perspectiva integrada
quanto à visão da historicidade europeia, primando pela imparcialidade nua e crua relativamente aos fenómenos históricos, que se deve nortear a pratica da História, em todos os seus ramos. Está, por isso, subjacente a questão da confrontação das fontes, dos relatos, documentação, etc.,para que se faça a devida luz nestas matérias.

Louvo a qualidade do seu espaço cibernético, cada vez mais necessário nos dias agitados de hoje. Um bem-haja pela oportunidade!

Cumprimentos.

15 de novembro de 2011 às 14:45:00 WET  
Blogger Caturo said...

Saudações para si também. E já agora convém não perder de vista a diferença entre o estilo e a mensagem. O brilhantismo da ironia ou da agudeza de análise não deve ser esquecido, mas nem tampouco confundido com o cerne da mensagem que o cavalga. Posso por exemplo apreciar o humor de Monty Python mesmo que saiba que os ditos são esquerdistas ou que podem uma ou outra vez veicular ideias de carácter ou enquadramento esquerdista.

16 de novembro de 2011 às 01:51:00 WET  
Blogger Caturo said...

«Um poema(mal feito)»

Não, um poema bonito, bem feito, de louvor ao que de mais belo e sagrado pode haver. O politeísmo clássico é de facto insuperável na sua grandiosidade, e por acaso não inclui o sacrifício de pessoas, nem sequer exige necessariamente o sacrifício de animais. Todo e qualquer credo que leve a pensar que isto merece castigo, deve por sí só ser combatido e se possível destruído ou pelo menos expulso de solo europeu. Os Romanos foram demasiado ingénuos e não o perceberam a tempo, mas a verdade é que neste momento esse credo inimigo dos Deuses está a morrer por si mesmo, em toda a Europa, enquanto o culto aos Deuses retorna, a pouco e pouco.

De resto, faço minhas as palavras de Radbod, um dos grandes vultos da verdadeira Europa, pagão frísio que recusou o baptismo cristão dizendo «prefiro ir para o inferno onde estão os meus antepassados pagãos do que ir para o céu na companhia de cristãos.»

16 de novembro de 2011 às 01:57:00 WET  
Anonymous BrasileiroANTI_MULTICULT said...

Lindo poema! isso sim e cultura de verdade! veja que isso sim mantm a cultura verdadeira da europa!

18 de novembro de 2011 às 13:32:00 WET  

Enviar um comentário

<< Home