quarta-feira, janeiro 07, 2004

OS FULGORES DO COSMOS

Foi noticiada, a 2 de Janeiro, a descoberta de uma zona da galáxia que pode conter vida.

Diz a notícia da tsf online:

A equipa de astrónomos das Universidades de Nova-Gales do Sul e de Swinburne diz ter encontrado uma zona da Via Láctea onde a combinação de astros é «suficientemente hospitaleira para que lá se desenvolva uma forma de vida».
(...)
Num artigo publicado na revista «Science», o astrónomo adianta que certas estrelas com capacidade para abrigar alguma forma de vida estão aliás visíveis a olho nú a partir da Terra.
(...)

É fascinante e causa ansiedade pensar que quando se olha para cima, de noite, se pode ver um brilho, ou mais de um brilho, um outro sol ou outros sóis, que, algures - a uma distância colossal que provavelmente nunca iremos transpôr - pode ter criado, alimentado e sustentado todo um mundo, ou mais do que um mundo, talvez com vida inteligente, talvez com várias raças, imensas culturas, um sem fim de ideias, inumeráveis guerras, numerosas desgraças, incontáveis esperanças, diversificados prazeres, bastantes bizarrias, variadíssimos tipos de heróis, calhordas, bandalhos, criminosos, homens comuns, nem bons nem maus, ou bons e maus, estúpidos e inteligentes em várias gradações, traidores e leais, tristezas e alegrias e mortes e vidas, em suma, uma vastíssima realidade, porventura semelhante à nossa, na qual talvez nos pudéssemos ver ao espelho, ou não, ou ver algo de totalmente diferente, inimaginável acervo de coisas por saber, como se não houvesse já tanta coisa ignorada neste mundo que habitamos.

Talvez lá também haja quem olhe para cá, e pense tudo isto, e o escreva numa coisa parecida com este blog e, se assim for, daqui o saúdo.

Claro está que eu é que sou o principal, o verdadeiro eu, não é esse outro gajo que, a quilos de anos luz, pode existir ou não, e mesmo que exista, este meu pensamento é meu, sou eu, não é ele.

E, como não aprecio a modéstia nem considero que a humildade seja virtude, aproveito para dizer que a riqueza e magna imensidão sem limite do universo, está, antes de mais, em nós, que o vemos e nos apercebemos de tudo isso. Não somos «pequeninos e insignificantes grãos de areia», como alguns gostam de dizer: os pequeninos e insignificantes grãos de areia não olham para o céu, que eu saiba, nem pensam nem dizem nada disto.

Sobre isto, vale a pena deixar aqui um poema bonito, dirigido, creio, à figura do cientista ateu:

Tu sabes tanto da vida
Diz-me da tua razão
Se Tudo isto quanto vês
Teve princípio ou não?
E se não teve princípio
Sempre existiu, certamente...
E como é que alguma coisa
Sem princípio, existiu sempre?
E se é que teve princípio
Como é que pode estar certo
Que sem um simples grão de areia
Haja quem faça um deserto?
Eu sei que isto é um tormento
Mas os tormentos são teus
Olha bem em teu redor
E quem sabe? encontras Deus!


Do ciber-tertuliante Modesto Martins, no fórum da notícia, em

http://tsf.sapo.pt/online/forum/interior.asp?id_artigo=TSF137676&seccao=ciencia&id_comment=1105462