segunda-feira, março 13, 2006

EM HONRA DE HYPATIA, SÁBIA PAGÃ ASSASSINADA POR CRISTÃOS




No dia 12 de Março de 415, a filósofa pagã Hypatia foi assassinada em Alexandria pela maralha cristã conduzida pelo bispo local.

Uns quantos anos antes, o professor de matemática Theon de Alexandria teve uma filha à qual chamou Hypatia e que viria a ser uma das grandes sábias do seu tempo.

Hypatia era matemática, astrónoma e filósofa, tendo-se até tornado na directora da escola de filosofia neo-platónica dessa cidade helénica do Egipto (Alexandria).

Atribui-se-lhe a invenção de vários instrumentos, tais como o astrolábio plano, o hidrómetro e o hidroscópio.

Hypatia era uma mulher muito independente, que trajava com vestes professorais e não com a indumentária tradicional das mulheres da época; conduzia também a sua própria carroça, caso raro no mundo em que vivia (sociedade helénica da Antiguidade tardia).

Exercia uma forte influência política em Alexandria; e era resolutamente pagã.

Ora o facto de ser mulher independente, cientista, filósofa e ainda para mais pagã, atraiu sobre si o rancor dos clérigos cristãos dessa cidade. Assim, o bispo de Alexandria, Cirilo (que viria a ser santificado), que nutria por Hypatia um ódio mortal, acicatou contra ela a populaça cristã, populaça esta que no 12 de Março do ano de 415, foi, encabeçada por monges, atacar a carroça de Hypatia.
Arrastando-a para fora do seu veículo, despiram-na e assassinaram-na, arrancando a carne dos seus ossos e espalhando pedaços do seu corpo pelas ruas da cidade, chegando até a queimar o que restava do seu cadáver na biblioteca de Caesarium.

A escola neo-platónica dirigida por Hypatia continuou a existir até 642, ano em que as forças do Islão tomaram conta de Alexandria; e nenhum dos livros desta filósofa pagã chegou até aos dias de hoje dado que os invasores Árabes destruíram o que deles restava quando queimaram a biblioteca de Alexandria.

Assim, tem-se neste caso da História o exemplo acabado de como o Cristianismo e o Islão contribuíram para destruir o património pagão da Antiguidade…

9 Comments:

Blogger Caturo said...

Ciscokid: já tens resposta nos tópicos «Típico» e «Sopa de Porco».

14 de março de 2006 às 12:50:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Essa mulher era grega e vivia na Alexandria?
Nessa altura o Egipto ainda era grego? E os egipcios ainda eram brancos ou caucasoides ou já eram os actuais egipcios?
Acho estranho a raça grega na altura ser tão evoluida e fazer tanta coisa e actualmente ser muito atrasada. Hoje pessoas como Hypatia, que fazem a diferença, são geralmente descendentes de tribos germânicas. Caturo achas que foi por causa da mistura com turcos e outras raças que os Gregos foram-se abaixo e por isso nunca mais voltaram a nascer talentos como no passado?
Hoje em dia paises germânicos como Alemanha, Suécia, Inglaterra, etc são sempre os mais desenvolvidos a todos os niveis, quer economico quer social, como o era a Grécia na antiguidade.

14 de março de 2006 às 18:18:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

- Fizeram semelhante ao Mussolini, mas aí não foram cristãos, foram comunistas.

- Aquele bispo achava que tinha direito a fazer aquilo, obviamente não tinha (e não estava a seguir qualquer mandamento cristão).

- Quanto ao catolicismo «deixar o islamismo avançar» (na Europa),deixo a seguir o pensamento de muitos católicos:
- DEIXAR A SUBSERVIÊNCIA E DEFENDER OS NOSSOS VALORES=CATÓLICOS=
O jornal dinamarquês fez um valioso serviço público. Pode ter causado confusão em vários países (é este o primeiro distúrbio globalizado?). Mas os cartoons não criaram a tensão. Apenas a destacaram... Eles forçaram a Europa a encarar um problema que a maioria das elites políticas de outro modo ignoraria, ainda que ele seja uma das maiores questões das próximas décadas: como conseguiremos uma coexistência pacífica com o Islão? Muitos liberais acham que se ninguém falar no assunto ele desparecerá. Nas relações entre cristãos e muçulmanos isso pode ser fatal.
Se mantê-los tranquilos requer a supressão de poucos cartoons, isso pode parecer um preço baixo. Mas existem dois senãos. o primeiro é cobardia. O segundo, que a cobardia não venceria. Os cartoons não seriam a única concessão. Uma vez que se começa a recorrer ao cardápio da cobardia, perde-se o controlo da conta. Os extremistas muçulmanos seriam convencidos que, cambaleando entre a cobardia e a subserviência cultural, o Ocidente capitularia.
É tempo de deixarmos de subserviência e defender-mos os nossos valores.

- Hipácia parecia mais uma gnóstica («proto-cristã»), do que uma genuína "pagã", embora sábia fosse.

- Até Jesus Cristo pode ser encarado sob uma perspectiva "pagã", e de facto tem sido visto por muitos como se de um deus "pagão" se tratasse...

15 de março de 2006 às 04:17:00 WET  
Blogger Caturo said...

Não aprecio a tentativa de branqueamento que Ajtel faz do Cristianismo, mas concordo por inteiro com a sua análise do caso das caricaturas (mesmo que os valores europeus que eu e Ajtel defendemos não sejam exactamente os mesmos...), como aliás já aqui tinha dito.

15 de março de 2006 às 14:37:00 WET  
Blogger Caturo said...

Alexandria era helenizada sim, caro Tiago. E a maior parte dos Egípcios seriam uma mistura de semitas com camitas (parentes dos Berberes), bem como algum sangue indo-europeu, dos Gregos e não só.

A pergunta que fazes a seguir é lixada, convenhamos. É aliás um argumento muito usado pelos supremacistas nórdicos (que até dizem que a Grécia caiu na miséria porque o seu estrato étnico «nórdico» se diluiu). Mas é preciso ter em conta o atraso que lhes foi imposto pelos Turcos. Hoje, a Grécia cresce e parece pujante. Para já, têm a sorte de quase não contarem com imigração de origem africana, árabe ou turca. Pode vir a ser um bastião da raça branca (aliás, quem é que tem muita vontade de imigrar para a Grécia além dos miseráveis Albaneses, mesmo ali ao lado?)
A ver vamos o que sucede no futuro próximo.

15 de março de 2006 às 14:43:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

É inegável que muito do «ser português» foi fornecido pela Igreja-Católica-Apostólica-Romana-Vaticana, devido a ser - de longe - a Religião mais influente na Sociedade Portuguesa - desde 1143 até 2006. Bem como a mais poderosa em Espanha, França, Itália...

Eu até poderia querer retirá-la do meu sistema interno; mas, se o conseguisse, seria sempre apenas parcialmente. Podemos extrapolar que o mesmo sucederia com a maioria das pessoas.

Só o Catolicismo pode «fazer frente» ao Islamismo. (Porquê?)
Qualquer paganismo não conseguiria, pois tal como o Judaísmo, foi ultrapassado pelo Catolicismo.
A outra razão é a fé Católica não aceitar «revelações» que pretendam ultrapassar ou corrigir a Revelação de que Cristo é o acabamento.

E não precisas de ficar triste, Caturo; J.C. sintetizou em Si o melhor de todos os deuses pagãos que o precederam. Com uma diferença: apenas Ele existiu em carne-e-osso!

16 de março de 2006 às 00:33:00 WET  
Blogger Caturo said...

É inegável que muito do «ser português» foi fornecido pela Igreja-Católica-Apostólica-Romana-Vaticana,

Usou bem as aspas, porque, de facto, o ser português consiste somente em ser filho de Portugueses. Nada mais é preciso para se ser português. Portugal caracteriza-se pois pelo seu sangue e pela sua língua. Um Portugal que deixe de ser católico, não deixa de ser português; mas se a sua língua oficial deixar de ser o Português, não vejo como é que se pode continuar a falar em Nação Portuguesa.

Portugal, como Estado, nasceu católico – mas o mesmo sucedeu com praticamente todos os outros Estados da Europa.
Do mesmo modo, também nasceu monárquico. A figura do rei era essencial na definição da Pátria e era muitas vezes pelo rei que se lutava.
Será que, por causa disso, Portugal deixou de ser Portugal em 1910?

Podemos extrapolar que o mesmo sucederia com a maioria das pessoas.

Não há grande obstáculo – aliás, ela já está a morrer por si própria.


Só o Catolicismo pode «fazer frente» ao Islamismo.

Tanto não pode que não está a fazer. Está a perder terreno; e, em termos morais, não prepara o Ocidental para resistir, pelo contrário, dado que a sua mensagem se centra no pacifismo, no universalismo, na submissão e ausência de liberdade de espírito e de expressão (veja-se como as autoridades cristãs estiveram, mais ou menos disfarçadamente, ao lado do Islão na questão das caricaturas) e até no reconhecimento de uma certa irmandade com o Islão.


Qualquer paganismo não conseguiria,

Errado. O Paganismo indiano, Hinduísmo, conseguiu resistir com êxito ao Islão – até hoje. A Índia é hoje o maior inimigo da religião de Mafoma.


E não precisas de ficar triste, Caturo

Eu não – o Cristianismo está a morrer… ;)


J.C. sintetizou em Si o melhor de todos os deuses pagãos

Só se for na aparência europeia que lhe foi atribuída, porque de resto nada tem a ver com os Deuses pagãos, pelo contrário.


Com uma diferença: apenas Ele existiu em carne-e-osso!
Não acho que se possa garantir, com toda a certeza, que os outros Deuses nunca tenham encarnado. Mas enfim, não discuto isso porque creio que os Deuses são Entidades puramente imateriais.
O essencial é isto: se só JC existiu em «carne-e-osso», tal ideia só dificulta a crença na sua divindade.

É muito mais fácil acreditar num Poder celestial que está imbuído no céu, no raio, nas árvores, nas águas, etc., do que acreditar que um certo judeu multiplicou os peixes, ressuscitou um morto e voltou da morte…

16 de março de 2006 às 15:27:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

O melhor que posso dizer, Caturo, é que a fé de cada um...(é a sua própria). Fora isso, penso que foi uma pequena troca de opiniões (religiosas) com um certo interesse.
Acho mesmo que não será presunção minha dizer que compreendo o seu posicionamento religioso (e social). Que então o respeite eu!
Pax...

17 de março de 2006 às 03:15:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Posso respeitar-te porque te compreendo; só não posso apoiar-te porque não considero a Religião Católica inferior à Religião Pagã.
"Pro patria, sincera fide" (pela pátria, com lealdade).

18 de março de 2006 às 02:59:00 WET  

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