sexta-feira, abril 15, 2011

CHINA PROÍBE CONTEÚDOS TELEVISIVOS RELATIVOS A VIAGENS AO PASSADO E REFERÊNCIAS A SUPERSTIÇÕES «FEUDAIS»

Agradecimentos a quem aqui deu conhecimento desta bizarra notícia:

As autoridades chinesas baniram quaisquer filmes ou séries que mostrem viagens no tempo, alegando o «desrespeito histórico» que esse tipo de obra de ficção científica mostra, segundo o Hollywood Reporter. A decisão é anunciada por ocasião das comemorações do 90º aniversário do Partido Comunista da China.
«A explicação política [para a medida] é que tudo que não é possível no mundo real pertence ao campo da superstição», disse o crítico Raymond Zhou Liming, que notou que a norma curiosamente não abrange o campo da literatura e teatro. Essa decisão verifica-se porque a China tem a maior audiência de televisão no mundo e o mercado de cinema em maior ascensão no momento.
Uma das séries de maior sucesso na China, Shen Hua, mostra um homem a voltar à época da China antiga onde encontra amor e felicidade. «A maioria das obras com viagens no tempo que vi não são fortes na ciência, mas sim nos seus comentários aos assuntos actuais», opinou Zhou. E é nisso em que acredita a Administração Estadual de Rádio, Filme e Televisão, que interpretou a mensagem da série como uma sugestão de que felicidade é uma coisa do passado para o cidadão chinês.
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Proíbe pois conteúdos com superstições... que tipo de superstições? Superstições feudais...

Pelo que vejo, a imprensa dominante está a focar o aspecto da bizarria da decisão. Este artigo do Diário Digital, todavia, fornece a explicação que me parece mais significativa: o regime totalitário (ainda, apesar de tudo,) comunista não admite que o passado histórico, que a herança nacional ancestral possa ser tão valorizada como pelos vistos está a ser na série mais visada pela proibição. É também por aqui que se explicam o resto das proibições acima referidas - a tentativa de erradicar tudo o que tenha a ver com espiritualidade tradicional, que no código linguístico materialista militante é usualmente descrito como «superstição». Trata-se talvez de uma tentativa de fugir ao retorno da sacralidade e da herança espiritual de antanho que está a verificar-se no país mais populoso do mundo.

O tópico seguinte do blogue, que será publicado dentro de minutos, diz precisamente respeito a este conflicto entre a religiosidade e a a-religiosidade, ou aliás, a intenção ideológica que a quer originar, que é a mentalidade anti-religiosa.