terça-feira, agosto 14, 2007

PORTUGAL TEM O PIOR FOSSO SALARIAL ENTRE RICOS E POBRES

O fosso entre ricos e pobres atingiu uma dimensão inédita em Portugal.
Contrariando a tendência europeia, Portugal piora o seu fosso, que já era o maior.

As diferenças salariais entre administradores e restantes trabalhadores podem explicar o agravamento das desigualdades, avança o «Jornal de Negócios».

«Portugal não pode continuar a ser um dos países europeus em que a pobreza e a desigualdade entre os que trabalham é maior». A afirmação consta do programa do Governo, mas os mais recentes dados estatísticos sugerem que o País detém e vai continuar a deter aquele que é um dos recordes menos cobiçados do mundo desenvolvido.

Contrariando a tendência europeia, Portugal é hoje não apenas o «campeão», mas também o Estado-membro da União Europeia onde as disparidades de rendimento mais se acentuaram nos últimos anos.

Portugal apresentavam rendimentos mais de oito vezes (8,2) superiores aos dos 20% mais pobres, quando na UE a distância não chega a ser multiplicada por cinco. Ou seja, o fosso que separa ricos e pobres por cá é quase duas vezes mais profundo do que na Europa.

Ainda se fosse possível dizer que o capitalismo selvagem estava a fazer das suas em toda a Europa, criando abismo crescente entre ricos e pobres...
Mas não.
É agora mais evidente do que nunca esta vergonha cuja explicação não deriva do estado económico do País em si mas sim da pura e simples canalhice da «elite» tuga, frequentemente estrangeirada e cosmopolita, que despreza os Portugueses em geral e quase que acha natural dar trato abaixo de cão ao «povinho».
Esta vileza parece alimentada por todos os lados, desde o subserviente tratamento por «Sô doutor» por tudo e por nada (até boa parte da saloiada que telefona para o fórum da TSF trata a jornalista por «Dra.», completamente a despropósito) até ao paternalismo asqueroso com que o médico trata o paciente em hospitais públicos.
Deve a este propósito lembrar-se, porque nunca é demais fazê-lo, que é ao nível das elites sócio-económicas que se encontra mais gente com a opinião de que os políticos portugueses são mal pagos e que era preciso oferecer-lhes melhores salários para «atrair os competentes», como se a Política fosse subordinável à Economia, como se o Estado fosse uma empresa como outra qualquer, como se fosse naturalíssimo pôr no mesmo patamar o trabalho para o bolso e o trabalho em prol da Pátria, como se a diferença de salários não fosse já suficientemente obscena. O primeiro-ministro tuga tem um ordenado superior ao seu homólogo espanhol, enquanto o ordenado mínimo espanhol é mais elevado do que o português. Isto é um indicador perfeitamente terceiro-mundista. Mas a elite sócio-económica, sempre tão trocista e altaneira para com o povinho «sub-desenvolvido», diz que «lá fora» é que se vive civilizadamente, considera que é de bom tom mostrar-se incomodada com a música «pimba», com o mau aroma nos autocarros, com o garrafão de cinco litros de tinto na praia, mas não se mostra nada incomodada nada com a abjecta distância salarial, que, aliás, até quer ver aumentada, embora não o diga, isto genericamente falando.
Testemunho disto mesmo foi a inesquecível tirada do socialista Almeida Santos que, quando era presidente da Assembleia da República, achou por bem dizer em público, sem se rir, que os deputados portugueses tinham um vencimento baixíssimo, que qualquer dia até precisariam de viver de esmolas... infelizmente, não houve nenhum jornalista com coragem ou presença de espírito para lhe perguntar como pensava ele que viviam os portugueses que ganhavam menos de um quarto do salário dos seus compadres de poleiro. Porque viver num país com os indicadores salariais de Portugal e dizer que quem aufere ordenados de político precisa de ter um aumento no vencimento, é, automaticamente, deixar implícito que os (milhões de) cidadãos que recebem salários de miséria são, sabe-se lá, uma espécie de unidades vivas sub-humanas, feitas para trabalhar, a quem basta dormir numas catacumbas e comer uns caldos de galinha com uns percevejos pelo meio enquanto ouve umas musiquetas de feira.
Argumentar-se-á que a produtividade nacional e o nível de profissionalismo e instrução dos trabalhadores portugueses é muito mais baixo do que o dos seus congéneres europeus.
Mas, em sendo assim, porque é que esses trabalhadores portugueses, mal letrados e pouco produtivos, recebem no estrangeiro ordenados decentes, iguais aos dos seus colegas europeus, e mais, são até geralmente bem cotados no mercado laboral?
É assim que se vê a verdadeira miséria de um país - uma elite divorciada do Povo e um Povo que se deixa maltratar, e que «lá vem andando, menos mal, uns dias melhor e outros pior».

19 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Argumentar-se-á que a produtividade nacional e o nível de profissionalismo e instrução dos trabalhadores portugueses é muito mais baixo do que o dos seus congéneres europeus.

Em toda a Europa há trabalhadores sem quisquer qualificações. Em nenhum país da Europa, porém, se paga a esses trabalhadores uma abjecção como o nosso salário mínimo.
Portanto, o problema radica não na qualificação ou falta dela, mas sim, e como diz muito bem o autor do texto, numa mentalidade aviltante dos que nos (des)governam, segundo a qual o assalariado é um capacho que deve manter a boca calada e esfalfar-se até cair de cangalhas a troco de uma malga de sopa. Ou não tivesse sido neste país que se escreveu a célebre quadra:

Quatro coisas quer o amo
Do criado que o serve
Deitar tarde e erguer cedo
Comer pouco e andar alegre.

Devia falar destes temas com mais frequência...

14 de agosto de 2007 às 18:05:00 WEST  
Blogger Caturo said...

A verdade é que não me agrada muito falar nestas coisas, primeiro porque a economia não é um dos meus temas favoritos, segundo porque gosto de pensar que vivo num país civilizado a sério e estas «chamadas» à realidade irritam-me um bocado, sobretudo quando me lembro de como falhou aquilo que seria talvez uma esperança para Portugal, que era a iniciativa de impor um salário mínimo europeu:
http://www.eurofound.europa.eu/eiro/2005/05/inbrief/de0505203n.html

Em resultado desse falhanço, os trabalhadores portugueses deviam juntar-se todos num abaixo assinado intitulado «Srs. Eurodeputados estrangeiros, por favor salvem-nos da nossa elite filhadaputesca, é que se não forem vocês ninguém nos vale, eles comem-nos vivos, e nós entretanto também não temos tomates para paralisar o País a sério até que os ordenados sejam decentes.»

14 de agosto de 2007 às 18:27:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Hei-de criar uma petição nesses moldes... Obrigado pela ideia!

14 de agosto de 2007 às 18:29:00 WEST  
Blogger Silvério said...

Eu acho que isto só mostra como Portugal é o país mais avançado da Europa, porque isto é o futuro.

14 de agosto de 2007 às 19:56:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Já agora, deixem-me apresentar estes dados, transmitidos há uns minutos na RTP 1:
Homem mais rico de Portugal: Belmiro de Azevedo, fortuna avaliada em 2.989,3 mil milhões de Euros, duplicou a fortuna no último ano.
2º-Américo Amorim: 2.784,4 mil milhões de Euros.
3º-José manuel de Melo: 2.197,6 mil milhões de Euros.
Até Luís Filipe Vieira, aparece em 75ª com 149,3 Mil milhões de Euros.
No conjunto, as 100 famílias mais ricas de Portugal, enriqueceram 35,8% nos últimos 12 meses, correspondendo a 22,1% do PIB com um total de 34.000 milhões e Euros.
Nada mal, para um País em que uma boa parte da população está cada vez mais pobre, e andava o coitado do Zeca Afonso, no "tempo da outra senhora", a cantar:
..."Eles comem tudo
e não deixam nada"...

O que é cantaria hoje:
..."É tão boa a "democracia",
que o Povo já anda todo
de barriga vazia"...???

Pois é meus amigos, por isso é que era necessária que houvese um Partido Nacionalista a sério, menos preocupado em andar a "bater" nos imigrantes, que são tão vítimas como nós, e mais em cima destas situações vergonhosas de desfasamento social, que, cada vez nos colocam, não ao nível do Terceiro Mundo, mas já ao nível de um 4º..
Vós sois na maioria muito jovens e não tem a noção da ansiedade que os jovens dos anos 60/70 tinham por um futuro mais risonho, acreditavam que um regime democrático, viria trazer melhorias para o Povo, por isso acreditaram (como eu, aliás), no 25 de Abril de 1974, era a esperança de uma vida diferente, mais justa , mais tranquila, se possível sem as guerras em África, as quais para dizer a verdade, não eram bem vistas pela Juventude da época (até porque sempre foram mal explicadas, e porque também havia "outras coisas"), enfim todos tivemos imensas esperanças, foi Sol de pouca dura, a maioria dos que fizeram esse golpe militar, não só porque tinham ideais políticos diferente, como ainda tentaram mas foi "acomodarem-se" conforme podiam (para ser o mais brando possível), auto-promoveram-se a Coronéis, a Generais, etc., e iniciaram uma luta ao serviço dos partidos a que mais ou menos estavam ligados,
levando-nos quase a uma guerra civil (esteve por pouco). Curiosamente, aqueles que eles acusavam de capitalistas e exploradores do Povo, aí estão eles novamente, juntamente com mais uns tantos que em poucos anos formaram fortunas fabulosas, e nós (o mexilhão), acabamos pior do que estavamos antes, não tardando muito a termos aí nova polícia política, muito mais dura do que a anterior, pois o povo entretanto já "provou" um pouco de Liberdade.
Hoje já nem é falar que não se pode, pensar já começa a ser díficil.
Tivesse o único Partido Nacionalista Português, um verdadeiro conjunto de dirigentes e estrategas, deixando as "fantasias" de lado, e poderia ter um caminho facilitado com tantas injustiças que por este País ocorrem.
às vezes até me parece mais m partido masoquista do que outra coisa.
Só aparecer para botar figura não chega, há que chegar ao Povo, e não é com as tais "fantasias" que lá se chega, bem pelo contrário, isso só o torna cada vez mais distante.
Só não vê isso, quem não quer.

14 de agosto de 2007 às 21:39:00 WEST  
Blogger Silvério said...

Vós sois na maioria muito jovens e não tem a noção da ansiedade que os jovens dos anos 60/70 tinham por um futuro mais risonho

Acredite que temos, e infelizmente temos porque a filha da putice da sua geração se agarrou mais ao dinheiro e ao poder do que o finado Salazar. Não esteja para aí com essas cantilenas da guerra do ultramar, porque neste momento o ínimigo das gerações jovens a geração desses moços lindos de 60 e 70 e não os antigos regimes.

15 de agosto de 2007 às 01:05:00 WEST  
Blogger Silvério said...

Aliás este quadro é muito típico, o regime que se sucede a outro tem sempre esta tendência de fazer propaganda das injustiças que sofreu, desvalorizando as injustiça que provoca aos outros. É daqui que vão buscar a justificação moral para gozarem da sua apropriação. Resta-nos no entanto a consolação, que se ao menos não pagarem a vida pelos crimes, já que a maior parte destes bem sucedidos do pós 25 de Abril são um bando de criminosos com ligações ao verdadeiro tráfico de droga no país e a actividades ilegais na construção civil que lesam o país, além de muitas outras, se não pagarem em vida, ao menos o regime que se seguir, há de os colocar no seu lugar, tratando-os como são tratadas as figuras do anterior.

15 de agosto de 2007 às 01:25:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"...se não pagarem em vida, ao menos o regime que se seguir, há de os colocar no seu lugar, tratando-os como são tratadas as figuras do anterior."

Silvério, diz ai à gente qual vai ser o regime que se vai seguir?

15 de agosto de 2007 às 01:46:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Pois é meus amigos, por isso é que era necessária que houvese um Partido Nacionalista a sério, menos preocupado em andar a "bater" nos imigrantes, que são tão vítimas como nós,

O caro Lusitano ainda não percebeu que o PNR não bate nos imigrantes, mas sim na imigração.
Além disso, pode ter a certeza que para nós a questão da imigração é muitíssimo mais importante do que qualquer outra que tenha mencionado e é aqui que vem o seu segundo e mais grave erro, o de dizer que a juventude actual não olha para o futuro com ansiedade - pois pode ter a certeza que aquilo que espera a juventude actual é capaz de ser bem pior do que qualquer problema da sua geração: o vosso caso tinha a ver com ir ou não para uma guerra distante, o nosso tem a ver com poder vir a ter uma guerra civil racial na nossa própria terra e ficarmos sem ela, sem a terra... e, pegando nas palavras do camarada Silvério, até lhe digo mais, foi a sua geração de «idealistas» que nos arranjou este problema, e pior, tanto à Esquerda como à «Direita» continuam a alimentá-lo com a conversa ultramarina, e da ligação às colónias e etc..

15 de agosto de 2007 às 11:24:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Meu caro
Silvério,
Não, felizmente a geração dos jovens de hoje não tem a mesma ansiedade e medo da guerra que a "filha da putice da minha geração", tinha.
Uma coisa é, tal como eu escrevi, que nós jovens dos anos 60/70, estavamos esperançados por um novo regime, por um regime que acabasse com a guerra, por um regime que nos desse mais liberdade, melhor futuro, por isso, o 25 de Abril ter representado uma esperança para a maioria do Povo Português.
No entanto, é preciso perceber que o anterior regime, nos seus últimos anos, já não tinha pernas para andar, o Estado Novo foi Salazar e com a morte dele, pura e simplesmente acabou.
O que restou depois, foram restos de um cometa que explodiu. Sem se ter vivido essa época, ou ouvir as pessoas que contem o que realmente se passou e não como na maioria dos casos, ler ou ouvir "histórias compostas" ao sabor dos interesses ou cores ideológicas, os jovens ficam sem compreender esse período.
Como eu disse, os jovens de então, que eram revoltados ou inconformados com o anterior regime, eram automáticamente classificados de "esquerdistas" senão de "comunistas", fosse ou não, esse o seu sentido ideológico.
Isto leva a que muita gente ainda hoje, se intitule de "comunista" sem realmente o ser ou até sem saber o que isso é, pura e simplesmente, ou por que lhes "jeito", ou serve melhor os seus interesses.
Isto evidentemente não acontece só nessa ideologia, nas outras passa-se o mesmo, até no Nacionalismo.
Devo-lhe dizer que, hoje fala-se muito mais em Nacionalismo do que se falava na altura, aliás, uma das falhas de Salazar, foi não ter deixado uma geração convictamente politizada, que fosse capaz de prosseguir a sua obra, fosse ela qual fosse.
Hoje se calhar, há mais "salazaristas" do que então. Nessa época era-se sim, mais patriota, hoje por mais um bocado de pão, muitos já querem ser espanhóis, esse é que é o patriotismo de hoje, e serve na perfeição aos mundialistas que querem converter o planeta numa "aldeia global", não por questões humanitárias ou éticas, mas por dessa forma, mais fácilmente se manipularem as pessoas, que, ja estão desidentificadas com o que quer que seja, são apenas mortos-vivos. Compete à geração de hoje impedir tal coisa, se bem que, pessoalmente não acredite muito.
Possivelmente, a alguns dos "nacionalistas" de hoje, vai acontecer o mesmo que
àqueles indivíduos da "filha da putice da minha geração", que eram os "líderes" dos jovens de então e que, quando puderam, abocanharam o poder para eles e se estiveram nas tintas para os companheiros de então, é para esses que deve dirigir os seus ódios ou frustações, não para a maioria da população portuguesa, que está a ser vítima dos grandes interesses, hoje muito mais à vontade neste regime do que no anterior.
Não se esqueça que, todo o homemn tem o seu preço, e se olhar com atenção mais uma vez para esses tais individuos, vai ver que, muitos deles eram do mais revolucionário que havia, ultrapassando até aqueles que realmente tinham uma convicção política séria, e que agora estão em lugares cimeiros quer da política quer a nível dos grandes interesses económicos.
Veja bem e vai ver que encontra muitos desses"ultra-revolucionários" hoje em dia transformados em "ultra-liberais".
Sabe meu Caro Silvério, a ambição e um factor inerente a qualquer homem, uns te-la-ão maior, outros menor, mas quando vemos alguns "bem instalados na vida", pensamos para com os nossos botões, porque não, eu também?
Infelizmente, eu não segui esse caminho e vou certamente morrer pobre.
Um abraço.
LUSITANO.

15 de agosto de 2007 às 12:19:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Meu Caro amigo
Caturo,
Começo por lamentar que já há algum tempo não falemos pessoalmente, um dias destes vamo-nos encontrar.
Sabes, eu concordo plenamente com o que dizes, mais, eu digo isso há muitos anos, o problema é que, tem se, se saber dar a volta neste sistema, cada vez mais do "politicamente correcto".
Como nós sabemos, o PNR não bate própriamente nos imigrantes, isso eu sei, usei esse termo apenas para dizer que os imigrantes são tão vítimas como nós, ambos somos considerados a ralé por este regime autocrata ou melhor, plutocrata, pois quem manda "nisto" é o grande poder económico e financeiro, nós não passamos de seus serviçais descartáveis.
Ora quando se coloca um cartaz como aquele que o PNR colocou no Marquês de Pombal, acaba por revoltar muita gente, ou seja, alguns ficarão todos contentes, mas uma significativa parte do povo português acha aquilo injusto com os imigrantes, pois nós próprios também somos emigrantes e cada vez mais.
Que se combata as legalizações de ilegais está certo, que se fizesse um cartaz com uma pergunta do género: "então para que servem as quotas e as exigências de formalidades para quem quer vir trabalhar legalmente para Portugal, se aqueles que entram pela porta do cavalo, ao fim de algum tempo, são legalizados?"
Esta pergunta, é uma pergunta de muito mais alcance político e jurídico do que aquele cartaz, por outro lado, há uma situação absolutamente injusta, que é a dupla nacionalidade e que nunca vi o PNR debater ou pelo menos trazer a público: será justo que, quem apenas tem a nacionaliade portuguesa ou outra, se tenha se sujeitar a essa condição, enquanto os que tem mais uma nacionalidade, podem beneficiar dessa situação, não compromete isto os tais "valores democráticos", tão pomposamente defendidos pelos "nossos democratas de pacotilha"?
E digo-te ainda, há muitíssimo mais por onde pegar, só não vê, quem não quer.
Assim, com muito mais por onde "atacar" e com maior sucesso do que com esse cartaz, que transformou o PNR em partido radical, bom para o gosto de meia dúzia, mas mau para o movimento nacionalista em geral.
O PNR fica "limitado" apenas a um partido que "não vai à bola" com a imigração, mas e então o resto, quais as suas preocupações, nada mais passa para quem está de fora, não venham dizer que, é devido ao boicote dos meios de comunicação, pois há outras formas de divulgar (se os tiver) os seus projectos.
Por isso, eu dizer repetidamente, que, o PNR não tem estrategas que saibam aproveitar as contradições do sistema, quando os teve, "deitou-os" fora.
Não se esqueçam daquele princípio de Mao, quando se referia à vitória do movimento comunista sobre o capitalismo: "aproveitar as contradições do capitalismo, para o vencer", olha para a China de hoje, e vê lá se o "velhote" não tinha razão?
Um abraço.

15 de agosto de 2007 às 12:53:00 WEST  
Blogger Silvério said...

Caro Lusitano,
não tome a minha opinião por ataque pessoal, não aceito é essa visão de uma geração ideal, em todas as gerações há gente mais ou menos idealista, e na sua não era diferente. Se não eram mais os que se vendiam por um bocado de pão espanhol, provavelmente ou era porque tinham o exemplo dos galegos, ou então porque não tinham o vizinho rico que hoje têm.

Não têm ansiedade da guerra, porque não é possível esse tipo de preocupações a carneiros, mas existem muitas outras ansiedades que não haviam nos anos 60, como viver numa instabilidade constante, evitando cometer erros para não se ir acabar a viver na rua. Ao contrário da ideia utópica que temos da nossa sociedade, existe muita miséria, e os serviços sociais não respondem a toda, é uma pobreza envergonhada. Não a mesma pobreza do Salazar, que o pessoal do 25 de Abril anda sempre a comentar, como se não tivesse havido ninguém com mais fome do que eles.

O antigo regime acabou mesmo com a morte do Salazar, que duvido que tivesse enviado todos esses jovens nacionalistas (alguns o deviam ser) de animo leve para uma guerra por terras da pretalhada, que hoje a todos nos é incompreensível. Talvez não tivessem sido os maravilhosos republicanos do início do século e não tivéssemos tido regimes tão repressivos. E talvez o Marcelo Caetano se importasse mais com os portugueses, do que este bando de políticos bem pensantes que temos. Cada um pensa como quer, se acha que sabe mais do seu tempo, eu saberei mais do meu. Os cérebros são todos do mesmo tamanho, quer seja nos anos 60 ou no Século XXI, e estes concursos de gerações parecem-me, com todo o respeito, coisas da caquexia da terceira idade.
Abraço.

15 de agosto de 2007 às 17:43:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Caro
Silvério,
Plenamente de acordo consigo, mas não se trata de um concurso de gerações, passa antes por haver uma distorção para um lado e para o outro, do que era a vida antes e durante o período do pós-Revolução, e eu como testemunha viva dessa época, querer transmitir (sem qualquer presunção é evidente), as coisas como eu as vivi e vi e não os disparates que muita gente diz para aí.
Quando eu por estas ou outras paragens falo do "antigamente", é porque hoje em dia há muita manipulação, uns dizem que no tempo de Salazar, andava tudo com o rabo pelas paredes e a morrer de fome, outros dizem que nunca se viveu tão bem.
Tudo depende do ponto de vista e em que situação se estava.
Sabe meu caro amigo, só compreendi o valor de Salazar, há meia dúzia de anos, foi quando assisti à exposição da "Indústria em Portugal no Século XX", aí percebi como Portugal estava atrasado no ínicio desse século e os passos que foram dados para se melhorar o país e as condições de vida dos portugueses.
Diz-se que Salazar explorava o Povo a torto e a direito, mas meu caro, só mesmo vendo essa exposição é que se percebe realmente onde se estava e onde se foi parar, o salto, quer se goste ou não, é enorme.
E teremos sempre que contar com a instabilidade que então se vivia, resultante da bagunça que foi a I República, tenho de admitir que, pegar num país em crise de segurança, em crise de valores em crise económica (como vê, a História repete-se), em que já poucos nos concediam crédito e a juros altos (tal como hoje aliás), com uma população com mais de 90% de analfabetos, sem escolas que assegurassem formação profissional, sem vias de comunicação, quase sem infra-estruturas de tudo e de saúde em particular, realmente só mesmo um grande político, poderia ter feito tal recuperação.
Pois eu, que nasci em 51, posso-lhe dizer que apesar de ser de uma família humilde, nunca passei, a bem dizer, fome.
É evidente que, não havia dinheiro para bolos ou chocolates como hoje a criançada (e não só), está
habituada, mas lá havia sempre qualquer coisita para comer, agora as pesoas viviam apesar de tudo, mais felizes (refiro-me evidentemente às pessoas que viviam nas cidades, no campo a vida era um pouco mais dura, quase tudo era feito à força de braços),
e digo-lhe e confirmo, que realmente a nível de empregos, a estabilidade era quase total, trabalhador sério e cumpridor, só mesmo se a casa fechasse é que ia para a rua, mesmo assim não era difícil (ao contrário de hoje), uma pessoa arranjar emprego depois de certa idade, lembro o meu avô paterno, que arranjou emprego como porteiro de um grande jornal diário da época, e já estava reformado da Marinha Mercante.
Agora também lhe digo, a politização que, quer Hitler, quer Mussolini, levaram a cabo durante o seu consulado, foi de longe maior, do que a que houve no tempo de Salazar.
Este foi para mim um dos dois ou três grandes erros que Salazar cometeu, eramos todos "muito obedientes e crentes", iamos todos à igreja e pouco mais, parece-me que Salazar tinha um certo medo da politização dos portugueses, era mais um tecnocrata do que um político própriamente dito (comparando com os de hoje, é claro).
Isso teve como consequência, que após a sua incapacidade, o regime desmoronou-se todo, diria mesmo, que o regime caiu de podre.
Acrescento ainda que, ou eu muito me engano, ou as novas gerações não vão alcançar as idades dos nossos pais, setentas.., oitentas.., até noventas..., com o stress, com a instabilidade de trabalho, com a insegurança crescente, com a própria instabilidade familiar, em que o "normal" é as pessoas casarem-se para daí a uns poucos de meses estarem separados, com os filhos já nem sequer a viver com os pais biológicos mas a andarem de "actos para Pilatos", com uma alimentação cada vez de pior qualidade, pode crer que, se calhar as pessoas jovens, não vão atingir essas idades.
No fundo, é o admirável "Mundo Novo".
Não veja nisto quaisquer paternalidade ou superioridade, apenas o relato do que conheci.
Um abraço.

15 de agosto de 2007 às 20:48:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Homem mais rico de Portugal: Belmiro de Azevedo, fortuna avaliada em 2.989,3 mil milhões de Euros, duplicou a fortuna no último ano.
2º-Américo Amorim: 2.784,4 mil milhões de Euros.
3º-José manuel de Melo: 2.197,6 mil milhões de Euros.
Até Luís Filipe Vieira, aparece em 75ª com 149,3 Mil milhões de Euros."

Eu diria milhões, e não mil milhões...

15 de agosto de 2007 às 21:55:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Tem toda a razão meu caro anónimo,
as minhas desculpas pelo lapso e obrigado.
Os números são tão grandes, que até a gente se engana.
Cumprimentos.

16 de agosto de 2007 às 00:50:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Eh pá, vocês já virm o fosso que há entre os 3 primeiros e o pobre do LFV? É escandaloso?
Já agora, em que lugar está o sr. Jorge Nuno?

16 de agosto de 2007 às 16:13:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

As finanças do bordel não são para comentar,tás a oubire?

16 de agosto de 2007 às 19:21:00 WEST  
Blogger Silvério said...

Sei que falava com a melhor das intenções Lusitano, e nada minimiza o que viveu na sua juventude, só que do outro lado também há quem não queira ser espanhol. O que interessa é deixarmo-nos destas lutas geracionais e lutarmos do mesmo lado pelas nossas ideias.
Abraço.

20 de agosto de 2007 às 21:55:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Ora quando se coloca um cartaz como aquele que o PNR colocou no Marquês de Pombal, acaba por revoltar muita gente, ou seja, alguns ficarão todos contentes, mas uma significativa parte do povo português acha aquilo injusto com os imigrantes, pois nós próprios também somos emigrantes e cada vez mais

Pois é precisamente contra essa mentalidade que os Nacionbalistas têm de lutar - porque essa treta de «nós também já fomos imigrantes» é o argumento da chantagem emocional mais porca e mais suja e mais mentecapta que imaginar se possa, isso sim, isso é que REVOLTA e não é pouco.

Efectivamente, os nossos emigrantes foram aceites lá fora

PORQUE
PORQUE
PORQUE

os países que os aceitaram

PRECISAVAM

deles e

QUISERAM

aceitá-los.

NADA, COMPLETA, INTEGRAL E RIGOROSAMENTE NADA,
os obrigava a aceitar os emigrantes portugueses. Se porventura tivessem recusado a entrada dos trabalhadores portugueses,

ESTAVAM NO SEU ABSOLUTO, INTEGRAL E SAGRADÍSSIMO DIREITO.

Além disso, o argumento só teria verdadeiro sentido se os imigrantes que agora entram em Portugal fossem provenientes dos países que aceitaram imigrantes portugueses...

Os portugueses que emigraram, fizeram-no de sua livre vontade; mas É ABSOLUTA E COMPLETAMENTE INADMISSÍVEL que os portugueses que decidiram ficar sejam agora «moralmente» obrigados a deixar as portas abertas para serem iminvadidos.



Que se combata as legalizações de ilegais está certo, que se fizesse um cartaz com uma pergunta do género: "então para que servem

Não, caro Lusitano, isso não interessaria nada, antes pelo contrário - e não interessaria por dois motivos essenciais:
- primeiro, porque o PNR tem de se afirmar pela diferença, atraindo rancores se necessário;
- segundo, e muitíssimo mais importante, visceralmente crucial, fazer um cartaz dessa natureza era cair no horrendo erro de DAR POR ADQUIRIDO E TACITAMENTE ACEITE que a imigração era importante e que não se pode discutir.

Mas não. A imigração é para ser travada e para ser travada JÁ.

Saudações.

21 de agosto de 2007 às 18:02:00 WEST  

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