quarta-feira, setembro 14, 2005

ENTÃO AFINAL O CRISTIANISMO DIZ SÓ RESPEITO AO ASPECTO ESPIRITUAL... OU TAMBÉM AO ASPECTO POLÍTICO?...

O arcebispo Giovanni Lajolo, secretário do Estado do Vaticano para as relações entre Estados, incita os cristãos da Europa a votarem como deve ser...
Afinal, a fé não é para ser mantida ao nível da esfera privada, como ele próprio diz.

O vigário lamenta que os cristãos não tenham maior peso nas instituições europeias. Assim de repente, parece apologista de que se formem partidos ou associações políticas formalmente cristãs... ou então um dia destes põe-se a pedir quotas para cristãos.

Mais afirma o servidor da cruz que o Cristianismo é o único factor de unificação entre todos os Europeus, esquecendo que o único factor realmente unificador entre todos os Europeus é aquela coisa proibida, também repudiada pela Igreja, a saber, a velha identidade racial, que teima em não morrer.
De caminho, fornece números curiosos. Diz que em 456 milhões de Europeus, há 368 milhões de cristãos. Atenção que isto são cifras oficiais - não será grande engano se se disser que muitos dos ditos cristãos europeus, são-no apenas nominalmente, não tendo grande interesse ou sequer crença nessa ou em qualquer outra religião. Independentemente disso, 88 milhões de não cristãos é muita gente... mais do que eu pensava, de qualquer modo.

A seguir, chega ao ponto de afirmar que os princípios do Estado moderno - Igualdade, Liberdade, Fraternidade - radicam no Cristianismo. É engraçado ver um representante da Igreja a dizer isto, lançando talvez a confusão nas hostes dos cristãos conservadores que odeiam visceralmente a revolução que impôs esses princípios directores na política europeia... quem diria que os revolucionários do barrete frígio estavam no fundo, bem no fundo, a ser bons cristãos... é Jesus com chicote e eles com a guilhotina...
Enfim, não me surpreende que se faça esta ligação, primeiro porque há muito que digo que a essência da Esquerda é o Cristianismo sem Deus, depois porque já se sabe que a Igreja tenta sempre colar-se ao poder instituído. Vai daí, alguns dos seus arautos têm o descaramento de proclamar que a Democracia é um produto do Cristianismo, mesmo que em qualquer escola secundária se aprenda que a Democracia é um produto dos Gregos pagãos, especialmente no que respeita à liberdade individual e à ausência de autoridades supremas indiscutíveis, as quais são especialmente apreciadas pelos cristãos, tanto mais quanto mais convictamente cristãos sejam.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ou seja, como os Valores do Cristianismo não lhe convêm, prefere que se ponham à margem e só os que não são Cristãos é que moldem a Sociedade à sua maneira!... Com certeza não quer que defendam uma coisa e votem noutra, que defendam a vida e votem aborto, e abortos do género!...

14 de setembro de 2005 às 13:19:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Percebeu mal. Eu não disse para se porem à margem. O que eu quis dizer foi que ou se assumem como participantes na ordem política e ideológica ou ficam definitivamente dentro da Igreja e não chateiam. Agora, andar dentro e fora da política conforme as conveniências, para dizerem, quando criticados a respeito de determinado ideal «Ah, isso é só na esfera espiritual, a política é outra coisa...», isso é que é manha saloia e falta de verticalidade.

14 de setembro de 2005 às 14:04:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Permita-me que lhe diga, estimado
Caturo, que, não obstante considerar o GLADIUS um dos melhores blogues que conheço, ainda
não me conseguiu convencer que seja
incompatível ser católico e nacio-
nalista. E porquê (?)
Porque, - e irei apenas relembrar
factos históricos óbvios - Todos os
Heróis/Grandes-Figuras-Históricas
de Portugal eram...Católicos/as.
Só alguns nomes: D. Afonso Henriques; D. Nun'Álvares Pereira;
D. João IV; O Marquês de Pombal;
Dr. Oliveira Salazar...
Nenhum deles disse ir apostasiar
do Catolicismo, nenhum deles se
queixou que o Catolicismo o impedia
de fazer fosse o que fosse.
Relembro ainda que apenas na 1ª
República é que apareceram uns a
dizer que "Basta uma geração para
fazer desaparecer o Catolicismo de
Portugal". Mas afinal, o quê desa-
pareceu foram eles e o Catolicismo
ainda está aí.
Perigoso (porque incompatível) seria alguém dizer-se nacionalista
português sendo judeu ou mouro; agora católico...
Talvez o Caturo pense que eu escrevi isto por não o entender; mas pode acreditar-me que o entendo
. Oh, como o entendo! Só me resta
pedir-lhe humildemente que me entenda a mim...

15 de setembro de 2005 às 22:57:00 WEST  

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