sábado, outubro 18, 2008

NOVA INQUISIÇÃO VIGIA RESIDÊNCIAS PRIVADAS

Anúncio após anúncio, a jovem brasileira ouve sempre a mesma resposta: «O quarto já está arrendado». Há até quem lhe exija um comprovativo da universidade em como é estudante. Mas a Lusa descobriu que quando o sotaque é português aqueles quartos estão livres.
São cerca de três mil os brasileiros a estudar no ensino superior em Portugal. Os que não têm familiares ou amigos a viver no país atravessam sérias dificuldades para conseguir arrendar um quarto ou uma casa. As raparigas são associadas à prostituição e os rapazes à criminalidade. Há quem acuse os portugueses de «um racismo camuflado».
Maria (nome fictício) sabe, por experiência própria, que as brasileiras têm grande dificuldade em arrendar quartos, mas nada disso a faz desistir de procurar casa em Lisboa ou abdicar do sonho de viver em Portugal.
«Sim, ainda está livre, mas vai ficar no fim da lista e aviso-lhe já que será muito difícil ficar com ele. Há muita gente para ver o quarto e vão ficar à sua frente», é a resposta que ouve do outro lado do telefone.
Passados alguns minutos, a Lusa liga para o mesmo número e o discurso mudou: «Tenho um quarto muito bom que pode ficar em 250 ou em 300 euros, caso opte por ter tratamento de roupa».

Associadas à prostituição
Depois de cinco telefonemas, em que o sotaque brasileiro impediu a estudante de conseguir um quarto, surge finalmente alguém disposto a recebê-la. Mas com uma condição: «Tem de trazer um comprovativo da faculdade em como está a estudar».
«Temos vários relatos de pessoas a quem pediram documentos a mais. E sobre as brasileiras existe um grande preconceito de que possam ser prostitutas e não estudantes», criticou Luís Ricardo Ferreira, presidente da Associação Académica de Aveiro.
Heliana Bibas, da Casa Brasil, reconhece que já foram «mais bem recebidos» e que «em alguns casos a situação tem vindo a piorar», tudo porque «existe um estereótipo do papel do emigrante e uma associação da brasileira à prostituição».
Normalmente, acabam por conseguir casa através da rede de amigos ou familiares já instalados em Portugal, «não recorrendo tanto ao arrendamento clássico», explicou o presidente da Associação de Estudantes da Universidade de Lisboa, Paulo Pinheiro.

Racismo camuflado
Nas cidades universitárias, como Évora, existem residências só para brasileiros e outras só para africanos, outra das comunidades vítimas de discriminação praticada por senhorios.
«Esta situação é antiga e a recusa é permanente. Já houve várias queixas mas não se consegue fazer nada. Trata-se de casos aberrantes da prática de racismo neste país. Em Portugal existe um racismo camuflado», acusou Fernando Cá, presidente da Associação Guineense de Solidariedade Social.
«Há um anúncio de um quarto e quando ligam para lá dizem que está livre, mas quando lá aparecem os senhorios dizem que já está ocupado. Mas se ligarmos passada meia hora está livre. Tudo devido à cor da pele», alertou.
Segundo Luís Ricardo Ferreira, presidente da Associação Académica de Aveiro, a justificação dada pelos senhorios passa pelo barulho que a comunidade africana faz, apesar de «os portugueses fazerem exactamente o mesmo».
Já o presidente da Federação Académica do Porto, Ivo Santos garante que no Porto não existem preconceitos raciais e recorda que vários africanos já aderiram ao Programa Aconchego, em que um idoso acolhe gratuitamente em sua casa um universitário.
A Lusa ligou para sete anúncios de quartos no Porto e a situação não foi tão gritante como em Lisboa, já que apenas dois mudaram a história consoante o sotaque do «estudante»: num dos casos a inquilina disse que ligava mais tarde, o que nunca aconteceu, e no outro disse que não tinha quartos, mas para a Lusa já tinha «um quarto bom e grande com casa-de-banho privativa».


Ou seja, o português comum, que resiste agora e esperemos que sempre à lavagem cerebral anti-racista, exerce o seu direito de alugar quartos a quem quer - mas a Nova Inquisição, a chusma inquisitorial anti-racista, está de tal modo convencida da obrigatoriedade moral da sua aberrante doutrina que se atreve a querer vigiar e de algum modo punir quem não quer deixar entrar alienígenas em sua casa.

Este é pois um caso nítido e até paradigmático de totalitarismo: a atitude de querer condicionar de tal modo a vivência nacional que chega até a violar a esfera do privado.

3 Comments:

Blogger Silvério said...

Eles não falam é daqueles anúncios que existem afixados por Lisboa que dizem aluga-se só a brasileiros.

19 de outubro de 2008 às 10:24:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Exactamente - e às claras, tal é a impunidade que o anti-racismo confere.

19 de outubro de 2008 às 14:14:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Chegou-se pois à vergonhosa situação de o Português, na sua própria terra, não poder declarar livremente que só quer nacionais em sua própria casa.

19 de outubro de 2008 às 14:15:00 WEST  

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