EUROPA - A DIREITA NACIONALISTA A PERCEBER COMO A UNIÃO EUROPEIA PODE SER ÚTIL
"Pouco a pouco, a sala de jantar bem iluminada de um hotel rural perto de Potsdam enche-se de gente. São cerca de duas dúzias, uma mistura de membros da AfD (Alternativa para a Alemanha), seguidores do movimento Identitário e membros de fraternidades estudantis nacionalistas (Burschenschaft). Entre os participantes estão também pessoas da classe média – médicos, advogados, políticos e empresários. Até dois membros do Partido Democrata-Cristão (CDU), de Centro-Direita, participaram, ambos pertencentes à associação conservadora de base do seu partido, a "União dos Valores" (WerteUnion)”, assim começa o texto do site de investigação Correctiv, cuja reportagem ajudou a levar para a rua as maiores manifestações anti-fascistas na Alemanha, com mais de um milhão e meio de pessoas presentes, e deu força ao pedido de ilegalização da AfD, partido que está em segundo lugar nas sondagens na Alemanha e que é um dos que mais sobe no estudo europeu, encomendado pelo European Council on Foreign Relations (ECFR).
“A neve está a cair sobre os carros estacionados no pátio. Os acontecimentos que vão ter lugar hoje no hotel Landhaus Adlon vão parecer um drama distópico. Só que são reais. E vão mostrar o que pode acontecer quando os líderes das ideias de Extrema-Direita, os representantes do AfD e os simpatizantes ricos se juntam. O seu objectivo comum é a deportação forçada de pessoas da Alemanha, com base num conjunto de critérios racistas, independentemente de terem ou não cidadania alemã.”, escrevem os jornalistas do Correctiv.
O site de investigação considera que estamos em presença de uma reunião que pode ter efeitos concretos, dado o poder e a fortuna das pessoas envolvidas. Será muito mais do que uma reunião de ideólogos de Direita. Alguns são incrivelmente ricos. Outros têm muita influência no seio do AfD. Um deles gabou-se, no hotel, de falar em nome da direcção do AfD. É o assessor pessoal de Alice Weidel, a líder do partido.
No estudo do ECFR prevê-se que, pela primeira vez desde que há Parlamento Europeu, a Extrema-Direita possa fazer maioria com a Direita, e que sobretudo possa conquistar tantos lugares que pode comprometer as decisões europeias em matéria de clima e de política externa. Mesmo em matéria de imigração, apesar de já ter sido aprovado um pacote de medidas europeias a reboque das reivindicações dessa mesma Extrema-Direita, as medidas podem tornar-se mais radicais. Como o chamado “Plano Mestre” e “remigração” que foi abordado na reunião alemã no início destas linhas.
O novo estudo do ECFR, “A sharp right turn: A forecast for the 2024 European Parliament elections”, é sustentado por recentes sondagens de opinião dos 27 Estados-membros da UE e moldado por um modelo estatístico do desempenho dos partidos nacionais em anteriores eleições para o Parlamento Europeu, incluindo os escrutínios de 2009, 2014 e 2019.
O documento prevê uma “viragem acentuada à Direita” nas próximas eleições para o Parlamento Europeu – com o grupo Identidade e Democracia (ID) de partidos de Extrema-Direita e os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) a registarem avanços muito significativos.
O estudo revela que os partidos da Direita populista “anti-europeia” estarão no topo das sondagens em pelo menos nove Estados-membros da UE e ficarão em segundo ou terceiro lugar noutros nove países do bloco.
Os resultados mostram que os dois principais grupos políticos – o Partido Popular Europeu (PPE) e a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) – verão a sua representação diminuir ainda mais. No entanto, o PPE continuará a ser a maior bancada no próximo parlamento, manterá o poder de definição da agenda e terá uma palavra a dizer na escolha do próximo Presidente da Comissão Europeia.
Os co-autores deste estudo, Simon Hix e Kevin Cunningham, consideram que esta mudança deve servir de “alerta” para os decisores políticos, dada a possível ameaça que representa para os actuais compromissos da UE – incluindo o apoio à Ucrânia e o Acordo Verde Europeu.
“As conclusões do nosso novo estudo indicam que a composição do Parlamento Europeu se deslocará acentuadamente para a Direita nas eleições deste ano, o que poderá ter implicações significativas para a capacidade da Comissão Europeia e do Conselho de levar por diante os compromissos ambientais e de política externa, incluindo a próxima fase do Pacto Ecológico Europeu”, afirma Kevin Cunningham.
Comentando as implicações políticas destes resultados, Simon Hix, coautor e presidente da cadeira de política comparada Stein Rokkan do Instituto Universitário Europeu de Florença, recordou a situação mundial em que vivemos: “Num contexto de populismo agitado, que poderá atingir um novo pico com o regresso de Donald Trump à presidência dos EUA no final deste ano, os partidos das correntes políticas dominantes têm de acordar e fazer um balanço claro das exigências dos eleitores, reconhecendo simultaneamente a necessidade de uma Europa mais interventiva e poderosa na cena mundial.”
Os partidos “populistas” anti-europeus estão em vias de emergir como os principais vencedores das próximas eleições europeias, com as projecções a mostrarem que estarão no topo das sondagens em países como a Áustria, a França e a Polónia, e que terão um forte desempenho na Alemanha, Espanha, Portugal e Suécia em Junho de 2024. O declínio previsto do apoio aos partidos centristas até agora dominantes, juntamente com um aumento dos partidos extremistas e dos partidos mais pequenos, é susceptível de colocar ameaças significativas a pilares cruciais da agenda europeia, incluindo o Pacto Ecológico Europeu, as políticas migratórias, a continuação do apoio à Ucrânia e, mesmo, o futuro do alargamento da UE.
O Chega pode passar a AD
Em Portugal as principais alterações, dadas pelo estudo, são a subida da Extrema-Direita, podendo eleger quatro euro-deputados, e a perda de três euro-deputados no grupo da Esquerda, que na anterior eleição tinham eleito dois do BE e dois da CDU.
O grupo da Esquerda tem um desempenho desigual, subindo significativamente na Irlanda e Alemanha, e descendo em Portugal, por exemplo. No entanto, fica por saber se se passará assim, porque ainda não é claro em que grupo europeu se vai incorporar o novo partido de Esquerda alemão anti-imigrante e a coligação espanhola Sumar.
Sobre a subida da Extrema-Direita em Portugal, Almeida Ribeiro, director da empresa de sondagens Aximage caracteriza, para o DN, as regras que têm mapeado a política portuguesa: “O eleitorado português está dividido em em dois hemisférios: Esquerda e Direita. E dentro da Direita está a ocorrer um fenómeno de transferência de pessoas e votantes para as novas formações políticas. E verdadeiramente a única novidade é o Chega – no estilo, na linguagem, nos temas e fixou-se naquilo que as pessoas querem ouvir e não naquilo que os líderes querem dizer. Esta é uma característica clássica destes partidos populistas e de Extrema-Direita. É uma das coisas que explica a atracção que eles exercem sobre o eleitorado jovem: são novidade, dizem as coisas de uma forma não habitual , hostil e provocatória.”
Para Almeida Ribeiro, as nossas sociedades reconfiguram-se e estilhaçaram-se. “As sociedades contemporâneas modernas fragmentaram-se e tribalizaram-se. Isso tem muito que ver devido a não serem tão homogéneas e aos próprios dispositivos de comunicação e as redes sociais.”
Os conflitos sociais deixaram muitas vezes de serem expressão das desigualdades económicas, defende o director da Aximage. “Hoje os fenómenos ligados à pobreza e às desigualdade estão mais associados aos subúrbios , à imigração e a franjas de população que não constituem o grosso do eleitorado. Por isso é que eu não associo o crescimento da Extrema-Direita a questões económicas, como tradicionalmente se pensava, em países industrializados que tinham uma classe operária forte e partidos que representavam esses sectores. As sociedades alteraram-se.”
Uma das bandeiras da Extrema-Direita populista é o perigo da imigração, mas se formos a ver as estatísticas são menos de 7% os emigrantes fora da Europa na União Europeia. Sobre isso, Almeida Ribeiro alerta que há pesos diferentes e superiores em outros países e afirma que, mais que sobre factos, a Extrema-Direita concentra-se no medo que projeta: “Enquanto os partidos políticos de protesto tradicional exploravam as questões relacionadas com a exploração, os partidos populistas de Extrema-Direita exploram o medo. Todo o discurso deles é para provocar medo e emoções e transformar isso em voto. Isso é um dos segredos da sua atractividade”.
Para o director da Aximage ainda não se atingiu o limite do crescimento do Chega em Portugal: “É possível um cenário em que o Chega ultrapassa a AD. Há sempre um cisne negro à espera. Os sinais estão à vista, não só o número de votos, mas da transferência de pessoas dos partidos tradicionais de Direita para o Chega”.
Os resultados das próximas eleições no Parlamento Europeu podem servir de precursor para outras eleições nos Estados-Membros, incluindo na Áustria, Alemanha e França.
Na Áustria, qualquer aumento de apoio ao FPÖ pode prolongar-se até às eleições nacionais, previstas para Outubro de 2024, enquanto o desempenho da AfD alemã, nas europeias, pode dar mais força à Extrema-Direita germânica para as eleições parlamentares em 2025. Entretanto, a França encontra-se num momento crucial. No meio de uma taxa de desaprovação de 70% do Governo de Emmanuel Macron e de um apoio crescente ao partido de Direita radical de Marine Le Pen, o Presidente francês remodelou recentemente o seu Executivo, marcando uma mudança pronunciada para a Direita, adoptando medidas restritivas para a imigração. Estas medidas , juntamente com os resultados das eleições europeias de Junho, poderão marcar o tom das eleições presidenciais do país em 2027.
Tópicos de uma grande mudança política
Viragem política: As eleições para o Parlamento Europeu de 2024 assistirão a uma grande viragem à Direita em muitos países, com os partidos populistas da Direita radical a ganharem votos e eleitos em toda a UE, e partidos de Centro-Esquerda e verdes a perder votos e euro-deputados.
Geografia da mudança: É provável que os populistas anti-europeus estejam no topo das sondagens em nove Estados-membros (Áustria, Bélgica, República Checa, França, Hungria, Itália, Países Baixos, Polónia e Eslováquia) e em segundo ou terceiro lugar em outros nove países (Bulgária, Estónia, Finlândia, Alemanha, Letónia, Portugal, Roménia, Espanha e Suécia).
O fim do Centrão: De acordo com o estudo, quase metade dos lugares serão ocupados por deputados fora da “super coligação” dos três grupos centristas.
Maioria de Direita: Uma coligação populista de Direita, composta por democratas-cristãos, conservadores e deputados da Direita radical dominará o novo Parlamento Europeu. A Direita populista somada ao Partido Popular Europeu, da Direita clássica, poderá obter, pela primeira vez, uma maioria de lugares.
Mudança dramática de políticas: Esta “viragem à Direita” terá consequências significativas para as políticas a nível europeu, o que afetará as escolhas de política externa que a UE pode fazer, em especial questões ambientais, em que a nova maioria se oporá a uma ação ambiciosa de Bruxelas para fazer face às alterações climáticas. São também certas alterações mais radicais na política de imigração.
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Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: https://www.dn.pt/222809687/extrema-direita-ja-nao-quer-sair-da-uniao-europeia-basta-conquista-la/
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É especialmente auspicioso que a presença nacionalista no parlamento europeu já tenha servido para que ali se aprovassem medidas contra a iminvasão - o que comprova o que tenho dito desde há anos, praticamente sozinho neste país: a Democracia leva água ao moinho do Nacionalismo. Tanto é isto verdade que um dos analistas chega ao ponto de dizer que, neste âmbito, «os políticos dizem o que o povo quer ouvir e não o que os políticos querem dizer», isto é oiro, absolutamente oiro: isto reforça a evidência do que digo, para ajudar a perceber o poder que o Nacionalismo alcança, que até faz a classe política ter de prescindir da merda dos seus valores e discursos que agradam à sua laia das elites para começar a dizer o que realmente agrada ao povo.
É também bom sinal que tenha já aparecido um partido de Esquerda alemão que também é contrário à imigração - significa porventura que a anti-imigração está a extrapolar a sua tradicional circunscrição nos sectores mais radicais da Direita, tornando-se cada vez mais «mainstream».
Quanto à retórica intelectualista sobre a motivação da votação «fascista», a do «medo», tem piada que, recentemente, um antropólogo norte-americano veio dizer que o que realmente motiva a Ultra-Direita não é o medo e sim o ódio... No que respeita medos, pois medos há muitos - e aquele que aqui bem salta à vista é o medo, o medinho, o cagaço puro, o medíssimo, que as elites sentem nas tripas assim que aparece no horizonte uma formação política nacionalista, e este pavor é justificado pelo facto, bem conhecido e mal disfarçado pelas elites, de que o Nacionalismo é, de facto, a tendência política com mais potencial de crescimento no seio das classes populares, pois que o Nacionalismo mais não é do que o tribalismo em forma sistematizada e regular, o apelo da estirpe, da raça, do sangue, a ser trabalhado para se transformar num cristal de brilho e dureza inigualáveis...
No que respeita ao título, pois aí tenho de dizer que também já ando a dizer isso há anos: a UE em si significa apenas a união dos Europeus em posição relativamente igualitária, o que só pode ser bom, sobretudo para os países mais pequenos, e a Portugal em particular já foi de algum modo útil, pois que o pacote de medidas anti-imigração que foi aprovado no parlamento europeu não passaria no parlamento tuga (português é outra coisa), que ainda está longe de ser maioritariamente nacionalista; os Europeus precisam inequivocamente de estar unidos diante dos poderios imperiais do resto do planeta, nomeadamente o da China, nenhuma potência da Europa Ocidental pode isoladamente enfrentá-los; o resto é estrutura que se pode esvaziar em matéria de valores, até certo ponto, para a preencher com outros valores...
Quanto à retórica intelectualista sobre a motivação da votação «fascista», a do «medo», tem piada que, recentemente, um antropólogo norte-americano veio dizer que o que realmente motiva a Ultra-Direita não é o medo e sim o ódio... No que respeita medos, pois medos há muitos - e aquele que aqui bem salta à vista é o medo, o medinho, o cagaço puro, o medíssimo, que as elites sentem nas tripas assim que aparece no horizonte uma formação política nacionalista, e este pavor é justificado pelo facto, bem conhecido e mal disfarçado pelas elites, de que o Nacionalismo é, de facto, a tendência política com mais potencial de crescimento no seio das classes populares, pois que o Nacionalismo mais não é do que o tribalismo em forma sistematizada e regular, o apelo da estirpe, da raça, do sangue, a ser trabalhado para se transformar num cristal de brilho e dureza inigualáveis...
No que respeita ao título, pois aí tenho de dizer que também já ando a dizer isso há anos: a UE em si significa apenas a união dos Europeus em posição relativamente igualitária, o que só pode ser bom, sobretudo para os países mais pequenos, e a Portugal em particular já foi de algum modo útil, pois que o pacote de medidas anti-imigração que foi aprovado no parlamento europeu não passaria no parlamento tuga (português é outra coisa), que ainda está longe de ser maioritariamente nacionalista; os Europeus precisam inequivocamente de estar unidos diante dos poderios imperiais do resto do planeta, nomeadamente o da China, nenhuma potência da Europa Ocidental pode isoladamente enfrentá-los; o resto é estrutura que se pode esvaziar em matéria de valores, até certo ponto, para a preencher com outros valores...
3 Comments:
«Se necesita capital humano para reconstruir el país y para la inversión, ¿quién va a abrir una nueva empresa o un nuevo banco en un país con tan poca población?", observó.
Cualquier gobierno de posguerra tendrá que abrir de par en par sus fronteras para que entren nuevos inmigrantes si quiere que el país se recupere, afirmó.
"Políticamente, Ucrania tiene que estar dispuesta a aceptar esta realidad y ser muy inteligente en su política migratoria. Tendremos que atraer a muchos emigrantes de otros países»
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Os Identitários já tinham dito o óbvio:
- aqueles que compraram a Ucrânia (BlackRock, etc) vão impor uma substituição populacional aos atrasados mentais ucranianos.
Olha, paciência, não fossem atrasados mentais.
Parece que a onda nacionalista ou identitária está em força em Portugal e em toda a restante Europa.
«Os Identitários já tinham dito o óbvio:
- aqueles que compraram a Ucrânia (BlackRock, etc) »
Esses não são em nada piores do que aqueles que querem eliminar a Ucrânia como Nação, e que alguns pseudo-identitários defendem como atrofiados do miolo & da espinha que são.
Efectivamente,
- é o Kremlin que resolve invadir a Ucrânia, o que acarreta a matança de centenas de milhares de jovens europeus nas duas maiores Nações eslavas, que são também duas das maiores Nações europeias;
- é o Kremlin que manda milhares de soldados ASIÁTICOS invadir, violar, torturar e assassinar BRANCOS ESLAVOS;
- é o Kremlin que quer manter um império MULTIRRACIAL e MULTICULTURAL, o que significa o SACRIFÍCIO e a ANIQUILAÇÃO das Nações, incluindo a Ucrânia por se atrever a resistir;
- é o Kremlin que já fala abertamente na necessidade de receber IMIGRAÇÃO para compensar a sua baixíssima natalidade e a CAGADA SANGRENTA em que entretanto meteu o seu Povo.
Perante isto, os atrofiados do miolo & da espinha nada vêem porque continuam seduzidos e excitados pela imagem de um líder «com eles no sítio!» que massacra populações civis em nome da sua vontade de poder e de esmagar os que ele julga serem mais fracos, como bom bully e gangster que sempre foi desde a infância.
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