segunda-feira, setembro 19, 2005

PRECISA-SE DE SOLIDARIEDADE PARA COM DOENTE PORTUGUÊS

Quem ajuda este homem?

Apelo: Estado vai pagar tratamento, só falta acompanhante

Cura na Alemanha em risco

As pernas de João Gigante correm o risco de ser amputadas
João Manuel Gigante nem queria acreditar quando ouviu da boca do médico alemão que se deslocou de propósito a Portugal para lhe examinar as pernas que, afinal, não tinha que ser amputado.

A ameaça de ficar sem os membros inferiores acompanha-o há vários meses, resultado de um problema de saúde que os especialistas nacionais dizem não ter solução entre nós. Por isso, o Governo português e alemão juntaram-se para pagar as despesas do tratamento na Alemanha. Mas ainda falta dinheiro.
“É a última oportunidade que tenho para salvar as pernas”, conta emocionado ao CM. “Até chorei quando o médico alemão me disse para eu estar descansado, que o meu problema podia ser resolvido.” Duas horas foram suficientes para o especialista que veio a Portugal examinar as pernas de João Gigante, criando-lhe esperanças gigantes de poder voltar a ter uma vida normal.
Vítima de uma série de problemas de saúde – em que se incluem insuficiência cardíaca, problemas de vista, insuficiência renal e até uma doença rara, Granulomatose de Wegener –, João Gigante sofre ainda de um linfedema nos membros inferiores, ou seja, um problema que resulta da obstrução dos vasos linfáticos. Este é responsável por um aumento exagerado do volume das pernas, transformando a marcha, mesmo a mais pequena, numa tarefa quase impossível. “Tenho ainda muita dificuldade em me vestir, em tomar banho, em me calçar... tudo é difícil”, conta.
Foi por acaso que surgiu a oportunidade de se deslocar à Alemanha para ser submetido a uma intervenção que, dizem os médicos, lhe vai reduzir o tamanho das pernas em mais de metade. Um apelo desesperado chegou aos ouvidos de uma empresa alemã de produtos ortopédicos que, com o apoio da clínica Lympho-Opt-Special Clinic for Lymphology, da região de Estugarda, e o aval do Estado português, tornou a ajuda possível.

“NÃO POSSO IR SOZINHO”
Apesar de ter os tratamentos, que podem durar seis meses, inteiramente pagos, assim como a viagem até à Alemanha, João Gigante ainda precisa de apoio para poder dar início ao tratamento. “Os médicos dizem que não posso ir sozinho, que preciso de alguém que me ajude com a bagagem e me dê apoio enquanto estiver internado. Para além disso, tenho ainda de levar todos os medicamentos que tomo para os meus problemas, que são 27 por dia, em número suficiente para, pelo menos, quatro meses, o que vai custar 600 euros”, explica.
No entanto, a situação financeira que enfrenta não lhe permite fazer frente às despesas com a viagem e estadia da irmã, disposta a acompanhá-lo. Com um subsídio de baixa de pouco mais de 600 euros mensais, aos quais tem que subtrair 300 euros para medicamentos, pouco sobra. “As contas já foram feitas e preciso de cerca de cinco mil euros para poder ir. Não sei a quem pedir e não quero acreditar que, depois de tanto sofrimento, fique sem pernas. Sem elas, recuso-me a viver. Não quero ser um peso para ninguém.”

DATA DE PARTIDA
A clínica na Alemanha já entrou em contacto com João Gigante e avançou com uma data para a chegada à Alemanha: 25 ou 26 de Setembro. “Mas como não tenho dinheiro, vou ter que adiar”, explica João Gigante.

CUSTOS ELEVADOS
A mesma clínica que se disponibiliza a pagar-lhe os tratamentos propõe alojamento e alimentação para o acompanhante no valor de 45 euros diários. Um valor que será multiplicado pelo menos por três meses, no máximo seis, dinheiro que Gigante não tem.

APELOS POR OUVIR
João Gigante já perdeu a conta aos apelos feitos. Escreveu para diferentes instituições de solidariedade social, para fundações e até empresas, mas sem resposta. Ninguém parece disposto a ajudá-lo ou, pelo menos, dar-lhe um pouco de atenção.

RECUPERAÇÃO À VISTA
A intervenção cirúrgica a que será submetido garante 95 por cento de possibilidade de recuperação. Para toda a vida irão ficar os medicamentos que terá que tomar.