sexta-feira, março 19, 2004

O PEQUENO TERRORISMO QUOTIDIANO...

Gang de africanos aterroriza na Praia das Maçãs

Eram três horas da madrugada de domingo. Nuno, 27 anos, bebia uma Coca-cola na esplanada da discoteca “Maçãs Club”, na Praia das Maçãs, Sintra. O medo que o contagiou já lá estava desde o início de Janeiro, quando a violência começou. Mas, ao olhar pelo vidro da janela, o medo cresceu.

Cerca de quatro jovens negros distraíam militares da GNR, enquanto outros tantos remexiam dentro da viatura da patrulha. Se tiraram alguma coisa, Nuno não sabe. Certo é que, na manhã de domingo, um balão destinado ao teste de álcool apareceu no interior de um quiosque arrombado por aquele grupo.

A situação de terror começou no início deste ano. São cerca de 15 os jovens que desde então têm “visitado” a pacata vila à beira-mar, com actos de vandalismo que têm assustado não só os populares mas também a própria GNR de Colares.

Que o diga Carlos, um dos proprietários da discoteca “Maçãs Club”. Além de ter reduzido para 200 o número de clientes, que antes rondava os 600, já teve de trancar a porta com pessoas lá dentro, esperando “que o grupo parasse de pontapear a porta da discoteca” e seguisse rumo a outro sítio, quem sabe a Mem Martins, de onde eles gritam ser.

Também o jipe da GNR de Colares já foi apedrejado, acabando por fugir e levando consigo os militares incapazes de fazer frente à violência do grupo. O filho do proprietário do quiosque, Adolfo, disse que a GNR “não interveio” quando o “gang” entrou porta dentro do estabelecimento. Nada foi roubado, apenas a porta forçada.

Mas, antes, já tinham sido roubados telemóveis e dinheiro a muitos jovens que saíram de casa para uma noite de diversão e que acabaram aterrorizados pelo “gang” que teima em visitar a Praia das Maçãs.

Contactado pelo CM, o capitão Freitas comandante do Destacamento da GNR de Sintra, diz que o aparecimento deste grupo não é mais do que “um caso pontual”. Na madrugada de domingo houve sim uma “pequena situação de tentativa de perturbar a ordem pública”, mas os militares conseguiram impedir a entrada do grupo de cerca de 20 jovens em duas discotecas. Depois, quando seguiu viagem, o jipe da patrulha foi apedrejado pelo “gang”, reconhece o oficial. Para que a situação não se repita, o capitão Freitas admite que “estão a ser adoptadas estratégias mais preventivas, designadamente com binómios cinotécnicos”, ou seja, utilização de cães de patrulha. Mas é a própria população da Praia das Maçãs a apontar que os efectivos da GNR são escassos para tantos incidentes e na madrugada de domingo “apenas estavam três” militares, reforçados por mais três, mas em vão.

Correio da Manhã, 09/03/2004