SOBRE A HISTÓRIA «SECRETA» DA INTOLERÂNCIA CRISTÃ CONTRA O PAGANISMO GREGO

Eis

um livro, da autoria de Evaggelos Vallianatos, que valeria a pena trazer para Portugal, sem ou, de preferência, com tradução: The Passion of the Greeks: Christianity and the Rape of the Hellenes, que o mesmo é dizer «A Paixão dos Gregos: o Cristianismo e a Violação dos Helenos».

Narra a história secreta do conflito entre os Gregos e os cristãos na Antiguidade tardia, especialmente do século quarto ao sexto. Revela o modo como o Cristianismo, assistido e fundado no Império Romano, conspirou para matar os Gregos que antes disso desumanizou, estigmatizando-os como idólatras e pagãos. As políticas genocidas do Cristianismo contra os Gregos e a sua civilização quase tiveram sucesso; os Gregos "convertidos" foram forçados a abandonar até o seu nome e a chamar-se a si mesmos Romanos, do século V ao século XIX. Acresce que a cristianização da Grécia fo uma catástrofe que precipitou a queda de Roma e engendrou a idade das trevas da civilização ocidental. Os cristãos fizeram da Grécia um cemitério, que assaz involuntariamente preservou um pós-desastre do seu assassínio e genocídio.
Numa altura de conflito religioso entre o Cristianismo e o Islão, este livro salienta a natureza intolerante do monoteísmo. Conta uma história nunca contada antes, abrindo a possibilidade de nos aproximarmos dos Gregos, entendendo a sua paixão e os seus feitos. Os Gregos resistiram ao Cristianismo durante séculos. Tal como o Deus Prometeu, que lhes deu o fogo e as artes, também os Gregos criaram o nosso mundo através da Renascença, que trouxe à luz os restos da cultura grega há muito sepultada pelo Cristianismo.

Comentários de alguns dos leitores:

«A Paixão dos Gregos» propõe uma navegação nos séculos altamente controversos de quando a fé cristã fez todos os esforços possíveis para prevalecer sobre a religião helénica, profundamente arreigada no Povo. Muito boa gente pensa que isto aconteceu através da persuasão gentil e à pregação carismática. Houve, claro, algo disto. No entanto, a violência, a conspiração política e a simples destruição dos grandes centros religiosos da Antiguidade estavam muito mais na ordem do dia. O espírito do Helenismo precisou de oito a dez séculos para recuperar de tudo isto e mesmo assim fê-lo principalmente na forma de debate académico. (...)

Apostolos N. Athanassakis, Argyropoulos, destacado professor universitário de Estudos Helénicos na Universidade de Santa Barbara, EUA.

O livro de Vallianatos reporta-se a um crime do passado que ainda nos afecta actualmente (...). Revela a história censurada do conflito entre o Cristianismo e a antiga cultura grega ("Jerusalém versus Atenas") na Antiguidade tardia. Embora a "conversão" dos Gregos seja tradicionalmente apresentada como pacífica e piedosa, foi de facto uma conquista sangrenta e brutal, em que monges cristãos (e até Godos) foram apoiados pelos imperadores romanos cristãos na tentativa de forçar a assimilação dos Gregos num império latino judaizado. Para Vallianatos, os Gregos resistiram ao Cristianismo durante séculos. Na guerra contra os Gregos, os cristãos rotularam os Gregos como "pagãos" e, em nome do "combate ao Paganismo", desfiguraram e destruíram templos, academias, esculturas e arte, em suma, a cultura grega. Vallianatos defende bem o seu ponto de que a "conversão" dos Gregos foi, de facto, uma conquista e usurpação não menor do que a posterior conquista turca.

Vallianatos contrasta os valores helénicos com os valores cristãos, arte e governo. Os Gregos valorizavam a Democracia, a Liberdade, a Piedade (rigor religioso) e a luta pelo bem, pelo corajoso, pelo belo. Em suma, tinham apreciação e entusiasmo pela vida. Zeus é um Deus bom. Os cristãos valorizavam a austeridade, a dureza, o conformismo, o dogma, o despotismo, o pecado e o inferno, a exploração da culpa e do medo, a intolerância, um ódio pela literatura, filosofia e arte gregas; um culto da morte, com vida apenas "após a morte". O Deus judaico-cristão é um Deus ciumento.
Para Vallianatos, a Grécia actual está ainda colonizada pelo pensamento cristão medieval. O Cristianismo é a religião de Estado na Grécia. O clero é uma classe burocrática, mantida pelo contribuinte, que resiste à restauração educacional e arqueológica da cultura antiga grega. Conclui por isso que o Cristianismo tem de ser afastado do governo e do sistema educacional e que muitas das extensas propriedades da Igreja deveriam ser confiscadas para ajudar a financiar a devida Renascença Grega, restituindo o Helenismo à Grécia.
Há muito para comentar no livro inovador e controverso de Vallianatos. Ele é seguramente um nacionalista grego com um preconceito abertamente etnocêntrico. Todavia, desafia os actuais líderes a reaprender a sabedoria e tolerância dos antigos Gregos para ajudar-nos a livrar-nos de escolhas desastrosas, baseadas nas ideologias religiosas monoteístas, que levaram à actual crise do mundo de hoje. Ao incitar-nos a retornar ao racionalismo e à tolerância dos antigos Gregos em vez de à superstição e intolerância do Cristianismo, creio que Vallianatos deu uma contribuição valiosa para a questão da Ciência-versus-Religião, tão proeminente hoje em dia.

Robert Arango.

Já agora, deve também saber-se que por exemplo «São» João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla no século IV, chegou ao ponto de querer proibir os nomes próprios pagãos, para melhor exercer a completa lavagem cerebral cristã:

«Ninguém deve dar aos filhos os nomes dos ancestrais (gregos), seja o nome do pai, da mãe, do avô ou do bisavô, mas em vez disso devem escolher os nomes dos justos (do Antigo Testamento).»

Isto é o totalitarismo puro levado ao extremo do pormenor: erradicar por completo todos os vestígios da identidade pagã, separar por isso uma geração inteira da geração dos seus imediatos antecessores, como o próprio Jesus dizia - «eu vim trazer a guerra e a divisão, virar pai contra filho, filha contra mãe (etc.)».

E foi por estas e por outras que o Ocidente ficou pejado de José, Josués, Joões, Miguéis, Manuéis, enfim...

É mais uma achega para se descobrir o essencial da verdadeira História da Europa, entender-se a raiz dos principais males que ameaçam de morte o actual Ocidente e tomar-se consciência de qual é a mais autêntica identidade religiosa e espiritual das gentes europeias.

O magnífico Panteão, templo romano usurpado pela Cristandade e transformado em igreja.