UM GUARDIÃO DAS REDES LUSAS

Quem conhece este blogue, sabe que nunca houve aqui um só tópico sobre futebol; e que nunca por nunca se divinizam, ou sequer semi-divinizam, ou sequer exaltam demasiado quaisquer tipo de pessoas. No entanto, há que dar o seu a seu dono - e o guarda-redes Ricardo é já o maior herói do futebol português, ao dar a vitória a Portugal por duas vezes, ambas contra a Inglaterra, uma em 2004 e outra no passado sábado, com maior espectacularidade. Faça o que fizer, e por mais «frango» que tiver sido, por mais que tenha sido alvo de piadas (algumas bem construídas, diga-se) por falhas na baliza, o seu feito no dia 1 de Julho garantem-lhe um lugar central na galeria dos futebolistas portugueses e, porque não, europeus, mundiais até, dado que defender três penáltis num mundial constitui recorde.

Não percebo muito do esférico a correr sobre a relva, mas sempre me pareceu que a famosa expressão «a angústia do guarda-redes antes do penálti» era grosseira e simplista. Na verdade, a maior angústia é de quem marca a grande penalidade, não de quem a defende, precisamente por ser muito mais fácil furar as redes do que protegê-las, quando de tal modalidade de marcação se trata. Não exagero muito se disser que qualquer jogador da segunda divisão marca um penálti ao melhor guarda-redes do mundo... Exagero ou não, repito que me parece muito mais fácil marcar um penálti do que defendê-lo. E, por isso, qualquer guarda-redes que defenda um penálti faz um feito futebolístico. Ora, quem o faz três vezes num só desafio, merece atingir, só por isso, o incontestável estrelato.