terça-feira, outubro 30, 2007

BATALHA DO SALADO - DIVULGUE-SE

O dia trinta de Outubro merecia bem um feriado, visto que nesta data se travou uma das pelejas mais relevantes e significativas da História da Ibéria e da Europa: a Batalha do Salado.

Vale a pena ler com atenção o sucinto e valioso artigo da Wikipédia (texto a itálico; o negrito e a cor são da minha responsabilidade):

A Batalha do Salado foi travada a 30 de Outubro de 1340, entre Cristãos e Mouros, junto da ribeira do Salado, na província de Cádis (sul de Espanha).

História
Abul-Hassan, rei de Fez e de Marrocos, aliado com o emir de Granada, decidira reapossar-se a todo o custo dos domínios cristãos, e as forças muçulmanas já haviam entrado em acção contra Castela. A frota do prior de S. João do Hospital, almirante castelhano, que tentara opôr-se ao desembarque dos Mouros, foi completamente destroçada por uma tempestade, e esse desastre obrigou Afonso XI de Castela a humilhar-se, mandando pedir à esposa - a quem tanto desrespeitara com os seus escandalosos amororos com Leonor de Gusmão - que interviesse junto de seu pai, o rei português Afonso IV de Portugal, para que este enviasse uma esquadra de socorro.

Estava D. Maria recolhida num convento em Sevilha e, apesar dos agravos que sofrera, acedeu ao pedido. Todavia, Afonso IV, no intuito de humilhar ainda mais o genro, respondeu ao apelo dizendo, verbalmente, ao enviado da filha, que se o rei de Castela precisava de socorro o pedisse directamente. Vergando o seu orgulho ao peso das circunstâncias, Afonso XI de Castela repetiu pessoalmente - por carta - o pedido foi feito, e o soberano português enviou-lhe imediatamente uma frota comandada pelo almirante genovês Manuel Pessanha (ou Pezagno) e por seu filho Carlos. Mas era cada vez mais desesperada a situação de Afonso XI, a quem o papa censurava asperamente.

Além da frota portuguesa, Castela recebia um reforço de doze galés cedidas pelo rei de Aragão, mas tudo isto nada era em comparação com o número incontável dos contingentes mouros. O rei de Granada, Yusef-Abul-Hagiag, tomou em Setembro de 1340 o comando das tropas, às quais pouco depois se juntou, em Algeciras, um formidável exército sob as ordens de Abul-Hassan. A ameaça muçulmana era apavorante - os Mouros, embora repelidos nas primeiras tentativas de ataque a Tarifa, não deixavam prever a possibilidade de vantagens futuras para as hostes cristãs.

Reconhecendo quanto lhe seria útil a ajuda efectiva do rei de Portugal, Afonso XI de novo rogou a intervenção de D. Maria. Esta acedeu uma vez mais e foi-se encontrar com D. Afonso IV, em Évora. O soberano português atendeu as súplicas da filha, e logo esta foi dar a boa notícia a seu marido, que, ansioso, a fora esperar a Juromenha.

D. Afonso IV reuniu então em Elvas o maior número possível de cavaleiros e peões, e à frente do exército, que ía aumentando durante o caminho com os contingentes formados em vários pontos, dirigiu-se a Espanha, onde por ordens do genro foi recebido com todas as honras. Em Sevilha, o próprio Afonso XI acolheu festivamente o rei de Portugal e sua filha, a rainha D. Maria. Ali se desfizeram, quanto menos momentaneamente, os ressentimentos de passadas discórdias.

Assente entre os dois monarcas o plano estratégico, não se demoraram em sair de Sevilha a caminho de Tarifa, tendo chegado oito dias depois a Pena del Ciervo onde se avistava o extensíssimo arraial muçulmano. Em 29 de Setembro, reunido o conselho de guerra, foi decidido que Afonso XI de Castela combateria o rei de Marrocos, e Afonso IV de Portugal enfrentaria o de Granada. Afonso XI designou D. João Manuel para a vanguarda das hostes castelhanas, onde íam também D. João Nunes de Lara e o novo mestre de Sant'Iago, irmão de Leonor de Gusmão. Com D. Afonso IV viam-se o bispo de Braga, o prior do Crato, o mestre da Ordem de Avis e muitos denodados cavaleiros.

No campo dos cristãos e dos muçulmanos tudo se dispunha para a batalha, que devia travar-se ao amanhecer do dia seguinte. A cavalaria castelhana, atravessando o Salado, iniciou a peleja. Logo saiu, a fazer-lhe frente, o escol da cavalaria muçulmana, não conseguindo deter o ataque. Quase em seguida avançou Afonso XI, com o grosso das suas tropas, defrontando então as inumeráveis forças dos Mouros. Estava travada, naquele sector, a ferocíssima luta. O rei de Castela, cuja bravura não comportava hesitações, acudia aos pontos onde o perigo era maior, carregando furiosamente sobre os bandos árabes até os pôr em debandada.

Nessa altura a guarnição da praça de Tarifa, numa surtida inesperada para os Mouros, caía sobre a retaguarda destes, assaltando o arraial de Abul-Hassan e espalhando a confusão entre os invasores. No sector onde combatiam as forças portuguesas, as dificuldades eram ainda maiores, pois os mouros de Granada, mais disciplinados, combatiam pela sua cidade sob o comando de Yusef-Abul-Hagiag, que via em risco o seu reino. Mas D. Afonso IV, à frente dos seus intrépidos cavaleiros, conseguiu romper a formidável barreira inimiga e espalhar a desordem, precursora do pânico e da derrota entre os mouros granadinos. E não tardou muito que numa fuga desordenada, africanos e granadinos abandonassem a batalha, largando tudo para salvar a vida. O campo estava juncado de corpos de mouros vítimas da espantosa mortandade.

E o arraial enorme dos reis de Fez e de Granada, com todos os seus despojos valiosíssimos em armas e bagagens, caiu finalmente em poder dos cristãos, que ali encontraram ouro e prata em abundãncia, constituindo tesouros de valor incalculável. Ao fazer-se a partilha destes despojos, assim como dos prisioneiros, quis Afonso XI agradecer ao sogro, pedindo-lhe que escolhesse quanto lhe agradasse tanto em quantidade como em qualidade. Afonso IV, porém num dos raros gestos de desinteresse que praticou em toda a sua vida, só depois de muito instado pelo genro escolheu, como recordação, uma cimitarra cravejada de pedras preciosas e, entre os prisioneiros, um sobrinho do rei Abul-Hassan. A 1 de Novembro ao príncipio da tarde, os exércitos vencedores abandonaram finalmente o campo de batalha, dirigindo-se para Sevilha onde o rei de Portugal pouco tempo se demorou, regressando logo ao seu país.

Pode-se imaginar sem custo a impressão desmoralizadora que a vitória dos cristãos, na Batalha do Salado, causou em todo o mundo muçulmano, e o entusiasmo que se espalhou entre o cristianismo europeu. Era ao cabo de seis séculos, uma renovação da vitória de Carlos Martel em Poitiers. Afonso XI para exteriorizar o seu regozijo, apressou-se a enviar ao Papa Benedito XII uma pomposa embaixada portadora de valiosíssimos presentes, constituídos por uma parte das riquezas tomadas aos mouros, vinte e quatro prisioneiros portadores de bandeiras que haviam caído em poder dos vencedores, muitos cavalos árabes ricamente ajaezados e com magníficas espadas e adagas pendentes dos arções, e ainda o soberbo corcel em que o rei castelhano pelejara.

Quanto ao auxílio prestado por Portugal, que sem dúvida fora bastante importante para decidir a vitória dos exércitos cristãos, deixou-o Benedito XII excluído dos louvores que, em resposta, endereçou a Afonso XI em consequência da opulenta «lembrança» enviada pelo rei de Castela. D. Afonso IV, que durante o seu reinado praticou as maiores crueldades, ficaria na História com o cognome de «o Bravo», em consequência da sua acção na Batalha do Salado.

Topa-se porque é que nunca se salienta a importância central, em poderio político-militar e em desempenho marcial, que Portugal teve neste confronto de alto valor simbólico para a Europa - os Castelhanos, por natural arrogância e, diga-se em abono da verdade, compreensível egocentrismo; os outros estrangeiros, porque pura e simplesmente desconhecem o que se passou ou consideram a Ibéria como sendo de menor importância; quanto aos tugas historiadores e contadores de histórias, dividem-se quase sempre em dois grupos: o dos patriotas à moda antiga que, por força do seu anti-espanholismo, não têm interesse em enaltecer um feito de armas no qual Portugueses e Castelhanos estiveram unidos; os da politicagem correcta, mais «civilizados» e «subtis», que não ligam nada a essas coisas de espírito épico e nutrem deleitosa preferência por «desmistificar a glória portuguesa propagandeada pelo Estado Novo» ou uma merda assim, bem como em mostrar ao Zé Povinho que ele sempre foi coitadinho, pequenino, pobrezinho, que teve foi muita sortezinha em ter por cá os Árabes que lhe ensinaram a navegar, e em ser bem recebido por muitos povos escurinhos, e que quando enfrentou os mais fracos cometeu crueldades cobardes mas que, «felizmente, se misturou muito, criando o mulato»...

Passando por cima de tal escória e deprimente maralhal, nunca é demais lembrar o exemplo de D. Afonso IV, que, quer pela coragem em combate, quer pela sobriedade distante e desapegada com que tratou o saque de guerra, fez curiosamente lembrar o estilo e a postura de Viriato (estará isto no sangue luso, esta falta de interesse por riquezas?...)...

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

sangue luso? lol
nao te esqueças que os Reis eram descendentes dos nobres galegos e germanicos.

Sangue luso era coisa que nao havia pelos reis e nobreza

31 de outubro de 2007 às 14:28:00 WET  
Blogger Caturo said...

Como sabes? Fizeste testes genéticos a essa gente toda?

Ignoras que:
- luso quer dizer «português», é mais abrangente do que «lusitano»;
- havia uma nobreza local pré-germânica;
- sangue galego ou lusitano é a mesma coisa.

31 de outubro de 2007 às 14:42:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

lol nem luso nem galego

pela arvore genealogica http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rvore_geneal%C3%B3gica_dos_reis_de_Portugal

é mas é muito sangue castelhano, aragonês e catalão lololol voces são demais

"(estará isto no sangue luso, esta falta de interesse por riquezas?...)..."

corrigindo:
estará isto no sangue ibero, esta falta de interesse por riquezas?

31 de outubro de 2007 às 16:30:00 WET  
Blogger Caturo said...

Esqueces que as Astúrias, Leão, Galiza, eram regiões célticas indo-europeias onde a romanização foi menos forte, a germanização mais superficial ainda.

Por isso, completo: Galego, Lusitano, Astur-Leonês, Aragonês (zona da Cantábria), tem tudo a mesma ou similar origem étnica.

31 de outubro de 2007 às 17:00:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Lá estão os tripeiros a querer ficar com os louros. São sempre os mesmos merdas.

31 de outubro de 2007 às 17:25:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

o 2 anonimo nao sei se era um tripeiro ou um iberista

31 de outubro de 2007 às 18:06:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Visigodo és tao burrinho.

Se há algum iberismo neste post, esse é do lado do Caturo.
O teu trauma com tripeiros é muito forte

Não desesperes, talvez daqui a 200 anos os mouros tornem a ser campeoes europeus, nao percas a esperança

31 de outubro de 2007 às 19:13:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Oh Caturo, uma coisa tu não podes negar. Não estava lá nem um unico pagão.

1 de novembro de 2007 às 21:51:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Olha lá está o gajo que tem pesadelos com o visigodo!

Mas que granda pancada.

É só rir!!!

2 de novembro de 2007 às 09:09:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Por isso, completo: Galego, Lusitano, Astur-Leonês, Aragonês (zona da Cantábria), tem tudo a mesma ou similar origem étnica."

Aragonês não é a zona da Cantábria, é Aragão, de influencias Bascas e Catalãs.

Bem, mas se metes Cantábria na lista, então também tens de meter Castela, pois esta nasceu da Cantábria e tens de meter também Andaluzia.
Enfim, somos todos o mesmo povo, somos todos Iberos, todos lusitanos.

Galegos, Cantabros, Lioneses, Castelhanos, Andaluzes, Aragão são todos Lusos. So falta mesmo a Catalunha ser lusa também.

2 de novembro de 2007 às 15:27:00 WET  
Blogger Caturo said...

Oh Caturo, uma coisa tu não podes negar. Não estava lá nem um unico pagão.

Pois... e nas batalhas de Maratona e Salamina, e na destruição de Cartago, também não havia um único cristão...

2 de novembro de 2007 às 15:36:00 WET  
Blogger Caturo said...

Aragonês não é a zona da Cantábria, é Aragão, de influencias Bascas e Catalãs

Aragão é vizinho da Cantábria.



Bem, mas se metes Cantábria na lista, então também tens de meter Castela, pois esta nasceu da Cantábria e tens de meter também Andaluzia.

Nem por isso. A Andaluzia tinha um substracto menos indo-europeu.


Enfim, somos todos o mesmo povo, somos todos Iberos, todos lusitanos

Lusitanos, Galaicos, Celtici, Vetões, Vaceus, Ástures, Cântabros, Celtiberos, Lusones, eram realmente todos indo-europeus, étnica e culturalmente aparentados entre si.


Galegos, Cantabros, Lioneses, Castelhanos, Andaluzes, Aragão são todos Lusos

São todos etnicamente parentes. Qual é a dúvida? Sucede, entretanto, que a proximidade entre Galaicos e Lusitanos é maior do que entre qualquer destas duas nações e qualquer outra nação ibérica.

2 de novembro de 2007 às 15:39:00 WET  

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