SOBRE O QUE O 11 DE SETEMBRO PODE DIZER A QUEM O «OIÇA» COM ATENÇÃO

Há nove anos, a surpresa, quase a roçar o fantástico e o inconcebível, de ver dois aviões comuns a espetarem-se com toda a força contra dois dos mais famosos prédios do planeta, num ataque terrorista sem precedentes a nível mundial, a maior matança cometida por muçulmanos desde os tempos da Idade Média... e do chamado Hindu Kush, onde as tropas de Mafoma exterminaram milhões de hindus...

Como seria de esperar numa civilização cuja cúpula dirigente - intelectual, cultural, política e economicamente - está profundamente corrompida pela doutrina do amor universalista obrigatório, não faltam no Ocidente as vozes merdiáticas que tentam de algum modo culpar os próprios Ocidentais pelo que sucedeu a 11 de Setembro: porque o Ocidente apoia Israel, porque os Americanos são mauzinhos para os muçulmanos (mesmo tendo-os apoiado nas Balcãs), porque o Bush isto e aquilo, ou então se calhar foi um truque da CIA e do dito Bush para poderem bater mais à vontade nos muçulmanos e assim...

Quando gente com responsabilidade política, como por exemplo Mário Soares (isto é apenas um caso, mas não há fumo sem fogo) escolhem, pela sua própria sensibilidade, ver o mal na sua própria gente, mesmo quando esta é atacada, em vez de o reconhecer no agressor alógeno, então está-se diante daquilo a que se poderá chamar «morte no ovo», forças do organismo voltadas contra o próprio organismo. Isto ultrapassa em gravidade, mas ultrapassa abissalmente, o cenário, talvez fantasiado, que se atribui ao exemplo histórico clássico da tibieza interna diante do agressor estrangeiro: Constantinopla, onde, alegadamente, a elite discutia o sexo dos anjos quando a sua cidade estava a ser invadida pelos Turcos. Tanto que a expressão «discutir o sexo dos anjos» ficou para a História como designação de um debate ou questiúncula menor que ameaça pôr em causa interesses mais urgentes e verdadeiramente importantes.

Efectivamente, tentar afincadamente encontrar no Nós os culpados da agressão de que o Nós é vítima, constitui um mau princípio que nada augura de favorável ao futuro do Povo - e insistir ao ponto de gerar conflitos e dissenssões internas, isso então é incomparavelmente mais doentio do que qualquer discussão bizantina.

Isto ao nível das elites merdiáticas. No seio do Povo, entretanto, parece haver uma notória tendência para se perceber que o 11 de Setembro não foi uma excepção e que contra o sangue e a alma dos Europeus podem estar a preparar-se outros onzes de Setembro.

Que a desgraça sirva ao menos para, quando lembrada, funcionar como aviso.