quinta-feira, novembro 13, 2003

OS ORDENADOS DOS POLÍTICOS

Fala-se, de quando em vez, da suposta necessidade de aumentar os ordenados dos políticos... com base na argumentação de que é preciso atrair à política «os mais competentes», porque um gestor ganha mais do que um político, e tal.

Ora, a governação não é só uma questão de «competência», no sentido tecnicista que lhe é dado por quem defende o aumento dos ordenados dos políticos.

Aliás, a expressão mais correcta nem é «não é só»(competência) - porque a governação exige, antes de mais, seriedade e sentido de dever nacional.

Sentido de dever nacional - um conceito estranho para a maioria dos tecnocratas. Para estes, a governação de um país é nada mais do que a governação de uma empresa maior, e pronto, ficam por aí. O capital é para eles a medida de todas as coisas.

E já se sabe que o capital não tem pátria, por muita afectação patriótica que alguns tecnocratas e grandes senhores do capital gostem de ostentar, de quando em vez, como uma máscara para enganar o povo.


A propósito, sempre me irritou a mania que tanto a «Direita» burguesa e apátrida, como a Esquerda (extrema ou liberal), tem, de pensar que pode manipular o Nacionalismo a seu bel-prazer. Mas isso fica para a mensagem seguinte...


Argumentam, tecnocratas e filo-tecnocratas, que os «baixos» ordenados dos governantes não atraem «os competentes».

Pois bem: quem vai ou deixa de ir para a governação tendo em mente uma questão de ordenados,
é bom que fique realmente afastado da governação, e, de preferência, de toda a política.

Aliás, esse tipo de gente até contribui para dar má fama aos políticos.

Ainda se os ordenados dos ministros, e mesmo dos deputados, fosse tão miserável que não desse sequer para comer... mas não creio que um cidadão mentalmente são sofra com fome em Portugal por ganhar apenas quatrocentos contos por mês. Terá ainda menos probabilidades de sofrer com fome se ganhar seiscentos contos por mês. E, se em vez de seiscentos, ganhar para cima de mil contos mensais (como o primeiro-ministro) , então aí é que estão arredadas as suas possibilidades de padecer por subnutrição.

Era o que faltava, agora, os ordenados dos ministros terem de competir com o dos gestores públicos, os quais ganham por vezes dez mil contos por mês. E, quem quisesse justificar o elevado gasto com os ordenados dos gestores públicos, evocaria a necessidade de atrair os competentes, os quais, de outro modo, antes quereriam ser gestores de empresas privadas...

Fazendo o caminho inverso, isto é, dos gestores privados aos ministros, é fácil perceber como é que a lógica capitalista afecta a governação dos países.

Ora, a lógica capitalista até pode ser boa, mas é no seu devido lugar, ou seja, servindo o Estado, porque a Economia só deve existir para servir as Pátrias.

O papel da Economia deve ser sempre, em todos os casos, subordinado à Política.


E, entretanto, é obsceno, e terceiro-mundista, que o primeiro-ministro português aufira por mês um ordenado maior do que o seu congénere espanhol, sabendo que o ordenado mínimo de Espanha é bem mais alto do que o de Portugal.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ler todo o blog, muito bom

21 de novembro de 2009 às 08:33:00 WET  

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