sexta-feira, dezembro 05, 2003

RESPEITEM E SALVEM OS ANIMAIS - NÃO CUSTA MUITO

Lembrei-me de falar nisto a propósito de uma notícia que veio há umas semanas no Expresso online, sobre o provável abate de animais vadios (caninos e felinos) numa freguesia qualquer, ou num concelho, já não me lembro qual.

Como é que num país
onde se gastam rios de dinheiro com mais estádios do que aqueles que são necessários,
onde se perdoam milhões de contos das dívidas dos Palops,

que é um raio dum país europeu,

não há meios para sustentar uns pobres bichanos, tantas vezes leais companheiros das pessoas, e tão merecedores de respeito como qualquer pessoa (porque cargas de água é que a superioridade intelectual humana justifica que se dê mais valor à vida de um homem do que à vida de um animal, que também sente, e também sofre?)?

A amizade, ou o amor, que por vezes une um animal doméstico e um ser humano, não tem palavras, literalmente falando.
É um sentimento directo, que não precisa de coisas que habitualmente unem os humanos: vocábulos, expressões elaboradas ou poéticas, sexo.
Aqui, poderiam alguns dizer que o facto de prescindir de tudo isto, seria um sinal de menoridade, uma vez que se encontraria aquém das mais elevadas formas de comunicação humana. Mas quem já tiver conhecido uma relação de verdadeira amizade com um animal doméstico, sabe que tal sentimento não é em nada inferior a qualquer outro que se estabeleça entre pessoas. Tratando-se de uma emoção pura, directa, simples e tão forte, faz pensar se uma hipotética vida além morte não será algo de parecido.

Por alguma razão, se usa, na narrativa de lendas e mitos, a expressão «no tempo em que os animais falavam», o que evoca de imediato um mundo do passado mais longínquo, primordial, uma Idade de Ouro...