SALÁRIOS (D)E RESPEITO
Ainda agora ouvi, na TSF, as declarações de dois «gurus» da política em Portugal a respeito da acumulação de rendimentos por parte do ministro das finanças. Argumenta um, António Borges, economista do PSD, que assim é que é bom, porque, segundo ele, «um ministro em Portugal não tem de ser pobre».
E eu digo: não tem de ser pobre, mas também não tem de ser obscenamente rico. Quem aufere seiscentos contos por mês, não é pobre de certeza, e todos os deputados ganham isso, ou mais. Os ministros, muito mais ainda devem receber. E, por uma questão de respeito para com o povo, é preciso que haja limites.
Mas não tem havido. Neste momento, o primeiro-ministro português tem um salário maior do que o do seu homólogo espanhol, e o ordenado mínimo em Espanha é bem mais elevado do que o de Portugal. Isto, no contexto europeu, é uma vergonha, e aproxima este país do terceiro mundo (como o Brasil, como a África negra) onde as diferenças económicas entre as classes sociais são gritantes.
Curiosamente, não vejo o reverendo Anacleto a armar em moralista quando lhe aumentam a ração... essa indignidade, não motiva o seu ar de justiceiro castigador...
Para a gentinha neo-liberal, meter ao bolso menos de mil contos por mês, não ter um BMW e não ir de férias para o Haiti, é «morrer de fome». É ser pobre.
O que seria então a maioria da população portuguesa? Menos do que pobre? Miserável?
E os pobres de Portugal? Sub-humanos?
Ao contrário do que parece, a expressão «sub-humanos» não é exagerada. Sabe-se que a tropa liberal e neo-liberal - que inclui tanto os tecnocratas como boa parte da gente do teatro, das artes, das literaturas - despreza o povo.
Quando querem parecer filantrópicos e «sociais», dizem, com uma expressão de surpresa e consternação «Sinceramente, não sei como é que há gente que consegue viver com o ordenado mínimo!».
Pois não sabem não.
O que é grave é que, além de não saberem, também não querem saber. E não querem saber porque sentem nojo pelo povinho. Têm a ousadia de sentir nojo do povinho, como se tivessem direito a isso - essa ralé apátrida, párias sem vértebras, que são a própria concretização do nojo em forma de gente.
É aqui que se reflecte com mais violência a ausência de valores, tão falada mas tão raramente abordada nos seus casos mais prementes.
Por exemplo, António Costa Pinto, professor universitário de Economia, diz que, por este andar (limitação dos ordenados), «ninguém de qualidade quer ir para a política».
Ora, ao que é que este sujeito chama «alguém de qualidade»?
Esta laia tecnocrata está tão destituída de valores que, para eles, a qualidade mede-se apenas e exclusivamente pela «competência», leia-se, «capacidade de fazer dinheiro». É-lhes inteiramente estranho o sentido de dever para com a Nação.
E, a esses, é preciso dizer: se acham que não vale a pena liderar Portugal porque o pagamento é baixo, então não se metam na política. Fiquem longe. Trabalhem nas vossas empresas, que é esse o vosso lugar - trabalhem, zangões, trabalhem, e, se não quiserem sequer votar (os neo-liberais costumam desprezar os políticos), melhor.
Tem-se visto a merda que esta «gente de qualidade» tem feito a Portugal. Repito: o primeiro-ministro português tem um vencimento superior ao do seu homólogo espanhol, e o ordenado mínimo espanhol é muito mais alto do que o português. Isto é uma vergonha que atira Portugal para o nível mais baixo do mundo desenvolvido.
Quem tem culpa?
Boa parte da culpa cabe ao povo. O povo, este ingénuo e por vezes irritantemente passivo Zé Povinho, que se acostuma a tudo, que aguenta tudo, que lá vai andando, enfrentando as chatices com o seu habitual «vai correr tudo bem... não há-de ser nada...».
Ah pois não há-de ser nada não. Portugal, em continuando assim, não há-de mesmo ser nada. Só um povo africano é que aceita uma situação destas, como se vê em África, em Angola, por exemplo, onde o presidente José Eduardo dos Santos vive mergulhado no luxo enquanto o seu povo morre de fome e de doenças. E esse povo não se revolta...
Na Europa, não é assim. Em França, por exemplo, quando os camionistas vão para a greve, paralisam o país todo e obrigam a cambada do capital a portar-se como deve ser.
E eu digo: não tem de ser pobre, mas também não tem de ser obscenamente rico. Quem aufere seiscentos contos por mês, não é pobre de certeza, e todos os deputados ganham isso, ou mais. Os ministros, muito mais ainda devem receber. E, por uma questão de respeito para com o povo, é preciso que haja limites.
Mas não tem havido. Neste momento, o primeiro-ministro português tem um salário maior do que o do seu homólogo espanhol, e o ordenado mínimo em Espanha é bem mais elevado do que o de Portugal. Isto, no contexto europeu, é uma vergonha, e aproxima este país do terceiro mundo (como o Brasil, como a África negra) onde as diferenças económicas entre as classes sociais são gritantes.
Curiosamente, não vejo o reverendo Anacleto a armar em moralista quando lhe aumentam a ração... essa indignidade, não motiva o seu ar de justiceiro castigador...
Para a gentinha neo-liberal, meter ao bolso menos de mil contos por mês, não ter um BMW e não ir de férias para o Haiti, é «morrer de fome». É ser pobre.
O que seria então a maioria da população portuguesa? Menos do que pobre? Miserável?
E os pobres de Portugal? Sub-humanos?
Ao contrário do que parece, a expressão «sub-humanos» não é exagerada. Sabe-se que a tropa liberal e neo-liberal - que inclui tanto os tecnocratas como boa parte da gente do teatro, das artes, das literaturas - despreza o povo.
Quando querem parecer filantrópicos e «sociais», dizem, com uma expressão de surpresa e consternação «Sinceramente, não sei como é que há gente que consegue viver com o ordenado mínimo!».
Pois não sabem não.
O que é grave é que, além de não saberem, também não querem saber. E não querem saber porque sentem nojo pelo povinho. Têm a ousadia de sentir nojo do povinho, como se tivessem direito a isso - essa ralé apátrida, párias sem vértebras, que são a própria concretização do nojo em forma de gente.
É aqui que se reflecte com mais violência a ausência de valores, tão falada mas tão raramente abordada nos seus casos mais prementes.
Por exemplo, António Costa Pinto, professor universitário de Economia, diz que, por este andar (limitação dos ordenados), «ninguém de qualidade quer ir para a política».
Ora, ao que é que este sujeito chama «alguém de qualidade»?
Esta laia tecnocrata está tão destituída de valores que, para eles, a qualidade mede-se apenas e exclusivamente pela «competência», leia-se, «capacidade de fazer dinheiro». É-lhes inteiramente estranho o sentido de dever para com a Nação.
E, a esses, é preciso dizer: se acham que não vale a pena liderar Portugal porque o pagamento é baixo, então não se metam na política. Fiquem longe. Trabalhem nas vossas empresas, que é esse o vosso lugar - trabalhem, zangões, trabalhem, e, se não quiserem sequer votar (os neo-liberais costumam desprezar os políticos), melhor.
Tem-se visto a merda que esta «gente de qualidade» tem feito a Portugal. Repito: o primeiro-ministro português tem um vencimento superior ao do seu homólogo espanhol, e o ordenado mínimo espanhol é muito mais alto do que o português. Isto é uma vergonha que atira Portugal para o nível mais baixo do mundo desenvolvido.
Quem tem culpa?
Boa parte da culpa cabe ao povo. O povo, este ingénuo e por vezes irritantemente passivo Zé Povinho, que se acostuma a tudo, que aguenta tudo, que lá vai andando, enfrentando as chatices com o seu habitual «vai correr tudo bem... não há-de ser nada...».
Ah pois não há-de ser nada não. Portugal, em continuando assim, não há-de mesmo ser nada. Só um povo africano é que aceita uma situação destas, como se vê em África, em Angola, por exemplo, onde o presidente José Eduardo dos Santos vive mergulhado no luxo enquanto o seu povo morre de fome e de doenças. E esse povo não se revolta...
Na Europa, não é assim. Em França, por exemplo, quando os camionistas vão para a greve, paralisam o país todo e obrigam a cambada do capital a portar-se como deve ser.
3 Comments:
Greves... só em situações muito,muito,muito excepcionais.
As principais vítimas das greves são... os mais indefesos!
O governo dirigido agora por um partido de esquerda apostava numa moralização dos titulares dos cargos políticos, especialmente no que concerne à acumulação de vencimentos. Nem de propósito, aquele que nos vem preparando para as medidas mais difíceis, porque os recursos são escassos e não chegam para tudo tem afinal 2 vencimentos. Eu nem o condeno, só lamento nem todos os cidadãos ainda não terem as oportunidades para receber o mesmo que ele. O que pode muito bem ser um péssimo prenúncio daquilo que aí vem foi o facto do chefe do governo sair em defesa do seu ministro com a teoria da perseguição politica.
Mas ainda mais grave, é o pensamento subjacente à teoria que os primeiros -ministros e deputados com o objectivo de serem imparciais enquanto exercem os cargos públicos têm direito a pensões vitalícias após o cumprimento
Está-se mesmo a ver que é isso que combate a corrupção, o tráfico de influências e os favorecimentos que não sucedem em Portugal.
Afastamento dos cidadãos da vida politica em Portugal é gritante, isso pode constatar-se pela abstenção nas eleições e nos referendos, isso não é de sociedades desenvolvidas.
A Suíça tem o hábito enraizado dos referendos. O próximo é a chamada dos seus cidadãos a pronunciarem sobre a adesão ao Espaço Schengen, estas consultas além de dar voz aos seus cidadãos nas políticas que influenciam a sua vida suscitam debates e uma maior aproximação dos políticos à realidade. Para quando um referendo sobre a imigração em Portugal???
Ainda mais grave é o persistente distanciamento do Poder por parte dos cidadãos Portugueses «o comer e calar» que se acostuma a tudo o que lhe é imposto.
Isso deve-se muito ás décadas da ditadura salazarista e à repressão a que o Povo foi sujeito.
Penso que aqui o movimento Nacionalista tem um papel a desempenhar e assumir-se como o verdadeiro defensor dos interesses dos Portugueses, de todos os Portugueses de todas as origens socais, sem conflitos de classes e conferir a todos o direito de exercer a cidadania ao contrário dos comunas que nos querem fundir num lamaçal multiracial e aos vendilhões do templo que por 30 dinheiros se vendem e vivem entre condomínios fechados e ilhas paradisíacas com os filhos em colégios privados e elitistas.
Ricardo
Em Angola saíram há pouco tempo de uma guerra civil fraticída é natural que queiram preservar a Paz a todo o custo.
Mai plausivel é naquilo que eu receio Portugal se transforme, num brasil da Europa.
Aquele sitio caótico, aquele caos social, onde a única coisa que os liga é a língua Portuguesa, onde reina uma paz podre para branquear uma guerra civil, brancos contra todos os outros, Discriminação positiva, minino de rua e pelotões da morte, condomínios fechados e favelas, fome miséria e opulência, pseudo pacifistas e ministros a defenderem que o brasil deveria ter armas nucleares, movimento dos sem terra e coronéis, capangas jagunços e pregadores evangélicos, o ópio da religião das telenovelas e futebóis e milhões de analfabetos, encontros de Porto Alegre e dizimização da Amazónia, prostituição e pedofilia como único modo de sobrevivência e jactos privados, tudo isto regado com muita caipirinha, acompanhado de sorrisos amarelos e Carnavais.
Um sitio onde a única saída é a fuga por via da emigração para onde quer que seja possível: Estados Unidos, Europa, África, Japão, Austrália e até Timor. E para que lhes seja facultada a entrada e permanência a eles e aos seus hábitos e costumes tentam vender a banha da cobra do multiculturalismo e que vêm de uma sociedade cosmopolita com harmonia, sã convivência e desenvolvida.
Se os Potugueses persistirem nessa atitude de afastamento da vida politica, de poder influenciar a “coisa pública”, teremos aqueles que se valem da decadência do poder do Estado para para prejuízo dos Portugueses e de Portugal e os resultados podem muito bem ser o brasil da Europa. Aliás o Medina Carreira já afirmou que Portugal está á beira de um precipício e pode desaparecer em 10 anos.
Ricardo
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