sexta-feira, maio 13, 2005

QUE ESTRANHA FORMA DE VIDA...

Isto passa-se na Amadora. Não, não é numa favela brasuca, nem nos piores bairros dos E.U.A. - é em Portugal, nas imediações da capital. É o resultado da imigração e da desculpabilização constante dos actos criminosos cometidos pelos «jovens» africanos, na qual a imunda súcia do SOSracista tem a sua responsabilidade.

E os leitores nortenhos que não julguem que estão eternamente a salvo duma situação destas. Porque, se as coisas continuarem como estão, ou se agravarem (a ralé governativa e mais o padre Feytor Pinto, já disseram que vão alterar a lei da nacionalidade, para facilitar a dádiva da Nacionalidade a qualquer africano nascido em Portugal), esta miséria física e ética também chegará aí acima - não há nada que o possa impedir - não tenham dúvida alguma disso.



Reclusos em casa

Pensam duas vezes antes de levar o cão à rua ou fazer compras no mini-mercado. Sentem-se mais seguros em casa, protegidos por janelas gradeadas ou persianas corridas. Eles têm medo. Medo dos tiros, das navalhas ponta-e-mola, dos gangs. Este é o pesadelo de muitos moradores da Amadora.

Sobressaltado pelos tiros, António levanta-se da cama, num pulo. Duas gotas de suor escorrem-lhe, matreiras, pela testa. Tem o pijama encharcado pela mesma transpiração húmida, incómoda, dos tempos da guerra. Está confuso. Tenta decifrar os ruídos provenientes da rua como aprendeu nos campos minados de Angola, mas não há grilos a cantar ou gritos de desespero. Só o silêncio. Um silêncio de morte. As sombras inesperadas do quarto ganham contornos fantasmagóricos. Nem a meia-luz da mesa-de-cabeceira o deixa mais confortável. “O que se passa?”. A voz estremunhada da mulher parece vir de outra dimensão. As molas do colchão e o restolhar dos lençóis da cama de casal despertaram-na. “Ouvi uma rajada de tiros”, explica , em voz rouca. “Outra vez. Ainda te assustas com isso?”, argumenta ela, antes de se virar para o outro lado. António esboça um sorriso triste. É só mais uma madrugada agitada no Bairro de Santa Filomena. Com o coração alvoroçado não consegue voltar a dormir. Aos 60 anos nunca imaginou que voltasse a sentir as vibrações dos anos sanguinários em combate. Se a reforma fosse menos avarenta já tinha voado de vez da Amadora. Para bem longe. Mas a míngua de dinheiro deixou-o aprisionado ao seu bairro, à sua casa: “É a minha pena.”

António quase não sai à rua. Não tem amigos entre a vizinhança, nem sequer para trocar dois dedos de conversa sobre futebol. O medo domesticou-o.



Para ler mais, carreguem nas letras do texto, já sabem.