segunda-feira, novembro 19, 2007

MAIS UMA VEZ, A MERDA DA ELITE TUGA A TRAIR A DIGNIDADE E OS INTERESSES DA NAÇÃO


Ausência de debate, precipitação e imponderação são alguns dos reparos feitos pela SPA e a APEL no momento em que se sabe que o Governo pretende ratificar em breve o Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico.
(...)
«Nenhuma instituição do estado, ou que o represente» disse «nada a ninguém», assinalou à Lusa José Jorge Letria, precisando que, por exemplo, a cooperativa de cuja direcção faz parte «não tem conhecimento do que vai ser ratificado».
No mesmo sentido se pronunciou Baptista Lopes, presidente da APEL, ao considerar «fundamental que tudo seja analisado e discutido».
(...)
A José Jorge Letria «surpreende e preocupa» verificar que os ministérios da Cultura e da Educação, «estruturantes» neste processo, como salienta, «não foram tidos nem achados» no debate.
O processo é conduzido pelo MNE e este, critica o escritor, «deixa de fora» instituições que nele deviam estar directamente envolvidos - não apenas a SPA, mas também a APEL, a União de Editores Portugueses, UEP, a Associação Portuguesa de Escritores, APE.
Tem de haver, reclama, «ponderação e debate antes de ratificar de uma forma que nos parece mecanicista».
Também Baptista Lopes pensa assim. «Editoras, autores, investigadores, etc.» devem participar, advoga. «Devíamos - insiste - ser convocados para alguma participação, alguma reflexão sobre o tema, de modo a que não seja apenas a maioria parlamentar, e sem quebra da sua legitimidade, evidentemente, a fazê-lo».
Os dois responsáveis estão convencidos de que os interesses de Portugal nesta matéria não estão a ser devidamente tidos em conta e alertam para os riscos.
Para além das «implicações óbvias» no mundo editorial, são os próprios interesses nacionais que estão em causa, na avaliação de ambos.
José Jorge Letria entende que «tudo foi feito de forma desfavorável para a parte portuguesa».
Para Baptista Lopes, ao cabo de anos de «paragem», tudo agora «caiu do céu aos trambolhões».
«Não são apenas os interesses das editoras [que estão em causa], são os do país, são os interesses da preservação da nossa língua», disse o presidente da APEL.
Relativamente aos 10 anos de moratória para a entrada em vigor do Acordo Ortográfico que Portugal vai pedir - como há dias anunciou a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, na Assembleia da República - Letria observa: «Dá a ideia de que o ministério da Cultura se apercebe da delicadeza da questão e tenta ganhar tempo em relação à aplicação da norma».

(...)

Apele-se ao boicote do novo acordo ortográfico.

4 Comments:

Blogger Treasureseeker said...

Caturo,eu penso que esta decisão bem como a forma como todo este processo tem vindo a ser conduzido demonstra um certo "autismo",por sinal grave,da parte da classe governante,visto que não tem tido em conta nem o parecer de entidades legítimas e coerentes,casos da APEL e da SPA,nem a especificidade da língua falada e escrita em Portugal,que sendo,digamos,a "mãe" filológica de milhões de falantes,mereceria ter esta questão tratada de outra forma.Mais respeitosa e séria.

O prazo estipulado para a entrada em vigor do novo Acordo,também,a meu ver,não é realista.Desconheço que critérios de pesquisa e investigação tiveram lugar com o propósito de implementar semelhante tratado,e desconheço,de igual modo,as referências que nortearam as comissões de trabalho nomeadas pelo Governo.Não tenho assim tanta fé que o ensino,a leitura e,quem sabe,a própria linguagem falada no nosso país irá ser afectada positivamente,e isto em nome de quê,para servir que tipo de interesses?

A forma básica e essencial do Português ministrado nos nossos estabelecimentos de ensino(situação que a mim diz particularmente respeito)vai acabar por sofrer,a médio prazo,já não irei tão longe,amputações e descaracterizações de toda a sorte,que no fim,acabaremos a julgar se não teriamos,no final de contas,feito melhor em sermos um poucochinho só,mais inflexíveis e ciosos da nossa forma de viver a nossa língua materna...
Dou toda a razão e mais alguma,a José Jorge Letria e aos representantes das associações livreiras e editoriais,que se queixam de prepotência e falta de comunicação e diálogo por parte de quem deveria assumir uma postura dialogante,elucidativa e verdadeiramente democrática.

19 de novembro de 2007 às 16:21:00 WET  
Blogger Caturo said...

Ora nem mais, cara amiga. Este acto é completa e rigorosamente rasca em todas as acepções da palavra: é mutilador, é bastardizante, é subserviente, é derespeitador, é tirânico, é saloio (os Ingleses e os Norte-Americanos, por exemplo, não se chateiam por falarem e escreverem de modo diferente, só a gentinha reles e parola cá do burgo é que acha que só se pode falar duma maneira) é, enfim, a congregação dos piores aspectos da tugaria, uma autêntica vergonha.

Que seja perpetrado por gente com poder e influência só indica o estado visceralmente miserável do País - o sintoma é nítido e típico, o diagnóstico não falha, a cura só pode fazer-se por meios drásticos.

19 de novembro de 2007 às 16:28:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

O Caturo de vez em quando arranja umas causas com que até estou de acordo. Esta é uma delas.
Subscrevo incondicionalmente o apelo ao boicote a este absurdo que é o acordo ortográfico.

19 de novembro de 2007 às 16:45:00 WET  
Blogger Silvério said...

Eu também já tinha visto no jornal e pensei logo em boicotar, mesmo com erros ortográficos e tudo. :D

O engraçado é que o brasileiro só muda 0,4% e o português muda 1,6%. Se tivessem muito que fazer não andavam a dar-se ao trabalho de mexer com a língua, isto é mesmo de quem tem de inventar trabalho, ou então... de quem tem segundas intenções.

19 de novembro de 2007 às 22:06:00 WET  

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