sexta-feira, agosto 05, 2011

SOBRE A MULATIZAÇÃO DA PERSONAGEM «HOMEM-ARANHA»

Agradecimentos aos camaradas que aqui trouxeram esta ridícula mas sintomática notícia: http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1944284&seccao=Livros

A eleição de Barack Obama para a presidência dos EUA parece mesmo ter aberto as portas à diversidade a todos os níveis. Agora, foi a vez da banda desenhada: a editora Marvel revelou ontem que o herdeiro do traje do Homem-Aranha, após a morte de Peter Parker, será um jovem negro de origem hispânica.
Miles Morales, a nova personagem, vai começar a proteger Nova Iorque dos vilões já a partir de hoje, quinta-feira, dia em que chega aos quiosques o quarto número da saga do Homem-Aranha "Ultimate Comics Fallout".
"Quando surgiu a oportunidade de criar um novo Homem-Aranha, sabíamos que tinha de ser uma personagem que representasse, tanto pela sua origem, como pela sua experiência, a diversidade típica século XXI", revelou em comunicado citado pela agência Efe o editor-chefe da Marvel, Axel Alonso, ele próprio filho de pai mexicano e mãe britânica.
Segundo Alonso, o novo super-herói "não apenas segue a tradição, mantendo-se fiel às outras personagens como o próprio Peter Parker, como também demonstra que é um tipo novo e único de Homem-Aranha e que merece receber esse nome por direito próprio".
(...)
Contudo, para os mais tradicionalistas, Peter Parker continuará bem vivo na série de banda desenhada original "The Amazing Spiderman", cujas novas aventuras continuam a chegar às bancas com regularidade.

Claro, e depois se afinal o aranhiço negroidizado não tiver grande sucesso, Peter Parker continua como há quarenta e tal anos a vestir a farda do costume e acabou-se, que a Marvel é mesmo assim - sempre directamente sujeita às preferências do público consumidor. Não posso deixar de recordar o espectacular e algo «fascizante» modo como a editora acabou por transformar o inicialmente vilão «Punisher» («Justiceiro», nas edições brasileiras) num dos heróis mais populares das revistas... Como alguns saberão, o «Punisher» é Frank Castle, ex-polícia que se dedica a perseguir e a matar criminosos. A Esquerda liberal norte-americana tende a considerar tal tipo de vigilante como um bandido, mas a Direita ianque simpatiza especialmente com tal tipo de figuras... por isso, o «Punisher» foi criado como vilão, porque a artistaria enquadra-se geralmente na Esquerda, mas o público consumidor, menos sujeito às influências de quem controla a cultura, achou que o gajo era um herói... e vai daí a Marvel, para auferir uns bons cobres, virou o bico ao prego e obedeceu ao gosto popular...
De qualquer modo, a notícia do mais famoso e bem sucedido produto da Marvel ser agora disseminado em versão mulata só surpreende pelo tardio da «novidade» - quem conhece a banda desenhada de super-heróis norte-americana, sabe que esta está há muito, senão desde sempre, genericamente dominada pela Esquerda liberal norte-americana, talvez mais ainda no caso da Marvel do que na da sua congénere e grande concorrente, DC (Detective Comics), de pendor eventualmente um pouco mais tradicionalista e conservador (mas só um bocadito...). Não será por acaso que o outro grande sucesso da Marvel, X-Men, afigura-se como uma representação metafórica das minorias raciais (e não só), que constitui precisamente o tema mais caro à Esquerda. Há muito que a Marvel Comics Group está politicamente «engajada», como foi disso exemplo o surgimento da personagem Capitão América, cujo novo filme estreou ontem em Portugal. Desde os anos sessenta que esta editora publica histórias de um herói negro que tem o sugestivo nome de «Pantera Negra», surgido precisamente numa época em que as acções dos terroristas afro-americanos Panteras Negras eram mais faladas...
Pessoalmente, a notícia nem me incomoda por aí além. Homem-Aranha foi das principais referências de entretenimento durante a maior parte da minha infância, pelo menos dos cinco aos treze anos, mas acabei por, aos poucos, dar preferência a outras personagens ficcionais, a ponto de o alter-ego de Peter Parker se tornar para mim uma figura comparativamente menos interessante. Há qualquer coisa na sua postura demasiado flexível e «insectóide» que o faz ter menos grandiosidade quando comparado com heróis de mais marcial e diamantino estilo... De qualquer modo, não é bom para a juventude branca que uma das personagens mais conhecidas e apreciadas do entretenimento ficcional seja um indivíduo de raça alógena. Já com trintas e muitos, não vejo filmes cujos heróis principais sejam de raça negra - nem tenciono ver - mas a juventude, ainda por formar, pode mais facilmente ser moldada por estes e outros exemplos. O que, por outro lado, também não será necessariamente uma tragédia identitária, pois que na verdade o facto de ao longo das décadas o cinema ser dominado praticamente na totalidade por heróis de raça branca não impediu que surgisse entre os jovens o «orgulho negro»...
Apelar ao boicote de filmes não é realista - mas pode e deve denunciar-se o que em muitos casos estará por detrás de certo tipo de produtos de entretenimento para que, a pouco e pouco, o comum europeu veja cada vez mais a raio X certas e determinadas produções culturais destinadas às massas...

11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"artistaria", Caturo?

5 de agosto de 2011 às 22:49:00 WEST  
Blogger betoquintas said...

eu ficarei preocupado quando Peter Park se chamar Muhammad Agcka. }:0

5 de agosto de 2011 às 23:42:00 WEST  
Blogger Unknown said...

Não é certamente por causa desse novo Homem-Aranha, que só existe no universo paralelo Ultimate da Marvel, que passaremos a ver brancos confusos. O hip hop, o rap, a kizomba, o estilo preto e as pretas há muito que já trataram de cativar muitos jovens brancos criar o específico movimento bolicao. Conheço imensos lá do bairro adjacente à urbanização onde eu vivo, brancos que se vestem de preto, que falam à preto, que ouvem sempre música de preto, que só querem é pretas e até se comportam como autênticos pretos...

6 de agosto de 2011 às 00:00:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Beto disse...

eu ficarei preocupado quando Peter Park se chamar Muhammad Agcka. }:0"

Realmente poderia ser pior. O mulato-aranha poderia ainda ser muslo e lutar contra os criminosos "infiéis"...

6 de agosto de 2011 às 02:18:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Eu gosto do Justiceiro. Já o araquinídeo sempre foi muito de esquerda pra mim, como se quisesse fazer uma lavagem cerebral me induzindo a achar que o bandido não deve ser morto, que isso é errado. Mesmo quando nao sabia o que era a esquerda via algo de errado nele, mas,ele que se foda! The Venom esse sim é um araquinídeo e verdadeiro herói!

6 de agosto de 2011 às 14:00:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Pra mim, quadrinhos sempre foi coisa de lesdos. Desculpa Caturo, mas achei o topico grande demais para uma coisa tão boba.

lucassouza24

8 de agosto de 2011 às 00:39:00 WEST  
Blogger Caturo said...

É porque não percebes o significado ideológico, formador e propagandístico que tem o entretenimento de massas - é simplesmente o meio de difusão doutrinal mais poderoso de todos.

8 de agosto de 2011 às 03:37:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Espero que o Thor não seja "multiculturalizado"...

8 de agosto de 2011 às 13:14:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Já faltou mais... lembro-me de nos anos oitenta haver uma banda desenhada Marvel altamente foleira a pôr em cena um Thor extra-terrestre, para mostrar que o Thor podia não ser aquela imagem nórdica...

8 de agosto de 2011 às 15:57:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

normal...? sera que o futuro do mundo vai ser essE?

8 de agosto de 2011 às 19:27:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Falando no filme Thor, tenho novidades pra voces.

http://cinemacomrapadura.com.br/noticias/221040/idris-elba-confirma-o-retorno-do-guardiao-heimdall-em-sequencia-de-thor/

lucassouza24

9 de agosto de 2011 às 04:11:00 WEST  

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