SACERDOTES CRISTÃOS PREOCUPADOS COM CELEBRAÇÃO CULTURAL CELTISTA...
O padralhame católico de Vittorio Veneto, cidade do nordeste italiano, está incomodado com a celebração pública dum ritual céltico do Ano Novo*, o Samain, na próxima noite de 31 de Outubro.
«Reconheço a toda a gente a liberdade de se expressarem, e portanto de encenarem um ritual de uma religião enterrada, mas o que me deixa perplexo é a sua coincidência com uma festividade cristã. Se esta evocação histórica viesse noutra altura não causaria incómodo, por conseguinte pergunto para quê este contraste que distrai a atenção relativamente ao Dia de Todos os Santos e à lembrança dos mortos», disse o bispo da cidade.
O bispo manifesta pois as suas dúvidas relativamente à iniciativa festiva realizada pela associação cultural «Undicigradi» e integrada no âmbito na jornada dos «Dias Medievais».
A cerimónia céltica será realizada na colina de Antares, em meio aos vestígios dum antigo santuário paleo-veneto (dos Vénetos, povo indo-europeu, talvez céltico, geográfica e etnicamente posicionado entre os Celtas propriamente ditos e os Italiotas) e vem reavivar a histórica contraposição entre o Samain céltico e a celebração da Igreja.
O papa Bonifácio IV estabeleceu as celebrações católicas correspondentes; o papa Gregório III fê-las coincidir com as dos Celtas.
O presidente da Undicigradi, Antonio Salvador, afirma o carácter não religioso desta iniciativa histórico-cultural e teatral - ainda assim, o bispo católico está nervoso.
Salvador acrescenta que o grupo por si presidido quer simplesmente dar a conhecer às pessoas a filosofia dos Celtas, nomeadamente no que se refere ao respeito pela Natureza e pelos mortos.
Preocupado está também o delegado episcopal da Pastoral Juvenil da diocese, que afirma:
«Uma coisa é fazer uma reevocação histórica a título cultural ou folclorístico, criar um clima para compreender usos e costumes; outra coisa é dar fé a estes ritos. Todas as associações culturais podem reevocar aspectos da vida. Mais problemático são estes dois aspectos: transformar o evento cultural numa fé, quase uma resposta à necessidade de mistério nascida no coração dos jovens; negligenciar o tema da morte e da santidade que temos perante nós nos dois primeiros dias de Novembro, que são parte da nossa história e cultura.»
À meia-noite de 31 de Outubro para 1 de Novembro, vários fogos serão acesos e dar-se-á o ínicio das cerimónias que irão continuar por dois dias, com o ritual propiciatório do Samain («Samhain» em Irlandês, «Samonios» em Gaulês).
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* A passagem do ano céltica celebra-se de 31 de Outubro para 1 de Novembro. Do mesmo modo que contavam o tempo pelas noites e não pelos dias (segundo Júlio César na sua «De Bello Gallico» ou «A Guerra das Gálias»), os Celtas também contavam os anos a partir do momento em que a noite passava a ser maior do que o dia.
3 Comments:
"para quê este contraste que distrai a atenção relativamente ao Dia de Todos os Santos e à lembrança dos mortos», "
Sim, os santos estão vivos...
Calha mesmo bem: numa altura de celebrar os mortos, os «fantasmas do passado» voltam para assombrar a maralha clerical do Judeu Morto... só que, afinal, «eles vivem!» :) :) :)
O bispo não queria concorrência, nunca quis, daí o seu incómodo.
"O bispo não queria concorrência, nunca quis, daí o seu incómodo.
"
Lol...logo ele que chegou depois.
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