segunda-feira, agosto 04, 2008

FALECIMENTO DE ALEKSANDR ISAYEVICH SOLZHENITSYN

Morreu ontem Aleksandr Isayevich Solzhenitsyn, famoso autor de «O Arquipélago de Gulag». Salientou-se no campo da ideologia e da política ao denunciar com conhecimento de causa (foi prisioneiro num gulag) a monstruosidade ateia do Comunismo, totalitário por natureza, considerando-o muito mais repressor do que o regime dos czares ou do que qualquer outro da História, inimigo de todas as culturas e de todas as identidades, sobretudo da russa, pois que, a seu ver, o Estado comunista de Moscovo só usou o Nacionalismo russo como ferramenta para a defesa e para a expansão militar soviética.
Na mesma linha de militância anti-comunista, criticou os pacifistas que se opuseram à guerra do Vietname, acusando-os de terem indirectamente causado o genocídio de que as populações do sudeste asiático padeceram por obra das forças comunistas.

A respeito do Ocidente, apontou a tibieza em que caíram Europeus e Norte-Americanos, incapazes de enfrentar os verdadeiros terroristas e todavia sempre prontos para se mostrarem valentes e justiceiros para com aqueles que mal nenhum lhes fazem. Podem ler-se aqui, num discurso que proferiu em Harvard no ano de 1979, mais pormenores sobre o seu ponto de vista a respeito do tema. O texto foi editado em Portugal sob o título de «O Declínio da Coragem» e já aqui o citei por diversas vezes.

A seu ver, o grande mal do Ocidente e do Leste era essencialmente o mesmo: uma cultura de agnosticismo e de ateísmo, ao que chamava a «calamidade de consciência humanista irreligiosa».

Mais recentemente, condenou o bombardeamento da Sérvia levado a cabo por forças da OTAN, comparando-as às de Hitler.
E, no meio da sua crítica ao ateísmo, ao comunismo, à perda de valores, apelou sempre a uma aliança entre a Rússia e o Ocidente.

Fina-se agora o emissor, mas a mensagem perdura. Passa-se o testemunho, dá-se continuidade, na medida em que for útil, ao legado de quem teve coragem e discernimento para pôr o dedo na ferida.