AS OBSERVAÇÕES DOS NACIONAL-CABO-VERDEANISTAS
ACR continua atento ao movimento nacionalista que ele considerou, mais do que uma vez, morto de todo.
Que estranho gosto, o do supremo líder da Aliança Nacional e do Vector, esse de prestar atenção a «cadáveres»... será morbidez?..
Ou teme talvez que os fantasmas se ergam?...
Entretanto, as suas observações nem sempre são as mais rigorosas. Desta feita, ACR olha assim de longe e forja um apanhado do que viu sem perceber e do que pensa ter visto.
A partir do seu quartel-general no Carmo - de onde, um dia destes, estenderá a sua subtilíssima rede de comando nacional, de Lisboa até à Jamba, passando, obrigatoriamente, pelo Minho e por Timor - logrou espiar, com poderosos binóculos, um grupo de nacionalistas reunidos nas imediações do Largo de Camões... e, a julgar pelo modo como descreve a pujança de um grupo de jovens negros, não deve ter perdido tempo, mandando de imediato o seu lugar-tenente para os ir arregimentar, iniciando aquilo que será sem sombra de dúvida uma Mocidade Portuguesa de Futuro, multiracial, que assim é que é o futuro que ACR vislumbrou.
Talvez se tenha enganado foi quando pensou ter visto os militantes nacionalistas a irem-se refugiar no interior de um prédio das imediações... é que, actualmente, quem sai cada vez mais à rua, são precisamente esses militantes nacionalistas...
Mas enfim, se porventura algum militante nacionalista se esconde em tranquilo apartamento por recear a presença de negros nas ruas da capital, talvez valesse a pena saber qual o motivo que leva os militantes patrioto-cabo-verdeanenses de ACR a ficar em casa.
É que não se vêm em lado nenhum.
Poderia, quem não conhecesse a vastidão da Aliança Nacional, supor que tal grupo não tem qualquer militante para além dos seus dois líderes (dos quais ACR é o supremo), mas isso não é minimamente credível... pois se ACR clama ter conseguido, ao longo de trinta anos, levar a cabo uma acção de inimaginavelmente profunda acção cívica na sociedade portuguesa!... A menos, claro, que tal movimento seja tão profundo, tanto e tão subtilmente profundo, que, de tanta profundeza, continue enterrado.
Porque, o que é facto, é que não se vê a Aliança Nacional em lado algum a não ser num blogue.
Entretanto, escurecia e, com o cansaço, a capacidade auditiva de ACR deu de si - só isso justifica que o Dr. António Cruz Rodrigues tenha julgado ouvir os militantes nacionalistas a discutir quais as suas figuras emblemáticas para ostentar no combate político que se avizinha.
Tal coisa não poderia ter chegado aos ouvidos do ex-presidente do PNR pelo simples motivo de que os nacionalistas actuais não precisam de seguir figuras de heróis - basta-lhes, sobretudo aos líderes, a consciência do seu dever.
Assim, fica evidente que ACR, fatigado pelo esforço da vigília, confundiu o que observava à distância com o que no seio da sua bem oleada organização se passava.
Efectivamente, era em plena reunião do Estado Maior da Aliança Nacional que se mencionava o vulto ancestral de Camões como possível bandeira do Nacionalismo de Futuro, leia-se, patriotismo cristão rejuvenescido por operações plásticas efectuadas numa das clínicas das celebridades que esticam a pele para parecerem mais jovens.
Aí, ACR e os seus acólitos... ACR e o seu acólito... enfim, ACR e a sua gente, debatiam animadamente o modo como o busto de Camões serviria para infundir pavoroso tremor nas hostes nacionalistas, pois que o Épico que salvou os Lusíadas das águas do mar até elogiou a beleza de uma amada de pele escura, porreiríssimo, ó Brás, vem mesmo a calhar!, rejubilou ACR.
Entretanto, desconhece-se qual a conclusão final de tal troca de ideias entre ACR e o seu pessoal. Talvez se tenha recuado na escolha de tão excelso poeta quando alguém lembrou que, no mesmo poema em que Luís Vaz de Camões enaltece Dinamene, está também escrito algo como «Julga o povo que a mulher loira de olhos azuis é a mais bela»...
Mas!... Então é o próprio bardo trinca-fortes quem reconhece que o seu povo, o Português, preferia, na generalidade, o tipo físico dito norte-europeu??!...
Ó Brás, ó Brás, olhe que se calhar afinal é melhor não...
Mas!, tornaria ACR, convicto de que Camões seria, também ele, um dos bons, ou seja, um multiracialista convicto, nacionalista-de-futuro de primeira água, de certeza, de certezinha!!, vociferaria o vibrante comandante da AN, que o nosso grande poeta quis aconselhar a mistura racial, tão lusa nossa, quando descreveu os marinheiros portugueses do Gama a juntarem-se a belas mulheres na Ilha dos Amores! Pronto, já está outra vez a coisa bem armada! Camões amava a mulataria e não se fala mais nisso!...
Mas ai que alguém lhe lembraria - talvez Manuel Brás, talvez a senhora da limpeza - que, nos Lusíadas, Canto IX, aquilo da Ilha dos Amores talvez fosse imaginação do imortal vate... é que as Ninfas são da mitologia... mas se tais Entidades existem, enfim, então talvez valesse a pena dar uma espreitadela ao que está de facto escrito nos Lusíadas... e, na estrofe 84, fala-se das «mãos alvas» das Ninfas...
Mãos alvas o quê!, responderia, tremendo de indignação, ACR, que já estaria por essa altura a ficar seriamente aborrecido com os recuos do autor dos Lusíadas a respeito da miscigenação. «Aquilo eram luvas! Luvas, senhores, luvas!!»
Mas, ó Dr., então e a estrofe 71, que fala de alvas carnes e cabelos de ouro?...
ACR travaria então um bocado. Não se imagina o que teria dito a seguir. Talvez optasse por retornar entretanto a Dinamene... que, aliás, nem ACR sabe se era mesmo cabo-verdeana de boa e pura cepa, se moçambicana de raiz... ou se de alguma estirpe indiana e, nesse caso, a relativa escuridade da pele podia perfeitamente não ocultar uma certa fineza de feições, que mais a aproximaria das mulheres europeias do que das fêmeas cafres...
Mas estou certo que ACR tanto há-de a História Pátria investigar, que há-de encontrar um autêntico português, um nacionalista-de-futuro, nem que seja o alegadamente amulatado Padre António Vieira.
E, talvez prevendo a eventual eleição de tal intelectual de antanho como modelo da Portugalidade, começou já a treinar os seus sermões aos peixes. A diferença é que, enquanto António Vieira falava directamente com os peixes e as suas palavras iam parar aos ouvidos dos homens, o Dr. António da Cruz Rodrigues, por seu turno, fala directamente aos homens, mas os seus discursos acabam por só poder ser aceites pelas bogas, pelos carapaus de corrida e pelos tubarões que delas se aproveitarem para trazer mais cardumes de tropicais mares até às atlânticas águas nacionais.
Que estranho gosto, o do supremo líder da Aliança Nacional e do Vector, esse de prestar atenção a «cadáveres»... será morbidez?..
Ou teme talvez que os fantasmas se ergam?...
Entretanto, as suas observações nem sempre são as mais rigorosas. Desta feita, ACR olha assim de longe e forja um apanhado do que viu sem perceber e do que pensa ter visto.
A partir do seu quartel-general no Carmo - de onde, um dia destes, estenderá a sua subtilíssima rede de comando nacional, de Lisboa até à Jamba, passando, obrigatoriamente, pelo Minho e por Timor - logrou espiar, com poderosos binóculos, um grupo de nacionalistas reunidos nas imediações do Largo de Camões... e, a julgar pelo modo como descreve a pujança de um grupo de jovens negros, não deve ter perdido tempo, mandando de imediato o seu lugar-tenente para os ir arregimentar, iniciando aquilo que será sem sombra de dúvida uma Mocidade Portuguesa de Futuro, multiracial, que assim é que é o futuro que ACR vislumbrou.
Talvez se tenha enganado foi quando pensou ter visto os militantes nacionalistas a irem-se refugiar no interior de um prédio das imediações... é que, actualmente, quem sai cada vez mais à rua, são precisamente esses militantes nacionalistas...
Mas enfim, se porventura algum militante nacionalista se esconde em tranquilo apartamento por recear a presença de negros nas ruas da capital, talvez valesse a pena saber qual o motivo que leva os militantes patrioto-cabo-verdeanenses de ACR a ficar em casa.
É que não se vêm em lado nenhum.
Poderia, quem não conhecesse a vastidão da Aliança Nacional, supor que tal grupo não tem qualquer militante para além dos seus dois líderes (dos quais ACR é o supremo), mas isso não é minimamente credível... pois se ACR clama ter conseguido, ao longo de trinta anos, levar a cabo uma acção de inimaginavelmente profunda acção cívica na sociedade portuguesa!... A menos, claro, que tal movimento seja tão profundo, tanto e tão subtilmente profundo, que, de tanta profundeza, continue enterrado.
Porque, o que é facto, é que não se vê a Aliança Nacional em lado algum a não ser num blogue.
Entretanto, escurecia e, com o cansaço, a capacidade auditiva de ACR deu de si - só isso justifica que o Dr. António Cruz Rodrigues tenha julgado ouvir os militantes nacionalistas a discutir quais as suas figuras emblemáticas para ostentar no combate político que se avizinha.
Tal coisa não poderia ter chegado aos ouvidos do ex-presidente do PNR pelo simples motivo de que os nacionalistas actuais não precisam de seguir figuras de heróis - basta-lhes, sobretudo aos líderes, a consciência do seu dever.
Assim, fica evidente que ACR, fatigado pelo esforço da vigília, confundiu o que observava à distância com o que no seio da sua bem oleada organização se passava.
Efectivamente, era em plena reunião do Estado Maior da Aliança Nacional que se mencionava o vulto ancestral de Camões como possível bandeira do Nacionalismo de Futuro, leia-se, patriotismo cristão rejuvenescido por operações plásticas efectuadas numa das clínicas das celebridades que esticam a pele para parecerem mais jovens.
Aí, ACR e os seus acólitos... ACR e o seu acólito... enfim, ACR e a sua gente, debatiam animadamente o modo como o busto de Camões serviria para infundir pavoroso tremor nas hostes nacionalistas, pois que o Épico que salvou os Lusíadas das águas do mar até elogiou a beleza de uma amada de pele escura, porreiríssimo, ó Brás, vem mesmo a calhar!, rejubilou ACR.
Entretanto, desconhece-se qual a conclusão final de tal troca de ideias entre ACR e o seu pessoal. Talvez se tenha recuado na escolha de tão excelso poeta quando alguém lembrou que, no mesmo poema em que Luís Vaz de Camões enaltece Dinamene, está também escrito algo como «Julga o povo que a mulher loira de olhos azuis é a mais bela»...
Mas!... Então é o próprio bardo trinca-fortes quem reconhece que o seu povo, o Português, preferia, na generalidade, o tipo físico dito norte-europeu??!...
Ó Brás, ó Brás, olhe que se calhar afinal é melhor não...
Mas!, tornaria ACR, convicto de que Camões seria, também ele, um dos bons, ou seja, um multiracialista convicto, nacionalista-de-futuro de primeira água, de certeza, de certezinha!!, vociferaria o vibrante comandante da AN, que o nosso grande poeta quis aconselhar a mistura racial, tão lusa nossa, quando descreveu os marinheiros portugueses do Gama a juntarem-se a belas mulheres na Ilha dos Amores! Pronto, já está outra vez a coisa bem armada! Camões amava a mulataria e não se fala mais nisso!...
Mas ai que alguém lhe lembraria - talvez Manuel Brás, talvez a senhora da limpeza - que, nos Lusíadas, Canto IX, aquilo da Ilha dos Amores talvez fosse imaginação do imortal vate... é que as Ninfas são da mitologia... mas se tais Entidades existem, enfim, então talvez valesse a pena dar uma espreitadela ao que está de facto escrito nos Lusíadas... e, na estrofe 84, fala-se das «mãos alvas» das Ninfas...
Mãos alvas o quê!, responderia, tremendo de indignação, ACR, que já estaria por essa altura a ficar seriamente aborrecido com os recuos do autor dos Lusíadas a respeito da miscigenação. «Aquilo eram luvas! Luvas, senhores, luvas!!»
Mas, ó Dr., então e a estrofe 71, que fala de alvas carnes e cabelos de ouro?...
ACR travaria então um bocado. Não se imagina o que teria dito a seguir. Talvez optasse por retornar entretanto a Dinamene... que, aliás, nem ACR sabe se era mesmo cabo-verdeana de boa e pura cepa, se moçambicana de raiz... ou se de alguma estirpe indiana e, nesse caso, a relativa escuridade da pele podia perfeitamente não ocultar uma certa fineza de feições, que mais a aproximaria das mulheres europeias do que das fêmeas cafres...
Mas estou certo que ACR tanto há-de a História Pátria investigar, que há-de encontrar um autêntico português, um nacionalista-de-futuro, nem que seja o alegadamente amulatado Padre António Vieira.
E, talvez prevendo a eventual eleição de tal intelectual de antanho como modelo da Portugalidade, começou já a treinar os seus sermões aos peixes. A diferença é que, enquanto António Vieira falava directamente com os peixes e as suas palavras iam parar aos ouvidos dos homens, o Dr. António da Cruz Rodrigues, por seu turno, fala directamente aos homens, mas os seus discursos acabam por só poder ser aceites pelas bogas, pelos carapaus de corrida e pelos tubarões que delas se aproveitarem para trazer mais cardumes de tropicais mares até às atlânticas águas nacionais.
7 Comments:
:):):)
Genial!
Directo, incisivo e cáustico!... ACR não se apercebe de que cai no ridículo!... Se calhar, é o que eu digo, ele está mesmo senil!...
Quando é que são as Eleições na Grã Bretanha e Irlanda do Norte, que nos interessam especialmente? Creio que são em Janeiro, mas é estranho porque das outras vezes foram em Junho (de 1997) e em Maio (de 2001).
Só me resta desejar-lhe um Natal Branco!... :-) (Se não tem neve, pelo menos que seja passado com os nossos!...) Ou melhor, Feliz Saturnália e Feliz Januária Nova!... (Jano, Deus do fim e do início do ano, as entradas e das saídas, daí o termo "Boas Entradas")
Imperador
Hilariante! Em cheio!
NC
Essa das ninfas negróides também me pareceu bastante forçada por Antoine La Croix. Não estou a imaginar um boémio europeu como Camões, de gostos requintadíssimos e frequentador dos melhores bordéis lisboetas da época, para escrever elogiosamente sobre as primeiras cafres que lhe aparecessem à frente...
«Os Lusíadas» é um romance épico, aonde o critério é a imaginação. Se não há ninfas e elas estão lá descritas, porque não haveriam elas de ser alvas e de cabelos dourados, mesmo que situadas nas baixas latitudes? Ou teriam que ser negras, de narinas abertas, queixo salientado e nádegas avantajadas para corresponder, simplesmente, à realidade geográfica?
O último comentário é meu.
FilipeBS
basta de conversa ao la croix!
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