MARINE LE PEN - NACIONALISMO, ESTADO E LIBERDADE

Longa entrevista, em Inglês, à líder da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen, da qual se salientam as seguintes passagens (tradução do texto original a itálico, comentários a escrita normal):

Assinalando uma clara ruptura com o seu pai e a Direita em geral, saiu-se com uma detalhada crítica do capitalismo e com uma posição a promover o Estado como protector do povo comum.

Por acaso isto nem é nada novo no seio da Extrema-Direita, antes pelo contrário, já os Nacionalistas da década de noventa, até de antes, criticavam ferozmente o capitalismo... e já o Nacional-Socialismo fazia o mesmo há setenta anos...

Diz Marine Le Pen: «por muito tempo, a Frente Nacional manteve a ideia de que o Estado faz as coisas sempre do modo mais caro e menos bem feitas do que o sector privado. Mas estou convencida de que isso não é verdade. A razão é a inevitável busca do lucro, que é inerente ao sector privado. Há certos domínios que são tão vitais para o bem-estar dos cidadãos que têm a todo o custo de ser mantidos fora do sector privado e da lei da oferta e da procura.» O governo tem portanto de ter a seu cargo a saúde, a educação, os transportes, a banca e a energia.

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A mistura que La Pen faz de Nacionalismo de Extrema-Direita com economia francamente esquerdista está relacionada com as plataformas de outros partidos marginais que têm surgido recentemente na Europa, e alguns críticos vêem esta combinação como uma negra reminescência. "Isto apareceu nos anos vinte e trinta", diz Patrick Lozès, presidente do Conselho Representante das Associações Negras de França (Cran), que recentemente se envolveu num confronto público com Le Pen.

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Por outras palavras, a posição económica de Le Pen está a atrair o interesse da Esquerda bem como da Direita. E está a fazer algo similar com a imigração. Onde a Extrema-Direita anteriormente adoptava uma aproximação do tipo choque-de-civilizações - Cristianismo versus Islão - Le Pen estende o manto do secularismo como um sistema de valores que está sob ameaça. "Ela está a dizer que o problema não é eles serem muçulmanos mas sim o de quererem impôr os seus valores no nosso País. Isto é uma grande inovação. Ela pretende defender os gays, os Judeus, as mulheres. A Frente Nacional nunca antes tinha defendido os Judeus. Era anti-semita - agora ela diz aos Judeus "Vocês têm de ter cuidado com os muçulmanos e eu estou aqui para vos defender." E diz que está aqui para defender as mulheres e os gays, em nome da Liberdade, do Secularismo e da República. Isto é mesmo, mesmo novo. Não é uma mudança para a Esquerda, mas uma terceira dimensão para a política francesa.(...)

Onde na América muitos dos descontentes querem um retorno dos valores do Cristianismo e do mercado livre, os seus equivalentes na Europa encontram conforto numa viragem para o Nacionalismo, que inclui protecção estatal, e longe das instituições da globalização. Le Pen está nesta posição.(...)

Le Pen pode não se tornar presidente, mas alguns argumentariam que ela já tem sucesso. "Mesmo que nunca ganhe uma eleição, quando se lança este tipo de pensamento na sociedade, a modernizar o pacote do racismo, as consequências perduram", diz Lozès.

Política a sério, de facto... o Poder exerce-se de várias maneiras, mas a primordial assenta na afirmação de ideias.

É verdade que Marine Le Pen critica o racismo quando lhe perguntam se é racista - mas o que há-de ela fazer para evitar atrasos e contra-tempos num país em que o seu pai foi várias vezes a tribunal por acusação de racismo?

Uma coisa é certa - Marine Le Pen está a fazer muito mais bem do que mal ao Movimento Nacionalista europeu. Porque é mesmo isto que mais interessa promover: a natural ligação entre Identidade e Liberdade.