quinta-feira, dezembro 19, 2024

OPÁLIA - IO, SATURNÁLIA


Dia XIX de Dezembro é consagrado a ÓPIS, Deusa da Fertilidade e da Abundância, tida como consorte de SATURNO. Ao Seu nome liga-se a «Opulência». Esta celebração integra-se naturalmente no âmbito da SATURNÁLIA, que é a grande celebração da época.
A Opália, Opiconsivia ou Opeconsiva, é um antigo festival religioso romano celebrado no dia 25 de Agosto em honra de Ops («Abundância»), mais conhecida na época como Opis, Deusa dos recursos da agricultura e da riqueza. O festival marcava o fim da colheita, e tinha um festival correspondente no dia 19 de Dezembro a respeito do armazenamento dos cereais. 
O nome de Opis (Opis é a única forma atestada nos textos clássicos, Ops é o nominativo singular, mas não se lê nos autores da época) parece significar «Abundância, Riqueza, Dádivas, Munificiência». A palavra está também relacionada com «opus», ou «trabalho», no sentido de «trabalho da terra». O nome Opis parece ter a mesma origem indo-europeia que o sânscrito «Ápnas», ou «Bens», «Propriedade».
O culto de Opis foi lendariamente instituído pelo rei sabino Tito Tácio. Havia um famoso templo Seu no Capitólio. Inicialmente tinha um festival a 10 de Agosto.
Ops aparece representada em posição sentada, como é comum nas Divindades ctónicas, e tem na mão um ceptro ou um feixe de milho. 
A palavra latina consivia (ou consiva) deriva de conserere (semear). Opis era considerada como Deusa ctónica (subterrânea) que fazia a vegetação crescer. Uma vez que a Sua morada se situa debaixo da terra, Ops é invocada pelos Seus adoradores que se posicionam sentados com as mãos a tocar o solo, isto segundo diz Macrobius (Saturnália, I:10).
Consus poderia ser um nome alternativo de Saturno no aspecto ctónico como consorte de Ops, uma vez que, tal como SaturnoConsus também é considerado esposo de OpsConsus é o protector do cereal e dos silos de armazenamento subterrâneo. O festival de Consus, Consuália, era celebrado duas vezes por ano, sempre precedendo por poucos dias o de Ops: a 21 de Agosto, depois da colheita, e a 15 de Dezembro, depois das plantações.

A Opiconsívia ou Opália era supervisionada pelas vestais e pelo flâmine de Quirinus, arcaico Deus sabino (que alguns diziam ser Rómulo, fundador de Roma, deificado). A principal sacerdotisa na regia (sede do colégio dos pontífices) usava um véu branco, característico das virgens vestais. Uma corrida de carroças era levada a cabo no Circo Máximo. Cavalos e mulas eram coroados com flores e tomavam também parte na celebração.

É considerada por alguns como equivalente a CYBELE e a RHEA, Esposa de CRONUS, Mãe de ZEUS; os Seus sacerdotes eram os Coribantes.

"A Festa do O, em 18 de Dezembro, é assim descrita por Viterbo: «Beberete ou merenda, convite que se dava nas catedrais, colegiadas e mosteiros, em cada um dos sete dias antes do nascimento do filho de Deus; principiando nas primeiras vésperas da festa da Espectação, que também foi chamada Festa do O. É porque nestes sete dias se cantam as sete antífonas que todas principiam por O. Do O das antífonas passou o nome para os convites e merendas... Porém dos convites ou pitanças apenas hoje restam memórias entre as comunidades que vivem no claustro e que mais tenacidade mostram em conservar as antigualhas primitivas.» Viterbo cita um trecho das Memórias Cronológicas dos Prelados de Lamego sobre estes banquetes do Natal: «D'antigamente ta gora foi costume em esta nossa Sé e Cathedral de se fazerem e darem sete Os, ou convites por sete dias antes da Festa do Natal ao Cabido e clerezia da dita Sé, de vinhos brancos, e vermelhos, e fructas e tamaras e passas: cada hum segundo mais avondosamente podia. E como se hi juntava muita gente de desvairadas maneiras, entre as quaes eram vis pessoas, que depois de beberem diziam e faziam muitas enormidades e alevantavam arruidos e contendas, que eram azo de se seguirem algumas violências...» As consoadas do Natal são uma continuação destes convites."
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In «O Povo Português nos Seus Costumes, Crenças e Tradições», Volume II, por Teófilo Braga, páginas 225-6, Publicações Dom Quixote, Lisboa, originalmente publicado em 1885.