CANDELÁRIA - CELEBRAÇÃO DE BRÍGIDA, CERES...
Festeja-se hoje no folclore nacional a Candelária, Festa da Nossa Senhora da Luz ou das Candeias... o que veio substituir, pela força, antigas celebrações religiosas da Europa antiga, que na Celticidade viriam a dar o Imbolc e na Romanidade as purificações de Fevereiro e não só.
O papa Inocêncio XII escreveu o seguinte, glorificando uma possível senão provável usurpação:
«Porque é que nesta festa transportamos velas? Porque os gentios dedicaram o mês de Fevereiro aos Deuses infernais, e como no princípio disso Plutão raptou Prosérpina, e a Sua mãe Ceres procurou-A na noite com candeias acesas, assim eles, no início do mês, andavam pela cidade com velas acesas. Porque os santos padres não conseguiram extirpar este costume, ordenaram que os cristãos deveriam andar com velas em honra da Virgem Abençoada; e assim o que fora feito antes em honra de Ceres, é agora feito em honra da Virgem Maria.» (Fonte: Wikipedia)
Quanto à supracitada Imbolc, é festa céltica que tem Brigid ou Brígida como centro, Deusa dos Rebanhos mas também do Fogo, dos Ferreiros, da Poesia, das Curas. O termo «Imbolc» parece vir do céltico irlandês ou goidélico «na barriga», referindo a gravidez das ovelhas. Trata-se pois de uma ocasião de exaltação da luz nascente, a vinda, ainda longínqua, da Primavera. Pode ser lido mais sobre esta Divindade, e a provável celebração de Imbolc na Hispânia céltica, neste tópico: http://gladio.blogspot.pt/2009/02/imbolc-2009-e-celebracao-de-juno-e-de.html, que refere, entre outras coisas, o santuário-calendário rupestre de Ulaca, na Vetónia, paredes meias a leste da Lusitânia. No que toca a Brígida, Cujo nome poderá ter como versão alternativa Brigântia, que talvez tenha dado o nome a Bragança, habitada pelos Brigantinos, bem como a Bregenz (Áustria) e à antiga tribo dos Brigantes (situados onde hoje é o norte de Inglaterra), é valiosa a série de pormenores que uma investigadora portuguesa encontrou a respeito da possível presença de elementos referentes a esta Deusa no Lumiar, como aqui foi noticiado: http://gladio.blogspot.pt/2012/06/brigida-no-lumiar-celticidade-sagrada.html
Aqui há tempos embarquei numa proposta que circulava na Internet para que se compusesse um poema em honra de Brígida e saiu-me o seguinte, por causa da Sua potestade sobre a gravidez, a protecção do lar, a própria fortaleza do mesmo («-briga» é terminação de várias cidades-fortificações da Hispânia romana de fundo céltico, como por exemplo Conímbriga, Miróbriga ou Talábriga), além do Seu carácter trinitário, e do Fogo e dos Ferreiros, e das Alturas, e da Luminosidade sobre o espírito, e da saúde, e da Via Láctea... :
Abriga nos ventres a vida
Abriga o lar e o berço
Abriga e nunca é vencida
Senhora que é una em terço
Rútila face, semblante d'alvor
Brilho que o espírito acende
Eleva o olhar ao Singelo Fulgor
Cintila no Alto e entende
Láctea corrente virtude
À pala, grei e saúde
Visão de cristal rompe o véu
Do tempo debaixo do céu
Ouve, Brigit,
Sopro de luz hiperbórea
Vibrante chama marmórea
Primeva nos baluartes
Rainha da Forja e das Artes
Do Castro Celeste que guarda tesoiros
Riquezas da alma mais ferros e oiros
Mestria do verso e do aço
Conduz aquilo que faço...
Há entretanto quem diga que neste dia 2 se honrava também Juno Februra, Deusa Celestial da Paixão e dos Prazeres.
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