DIVISIONISMOS E TRAIÇÕES
A partir do blog sem blague de um camarada Puro e Duro como uma barra de ferro, tomei conhecimento de umas bizarrias - valiosas ou nem por isso - e de umas vergonhas que povoam a internet portuguesa.
Vejamos, primeiro, as bizarrias: o PNP e o MIL.
O PNP, Partido Nacionalista Português, até tem uma imagem interessante, com o cruzamento do Gládio e do Martelo a fazer lembrar o símbolo do CNR (Coordenadora Nacional Revolucionária), símbolo esse que pretendia, na CNR, evocar as raizes espirituais e marciais indo-europeias da identidade portuguesa.
Só que o PNP, em cima, acrescenta-lhe uma cruz cristã, que até nem fica nada bem, e o que ainda fica pior é o conteúdo do site, a propagandear uma ideologia passadista e particularmente perigosa, nomeadamente no que respeita a esse veneno ideológico que é o multi-culturalismo e a incitação à miscigenação racial - ou seja, o PNP apoia de braços abertos aquilo que mais ameaça a identidade nacional, identidade nacional que é e só pode ser essencialmente europeia, e não uma mistela afro-euro-pimba.
Voltando ao símbolo, a sua extrema semelhança com o do CNR faz pensar num plágio mal amanhado, de alguém que está interessado em dividir a Direita Nacionalista Portuguesa, por meio de grupúsculos, e que, se calhar, nem acredita nas ideias que diz defender. Ou pode-se também dar o caso de o site deste partido ser apenas uma construção utópica de um salazarista solitário, o que até nem me surpreendia nada, visto que, na era da internet, o indivíduo solitário, anónimo, possui uma imensa capacidade de disseminar as suas ideias.
O MIL, Movimento Integralismo Lusitano, é uma formação política de cariz monárquico e nacionalista que já mostra outra postura ideológica. É anti-imigracionista, é partidário da união com a Galiza, e realça também a questão de Olivença, caso de usurpação territorial por parte de Castela, que mantém na sua posse algo que só a Portugal pertence.
Diz-se seguidor da linha doutrinal de António Sardinha, um dos cérebros do Integralismo Lusitano.
Quanto às vergonhas, o caso é mais grave, ou, pelo menos, mais triste: PNA e PLPM.
Considerando a melhor das hipóteses, que é a de tratarem-se de sites feitos por dois ou três desocupados com ideias mirabolantes, ainda assim o perigo é real, por menor que seja, pois que, como se disse acima, vive-se hoje numa época em que um militante solitário mas decidido pode fazer a diferença, quanto mais não seja como incendiário que acende o rastilho do fogo que, mais depressa do que possa parecer, se propaga, descontrolado.
O PNA é o Partido Nacionalista Açoreano - como se os Açores fossem uma Nação, e não uma parte de Portugal, sem diferenças de peso no que respeita à língua e ao povo.
Ao menos, ainda tem algum sentido de humor, ora repare-se: «Pois há muito que somos habitantes destas ilhas Atlânticas,mesmo antes da chegada dos Portugueses à nossa querida pátria.»
Portanto, este movimento é composto de açores, isto é, de passarinhos de rapina, uma vez que não havia gente na ilha antes de Portugal a descobrir.
Mais grotesco ainda é o PLPM, Partido da Liberdade do Praino Mirandês.
Um grupo separatista de Miranda, que quer a independência em relação a Portugal.
O mais engraçado, é que reclama a posse de um idioma próprio distinto do Português (e é, quando muito, um dialecto, pois que o título do partido em questão é igual em Português e em «Mirandês») e, no entanto, toda a página está escrita na língua de Camões.
Diz o camarada do Puro e Duro que, afinal, contrariamente ao que ele pensava, Portugal tem situações como a da Córsega.
Eu não concordo. Nós não temos situações como a da Córsega - mas há por aí gente interessada em que venhamos a tê-las.
Recordo-me, por exemplo, do lançamento em Portugal de um dos mais recentes livros de Ásterix, há poucos anos.
Sabe-se que Ásterix é um rebelde gaulês que luta pela liberdade da sua pequena aldeia, num norte, contra o poder imperial de Roma.
Ora, em Portugal, houve alguém que teve a ideia de publicar a história de Ásterix em Português e em Mirandês.
Teve a ideia, e também teve o dinheiro.
E, assim, a minha conclusão final é a mesma que a do Puro e Duro:
De facto, há gente perigosa na internet portuguesa.
A partir do blog sem blague de um camarada Puro e Duro como uma barra de ferro, tomei conhecimento de umas bizarrias - valiosas ou nem por isso - e de umas vergonhas que povoam a internet portuguesa.
Vejamos, primeiro, as bizarrias: o PNP e o MIL.
O PNP, Partido Nacionalista Português, até tem uma imagem interessante, com o cruzamento do Gládio e do Martelo a fazer lembrar o símbolo do CNR (Coordenadora Nacional Revolucionária), símbolo esse que pretendia, na CNR, evocar as raizes espirituais e marciais indo-europeias da identidade portuguesa.
Só que o PNP, em cima, acrescenta-lhe uma cruz cristã, que até nem fica nada bem, e o que ainda fica pior é o conteúdo do site, a propagandear uma ideologia passadista e particularmente perigosa, nomeadamente no que respeita a esse veneno ideológico que é o multi-culturalismo e a incitação à miscigenação racial - ou seja, o PNP apoia de braços abertos aquilo que mais ameaça a identidade nacional, identidade nacional que é e só pode ser essencialmente europeia, e não uma mistela afro-euro-pimba.
Voltando ao símbolo, a sua extrema semelhança com o do CNR faz pensar num plágio mal amanhado, de alguém que está interessado em dividir a Direita Nacionalista Portuguesa, por meio de grupúsculos, e que, se calhar, nem acredita nas ideias que diz defender. Ou pode-se também dar o caso de o site deste partido ser apenas uma construção utópica de um salazarista solitário, o que até nem me surpreendia nada, visto que, na era da internet, o indivíduo solitário, anónimo, possui uma imensa capacidade de disseminar as suas ideias.
O MIL, Movimento Integralismo Lusitano, é uma formação política de cariz monárquico e nacionalista que já mostra outra postura ideológica. É anti-imigracionista, é partidário da união com a Galiza, e realça também a questão de Olivença, caso de usurpação territorial por parte de Castela, que mantém na sua posse algo que só a Portugal pertence.
Diz-se seguidor da linha doutrinal de António Sardinha, um dos cérebros do Integralismo Lusitano.
Quanto às vergonhas, o caso é mais grave, ou, pelo menos, mais triste: PNA e PLPM.
Considerando a melhor das hipóteses, que é a de tratarem-se de sites feitos por dois ou três desocupados com ideias mirabolantes, ainda assim o perigo é real, por menor que seja, pois que, como se disse acima, vive-se hoje numa época em que um militante solitário mas decidido pode fazer a diferença, quanto mais não seja como incendiário que acende o rastilho do fogo que, mais depressa do que possa parecer, se propaga, descontrolado.
O PNA é o Partido Nacionalista Açoreano - como se os Açores fossem uma Nação, e não uma parte de Portugal, sem diferenças de peso no que respeita à língua e ao povo.
Ao menos, ainda tem algum sentido de humor, ora repare-se: «Pois há muito que somos habitantes destas ilhas Atlânticas,mesmo antes da chegada dos Portugueses à nossa querida pátria.»
Portanto, este movimento é composto de açores, isto é, de passarinhos de rapina, uma vez que não havia gente na ilha antes de Portugal a descobrir.
Mais grotesco ainda é o PLPM, Partido da Liberdade do Praino Mirandês.
Um grupo separatista de Miranda, que quer a independência em relação a Portugal.
O mais engraçado, é que reclama a posse de um idioma próprio distinto do Português (e é, quando muito, um dialecto, pois que o título do partido em questão é igual em Português e em «Mirandês») e, no entanto, toda a página está escrita na língua de Camões.
Diz o camarada do Puro e Duro que, afinal, contrariamente ao que ele pensava, Portugal tem situações como a da Córsega.
Eu não concordo. Nós não temos situações como a da Córsega - mas há por aí gente interessada em que venhamos a tê-las.
Recordo-me, por exemplo, do lançamento em Portugal de um dos mais recentes livros de Ásterix, há poucos anos.
Sabe-se que Ásterix é um rebelde gaulês que luta pela liberdade da sua pequena aldeia, num norte, contra o poder imperial de Roma.
Ora, em Portugal, houve alguém que teve a ideia de publicar a história de Ásterix em Português e em Mirandês.
Teve a ideia, e também teve o dinheiro.
E, assim, a minha conclusão final é a mesma que a do Puro e Duro:
De facto, há gente perigosa na internet portuguesa.
1 Comments:
Perdón que no fable el português pero tú dices: e realça também a questão de Olivença, caso de usurpação territorial por parte de Castela.
Eso no es correcto. Castela no le usurpó nada a Portugal. Fue Espanha. Castela no existe desde o siglo XVI y os castelaos no tenemos ninguna culpa das tontadas de Espanha. Castela daría Olivença a Portugal pero es Espanha quien no quiere.
Obrigado desde Castela.
ribercas@hotmail.com
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