domingo, janeiro 08, 2023

SOBRE A IMIGRAÇÃO EM MASSA QUE O ACTUAL GOVERNO IMPINGE AO POVO

Imagine um país economicamente desenvolvido em que qualquer pessoa pode entrar livremente com a sua família em busca de trabalho. Um país que não deporta quase ninguém e que tem um serviço de estrangeiros e fronteiras em processo de desmantelamento. Um país que permite a regularização permanente de imigrantes em situação irregular e que ostenta uma das leis da nacionalidade mais generosas do mundo. Este paraíso migratório, paradoxalmente integrado num espaço federal de integração política crescentemente hostil ao acolhimento de imigrantes económicos e refugiados, chama-se – já provavelmente adivinhou – Portugal.
Há muito boas razões que recomendam a adopção de políticas migratórias liberais e de acesso célere à cidadania. As consequências económicas do espectro do Inverno demográfico decorrentes de décadas de reduzida natalidade e da fuga contínua de cérebros dificilmente podem ser contrariadas sem um elevado grau de abertura à imigração. Não há também qualquer justificação moral para condenar alguém sem recursos a viver eternamente num país pobre e sem perspectivas de desenvolvimento. A chocante disparidade de desenvolvimento entre o Norte e o Sul global tornam, aliás, inevitáveis os fluxos migratórios, sendo obviamente preferível criar formas acessíveis de imigração legal que evitem as redes de imigração clandestina e de tráfico de seres humanos. A integração social plena dos imigrantes numa comunidade política nacional depende, por último, e em larga medida, do reconhecimento do estatuto jurídico-político de cidadão.
Mas uma política de fronteiras abertas é, como bem se sabe, politicamente tóxica. Ainda que implique ganhos económicos a prazo, pode ter efeitos nefastos a curto prazo sobre as pessoas mais pobres nos países de destino, deprimindo o custo do trabalho não qualificado, sobreaquecendo o mercado da habitação e aumentando a competição por prestações sociais. O sucesso de plataformas populistas nos Estados Unidos (Trump) e um pouco por toda a União Europeia (v.g. Farage, Le Pen, Orbán, Abascal ou Meloni) tem estado intimamente ligado ao alimentar do medo das consequências de uma putativa invasão migratória.
Parece ser pacífico, em todo o caso, que a questão das imigrações não terá ainda afectado significativamente o sistema político português, muito provavelmente pela prosaica razão de o país não ter sido, por enquanto, sujeito a fluxos migratórios comparáveis, em termos relativos, ao americano ou ao dos restantes países da Europa Ocidental. Mas tal pode muito bem vir a ser o resultado da surpreendente consagração, em Outubro de 2022, de uma nova via legal e expedita de imigração para Portugal: o visto de procura de trabalho. Qualquer pessoa oriunda do empobrecido Sul global pode agora entrar em Portugal para procurar trabalho sem grandes entraves burocráticos, salvo aqueles que resultam das dificuldades práticas de acesso aos consulados portugueses.
O visto de procura de trabalho, apesar de resolver em teoria o problema colocado pelas redes de auxílio à imigração ilegal, é uma solução que apresenta problemas à partida e à chegada. À partida, porque o objectivo imediato de combate à escassez de mão-de-obra esbarra na incapacidade dos postos consulares de responderem a um número sem precedentes de pedidos de vistos, sendo hoje vários os Estados, sobretudos dos PALOP e até o Brasil, em que é praticamente impossível obter vaga para atendimento. Não só quem quer beneficiar desta oportunidade não a consegue efectivar, como ficam ainda sem conseguir atendimento – e, assim, obter visto – todos os outros que já se encontravam à espera de viajar para Portugal, como os beneficiários de reagrupamento familiar, estudantes e pessoas que já possuem contracto de trabalho. São conhecidos os relatos de famílias que não conseguem reunir-se sem pagarem centenas de euros para “comprarem”, no mercado negro de Bissau, uma vaga de atendimento no consulado.
À chegada, porque manifestamente não contribui para o objectivo de promover imigrações seguras ordenadas. O Governo tem alguma estimativa de quantas dezenas ou centenas de milhares de pessoas pretendem entrar em Portugal para procurar trabalho? Tem preparadas medidas para acolher estas pessoas que evitem a repetição dos casos noticiados de grupos de timorenses recém-chegados que viveram semanas em tendas em Lisboa? E o que vai fazer aos beneficiários de vistos que em quatro meses (ou seis meses, em caso de prorrogação) não encontrarem trabalho? Findo tal prazo, estas pessoas têm de abandonar o país… O problema é que Portugal não procede a retornos sistemáticos de pessoas em situação ilegal, como o exigem as normas europeias, o que se explica pela natureza impopular da implementação de uma política de expulsão, a qual é frequentemente vista como violadora de direitos humanos. A hipótese de um imigrante ser expulso com a sua família, especialmente se tiver filhos menores em idade escolar, é virtual. A isto acresce a circunstância de Portugal ter uma política de regularização permanente, que ficará disponível para o imigrante, caso este venha a arranjar emprego mais tarde e trabalhe durante um ano.
O incentivo à imigração, que já era elevado pela situação conjuntural de pleno emprego e pela perspetiva de acesso fácil a autorização de residência e, a curto prazo, ao graal da cidadania (cinco anos de residência), torna-se irresistível, pois agora há uma via legal e fácil para o efeito. Estará o país preparado para acolher um fluxo migratório sem precedentes? A resposta é não. Os imigrantes qualificados vão enfrentar o inferno burocrático da equivalência de diplomas e da necessidade de autorização prévia para o exercício de profissões regulamentadas, como a de médico ou de advogado. Muitos dos não qualificados ficarão sujeitos às vergonhosas condições observadas nas estufas de Odemira resultantes da falta de escrúpulos de empregadores e da falência dos mecanismos de fiscalização estadual. O fim das entradas irregulares no país não irá terminar com situações de exploração humana semelhantes às de Odemira, provavelmente só agravará o problema porque levará à presença no território português de um número muito significativo de pessoas desesperadas para encontrar meios de subsistência para si e para as suas famílias. As redes de tráfico de seres humanos e de exploração laboral não perderão a oportunidade para se aproveitar da disponibilidade destes imigrantes para suportar temporariamente condições de trabalho sub-humanas na expectativa de aceder à protecção social decorrente da regularização da sua presença no território português e, rapidamente, aos direitos políticos inerentes ao estatuto de cidadania. Estas pessoas formam hoje, já, uma casta explorada sem direitos, que vive num limbo jurídico que se eterniza à espera de uma resposta do Estado português ao número avassalador de pedidos de autorização de residência e de nacionalidade.
Essa resposta pode tardar muitos meses, ou mesmo anos, mas chegará. E quando chegar, verificar-se-á que uma política de “portas abertas” não tem em conta que um Estado social tem capacidades de acolhimento limitadas, se quer garantir que todos os que habitam no seu território não vivam abaixo do limiar da pobreza. Se se confirmarem as perspectivas sombrias de recessão económica para os próximos anos, verificaremos a incapacidade do Estado social para suportar os encargos acrescidos com prestações sociais sem novos aumentos de impostos. Será provavelmente esse o momento em que o discurso identitário da nossa Extrema-Direita se vai definitivamente europeizar, esquecendo os ciganos e focando-se nos imigrantes/portugueses de segunda. E talvez também seja esse o dia em que acordamos com uma Meloni como primeira-ministra.
-
Francisco Pereira Coutinho é professor na Nova School of Law. Ana Rita Gil é professora na Faculdade de Direito de Lisboa. Emellin de Oliveira é doutoranda na Nova School of Law.

                                                       *
Agradecimentos a quem aqui trouxe este artigo: https://expresso.pt/opiniao/2022-12-23-Anatomia-de-um-desastre-anunciado-33d24f37

                                                   * * *

Quando até um jornal de Esquerda liberal publica uma opinião deste teor, pode-se imaginar a profundidade do mal que está a ser feito...
É fartar vilanagem. A maior parte da elite reinante que impõe essas políticas ao Povo não é devidamente punida por isso, eventualmente até morrerá sem pagar pelos seus crimes, pelo menos até ver. Não há, todavia, mal que sempre dure. Pode ser que uma Meloni e/ ou um Orbán olhem para aqui e comecem a criar problemas sérios no parlamento europeu para obrigar a merda do governo tuga - português é outra coisa - a ter mais pudor na sua abjecta sanha de transformar o «seu» gigantesco acampamento semi-nómada à beira-mar plantado num caldeirão de massa castanha alógena.
Não há rigorosamente nenhuma defesa possível, verdadeiramente racional, da imigração em massa, nem sequer as obscenidades argumentativas apresentadas no artigo do Expresso:
 - primeiro porque «um elevado grau de abertura à imigração» não compensa o problema da «fuga contínua de cérebros», pois que os ditos «cérebros» mais eficazes são sempre escassos, não necessitando por isso de qualquer fenómeno de migração maciça para passarem de um país a outro;
 - depois, porque a reduzida natalidade não pode e, sobretudo, não deve ser «contrabalançada» pela imigração, ou então está-se perante uma substituição populacional de facto, que as elites guinham politicamente que não passa de uma teoria de conspiração «racista», além de que é precisamente quando a população autóctone se reduz que há mais necessidade de evitar a concorrência numérica de alógenos em solo nacional, além de que a automatização do trabalho vai tornar, não apenas desnecessária, mas sobretudo prejudicial a presença maciça de mão-de-obra barata em solo europeu;
 - a seguir, porque era o que mais faltava que qualquer país europeu tivesse obrigação moral de deixar entrar alógenos só por estes serem pobres, pois se nem a um cidadão abastado pode impor-se a obrigatoriedade de acolher no seu domicílio um único sem-abrigo, com incomparavelmente mais razão se não pode obrigar uma Nação a permitir a imigração, pois que no primeiro caso, é apenas o princípio da propriedade privada que está em causa, ao passo que no segundo, trata-se da violação do que de mais sagrado há na vida comunitária humana, que são as fronteiras nacionais, por menos que isso, Rómulo matou o seu próprio irmão, tal como os autóctones leais à Nação deverão saber libertar-se dos autóctones que a querem diluir em nome de princípios a-nacionais e universalistas;
 - também porque a alegável inevitabilidade dos fluxos migratórios de sul para norte é só mais um mito incapacitante destinado a convencer os autóctones a desistirem  das fronteiras e que neste momento já contraria amplamente os factos, como se pode ver no caso da Hungria, a qual, diga-se, nem sequer tem mar para a proteger de avalanches populacionais, ao contrário do grosso da Europa, que só a leste tem fronteiras terrestres...
A impressão de avassaladora concordância a respeito da imigração em massa entre as vozes que se ouvem só mostra o modo como as elites plutocráticas, à «Direita», e o «clero» da Igreja do Anti-Racismo, à Esquerda, fazem o que lhes apetece sem que o povo seja ouvido. Tanto os governantes como os autores de artigos como este são parte da minoria audível. O resto da população está quase totalmente mudo, ou estaria, se não houvesse já um partido no qual votar.

18 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não tenho muita esperança.
Acho que vamos ser extintos. É só olhar pa Inglaterra e França.

10 de janeiro de 2023 às 00:22:00 WET  
Blogger Caturo said...

A Resistência Nacional está a crescer nesses países, tal como se pode ver, por exemplo, pelo crescimento da votação na Ultra-Direita.
De resto, há mais coisas que podem acontecer, a seu tempo. A população imigrante em solo europeu pode vir a encaminhar-se para o oriente se a Europa deixar de constituir o grande centro económico do planeta, por exemplo. Por outro lado, uma doença geneticamente selectiva pode vir a alterar a situação de um modo drástico e decisivo.

10 de janeiro de 2023 às 00:54:00 WET  
Blogger lol said...

A ultima pandemia atingiu mais brancos idosos de geracoes com maior moralidade menos esquerdismo que africanos a midia jura que foi o inverso os diversos atacaram turanianos botaram a culpa nos whitey

10 de janeiro de 2023 às 10:09:00 WET  
Blogger lol said...

So eles?lisboa e 50% alien ou mais

10 de janeiro de 2023 às 10:11:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Caturo nao achas que os ingleses ja foram extintos?
Sempre que lido com ingleses brancoz e pergunto os antepassados so encontro pessoal com anscendencia irlandesa, escocesa e galesa ou raras vezes mistura de ingles com esses povos.
Mas ingles com pais e avos ingleses nunca vejo.

Ja franca apesar da enorme mistura ainda encontro varios com total antepassados franceses, pais, avos, visavos.

Penso que a imigracao e mistura na inglaterra aconteceu muito antes do que a França e dai hoje em dia ja nao vermos ingleses mesmo ingleses.
Mas a franca tambem deixara de ter franceses mesmo franceses numa ou 2 geracoes.
É triste, 2 dos povos que mais contribuiram para a ciencia, inovacao serao extintos

Por falar em inovacao, algo que confirma o que ja tenho vindo a dizer a muito. Com a diminuicao dos europeus, tambem a inovacao cientifica sofre.

https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=progresso-cientifico-tecnologico-esta-desacelerando-nao-sabemos-porque&id=010150230110#.Y724DOxUmdM

Diz o titulo do artigo "nao sabemos porquê"
Ora qualquer racialista que some 2+2 e esteja consciente da diminuicao dos europeus sabe bem o porque das inovacoes revolucionarias estarem a diminuir

10 de janeiro de 2023 às 19:12:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

O caso está gravíssimo, é certamente o momento mais tenebroso de toda a história de Portugal, mas é que de longe. As pessoas não perceberam a dimensão da invasão que Portugal está a sofrer, por culpa deste governo anti-português do Costa, vamos a este ritmo, acabar por ser um primeiro país da Europa de minoria nativa, esqueçam a França, ou o Reino Unido, vai ser Portugal. Estão a chegar do brasil 100 mil pessoas por mês no ultimo ano:

https://i.imgur.com/AFFceCf.jpg
https://i.imgur.com/AEooFvz.jpg

https://ominho.pt/portal-brasileiro-diz-que-braga-parece-um-pequeno-brasil/

A nossa nacionalidade dada a mais de 180 mil ao ano, a traição e a sua dimensão é indescritível, vamos ser um país de mestiços, de brasileiros e palops, ou seja Portugal vai cair no Terceiro Mundo. Mesmo com o crescimento exponencial do Chega, face a isto, não sei o que será deste país, obviamente que os salários nunca vão ser bons, que a insegurança vai aumentar, assim como vamos ficar com má imagem em todo o resto da Europa:

https://twitter.com/PT_Invictus/status/1612150765497237507

10 de janeiro de 2023 às 23:52:00 WET  
Blogger lol said...

Qual a graca de sair de um lugar pra ver terceiro mundistas se vc ja ta fugindo deles?a migracao em massa e irracional

11 de janeiro de 2023 às 04:38:00 WET  
Blogger Caturo said...

«Caturo nao achas que os ingleses ja foram extintos?»

Calma, ainda a procissão vai no adro e até ao lavar dos cestos ainda é vindima. Não falo habitualmente com ingleses, pelo que não tenho a experiência que descreves. Sei apenas o que se revelou há poucos anos no maior estudo genético que já se fez nesse país, que noticiei aqui: https://gladio.blogspot.com/2015/12/sobre-um-estudo-genetico-que-mostra-que.html

Há outro aqui, que eu pensei ter noticiado também, mas não o encontro traduzido no blogue: https://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-3711040/How-British-Genetic-study-reveals-Yorkshire-Anglo-Saxon-UK-East-Midlands-Scandinavian.html

É notório que, apesar de viverem há mil e quinhentos anos - 1500 - em contacto com os Povos célticos britónicos (e goidélicos também, embora em menor grau), pois apesar disso, os Ingleses continuam essencialmente mais parecidos com os seus irmãos germânicos, Holandeses e Alemães, do que com os seus primos e vizinhos Galeses. Com Gales, a fronteira é puramente terrestre e política, mas pouco, porque os Galeses estão debaixo do domínio inglês há séculos, quase desde que os Anglos, Saxões, Frísios e Jutos, Povos pertencentes maioritariamente ao grupo dos Ingaevones, do ramo indo-europeu dos Germanos, passaram da região do norte da Alemanha e do sul da Dinamarca para a parte leste da Grã-Bretanha. Mesmo assim, é que mesmo assim, a fronteira étnica manteve-se, grosso modo. É obra.

Entretanto, com a imigração e o fomento da miscigenação, pode ser que isso se altere nos próximos tempos, mas, para já, ainda a Inglaterra é mais germânica que outra coisa qualquer.

Por isso é que acho um exagero o que dizes - um exagero perigoso, porque dizer esse tipo de coisas acaba por desmoralizar os resistentes activos e o resto da população. Pensa bem e verás que é verdade, repara até na relativa passividade política do pessoal mais racialista em Portugal, por exemplo.

11 de janeiro de 2023 às 05:03:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

É verdade o grande impacto Anglo-Saxónico em Inglaterra, é inegável, contudo, os ingleses ainda assim, estão mais próximos dos Galeses do que estão dos holandeses ou alemães:

https://i.imgur.com/oI3WSfg.jpg

E isso até é + ou - perceptível em PCA: https://i.imgur.com/ewzJAyI.png
O que acontece do meu ponto de vista, é que acho que as populações já eram relativamente próximas, por exemplo, os Anglo-saxões, não eram distantes das populações da idade do ferro que já viviam em Inglaterra. Já vi modelos, em que mostravam que os ingleses continuam a ser mais Insular Céltico, que Germânicos.

Tenho aqui as distâncias, que dá para ver com o Global25 do eurogenes: https://eurogenes.blogspot.com/2019/07/getting-most-out-of-global25_12.html

Se quiserem saber de mais algum povo, perguntem
cumprimentos

11 de janeiro de 2023 às 11:09:00 WET  
Blogger Caturo said...

«os ingleses ainda assim, estão mais próximos dos Galeses do que estão dos holandeses ou alemães: https://i.imgur.com/oI3WSfg.jpg»

Ok, esse dado diz isso. Já vi, todavia, outros, em que os Ingleses se encontram mais próximos dos seus irmãos holandeses que dos seus primos e vizinhos galeses. Repara por exemplo neste gráfico: https://eurogenes.blogspot.com/2018/09/celtic-vs-germanic-europe.html

Repara também como na imagem da direita se vê a transformação genética que se produziu na Inglaterra durante o início da Idade Média, ou seja, aquando das invasões germânicas de Saxões, Anglos, Jutos e Frísios, que, sintomaticamente, são hoje uma minoria étnica integrada na Holanda e têm o idioma mais parecido do mundo com o Inglês antigo:
https://www.nature.com/articles/s41586-022-05247-2/figures/2

No que respeita aos haplogrupos então, é bem notória a maior proximidade da Inglaterra com a Holanda que com Gales:
https://www.pinterest.pt/pin/32721534766243482/
https://www.pinterest.pt/pin/764767580491524377/

Há também em indivíduos ingleses maior proximidade nuns casos com Gales, noutros com Holanda/Alemanha. De resto, também acho que a população da actual região da Holanda e norte da Alemanha teria algum substrato céltico antes de se lançar à conquista da Britânia. Ainda hoje se discute, por exemplo, se os Cimbros e os Teutões, originários dessa zona, eram celtas com algum sangue germânico ou germanos com alguma influência céltica.

12 de janeiro de 2023 às 06:07:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Concordo que há qualquer dúvida do input Anglo-Saxão em Inglaterra, até está bastante estudado, vê isto: https://i.imgur.com/Xhk45Xj.png

Sobre as proximidades, acho que tem certamente a ver com as médias, repara que existe até alguma 'diversidade' entre os holandeses (norte, sul, centro) e provavelmente tem a ver com isso, o mapa que referiste de PCA é também do eurogenes, como tal, usa o mesmo universo de amostras que o meu, só que o meu tem a média dos holandeses, dos galeses e dos ingleses.
Repara neste PCA: https://i.imgur.com/lzGNCBV.png

a Holanda tem um cluster até vasto para a dimensão do país, NL em vários sítios, assim como o tem Inglaterra, ora o centroide de um e de outro, é certamente mais distante que o de Inglaterra com o país de Gales que está ali para o meio. Isto não invalida que por exemplo o SE_Inglaterra não esteja mais perto de NL_Gelderland e está.
E sim o substrato céltico, parece-me claro que todos eles partilhavam de alguma forma e o mesmo estendia-se a quase toda a Europa ocidental, nem que fosse através da mesma combinação ancestral de populações que os gerou.

Não sei se viste, saíram novas amostras de Portugal, do final da Idade do Ferro e Império Romano do Miroiço e Conimbriga, é incrível o quais semelhantes são aos portugueses modernos, estamos a falar de literalmente a mesma gente, com excepção de um ou outro outlier que encontraram. E também desmonta aquela história dos mouros, porque os componentes ditos relacionados com os berberes, que são muito baixos em Portugal, afinal já cá estavam, séculos e séculos antes da invasão medieval dos mouros e virtualmente os ibéricos pre-muçulmanos até os tinham mais que os portugueses modernos.

Proximidades:
https://i.imgur.com/wn24f35.jpg

12 de janeiro de 2023 às 16:48:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Concordo que há qualquer dúvida do input Anglo-Saxão em Inglaterra, até está bastante estudado, vê isto: https://i.imgur.com/Xhk45Xj.png"

Enganei-me, queria dizer concordo que NÃO há qualquer dúvida. :)

13 de janeiro de 2023 às 01:48:00 WET  
Blogger Caturo said...

«E sim o substrato céltico, parece-me claro que todos eles partilhavam de alguma forma e o mesmo estendia-se a quase toda a Europa ocidental,»

Sim, um substrato fortemente transformado pela subsequente migração germânica.


Quanto ao que agora noticias sobre as amostras do final da Idade do Ferro e da época do Império Romano em Portugal, não vi nada disso e acho essa informação particularmente relevante. Qual a melhor fonte para ler sobre isso?
No que respeita aos Mouros, de facto é giro que mais uma vez não se encontre aí nada deles, mas calma que o Miroiço ainda é zona centro, no Alentejo talvez seja ligeiramente diferente; de qualquer modo, já um estudo de há poucos anos em Espanha mostrava que a influência norte-africana em Espanha era mesmo muito baixa, duvido que em Portugal pudesse ser substancialmente diferente.

13 de janeiro de 2023 às 03:16:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

« Qual a melhor fonte para ler sobre isso?«

As amostras tanto de Conimbriga como do Miroiço, são de um estudo do Moots et al 2022, no entanto o foco do estudo è Itália e pouco refere Portugal, apenas extraíram as amostras e partilharam as coordenadas.
O que aconteceu foi que dezenas de sepulturas foram encontradas em ambos os sítios e extraído o ADN. Também retiraram de Espanha várias.

Isto são os Ibéricos modernos:

https://i.imgur.com/w5Rzl3N.jpg

Não coloquei as regiões ibéricas todas, como por exemplo as Canárias, pois aí os Guanche tiveram impacto e não faria sentido colocar, como podes ver aqui: https://i.imgur.com/7oUDN2F.jpg
Em resumo: os portugueses e espanhóis são praticamente 95%: os Barcin = Agricultores do Neolítico + os Caçadores Recolectores (WHG) + os Yamnaya (Proto-indo-europeus). São zero subsarianos (yoruba), são zero médio oriente (Levant_Natufian) e são cerca de 5% associado aos marcadores proto-berber (MAR_T).

Amostras do Miroiço e Conimbriga:

https://i.imgur.com/SmrXNdx.jpg

Existe pelo menos um outlier ou dois outliers (o 10503 é certamente, provavelmente um estrangeiro).
Aquilo que estava a dizer é que como podes ver, séculos antes dos Mouros entrarem na Península Ibérica, já as amostras tinham marcadores (MAR). Ou seja, virtualmente os portugueses e espanhóis não tiveram nenhum impacto dos mouros, como se pode ver os ibéricos antes, até tinham mais desses marcadores (em média) que os ibéricos actuais e isso até é perceptível, quando analisamos proximidades, os ibéricos actuais estão bem mais próximos do centro da Europa do que alguma vez em média estiveram no passado:

https://i.imgur.com/0u6NgeH.jpg




14 de janeiro de 2023 às 15:48:00 WET  
Blogger Caturo said...

Zero subsariano e zero do Médio Oriente? Muito curioso mesmo...

15 de janeiro de 2023 às 22:56:00 WET  
Blogger Caturo said...

É também muito curioso, se for verdade, que «os ibéricos actuais estão bem mais próximos do centro da Europa do que alguma vez em média estiveram no passado», como dizes, isso mostra uma europeização da população, talvez por ocasião da Reconquista durante a Idade Média, bem como da subsequente vinda para Portugal de mercadores europeus, nomeadamente da Flandres e não só.

16 de janeiro de 2023 às 18:56:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Zero subsariano e zero do Médio Oriente? Muito curioso mesmo..."

Sim. Os portugueses têm apenas algum MAR_Taforalt / iberomaurusian (associado aos berberes), mas é relativamente baixo, já o Levant_Natufian (associado ao médio oriente e árabes) é inexistente. O subsariano é zero, ou 0,x%. Já vi modelos em que os portugueses marcavam 0,x -1% SSA isto quando o Iberomaurusian não é usado como fonte, o que acontece é que os iberomaurusian tinham alguma percentagem de adn SSA, que quando eles não são usados como fonte/amostra, aparecem esses 0,x-1, por exemplo:

https://i.imgur.com/hvh2XNf.png
https://i.imgur.com/nQRcHxX.jpg (outro calculador do eurogenes)

O que é que aconteceu? tirou-se a fonte Iberomaurusian/taforalt e o adn saltou deste para a fonte mais próxima o levant_natufian e apareceu 0,x% (yoruba) para os ibéricos. Mas ADN real os portugueses não têm de natufian, nem ssa, todas as fontes:

https://i.imgur.com/n54Ycz3.jpg

subsariano é yoruba, dinka, gambian etc.

Os modelos actuais usam amostras antigas, de populações antigas, ou então com fontes de populações muito distantes, ou seja, para perceberem se houve de facto impacto genético dessas populações, sem que haja ADN partilhado, por exemplo há modelos que usam populações modernas e essas populações partilham ADN com os europeus, o que nem sempre dá valores acertados, pois existe adn partilhado que é difícil de distinguir.

"É também muito curioso, se for verdade, que «os ibéricos actuais estão bem mais próximos do centro da Europa do que alguma vez em média estiveram no passado», como dizes, isso mostra uma europeização da população, talvez por ocasião da Reconquista durante a Idade Média, bem como da subsequente vinda para Portugal de mercadores europeus, nomeadamente da Flandres e não só."

É bem possível e altamente provável, contudo aquela imagem (https://i.imgur.com/0u6NgeH.jpg), só tem fontes antigas - idade do cobre, idade do bronze, e ferro, não tem por exemplo estas que vimos do final da idade do ferro e império romano (miroiço, conimbriga) e se acrescentarmos essas:

https://i.imgur.com/AVP9adV.jpg

Sim de facto os portugueses continuam a estar mais próximos da Europa central (Alemanha, França etc), mas a diferença já não é tão grande, num ou outro caso até é igual. Por isso é que tinha dito lá em cima que os portugueses não mudaram muito desde os tempos do Miroico e Conimbriga e se mudaram ficaram mais próximos do resto da Europa central, talvez pela Reconquista, é bem provável. Sabemos que houve foros de repovoamento com cavaleiros de França, cedência de terras e as ordens militares, é bem possível. Aquilo que sabemos de certeza da Reconquista é que uniformizou de norte a sul a população, homogeneizou por assim dizer

17 de janeiro de 2023 às 01:11:00 WET  
Blogger Caturo said...

Sim, homogeneizou; deu-se em Portugal análogo fenómeno que a genética comprova recentemente em Espanha: a migração de norte para sul através da Reconquista fez com que as proximidades genéticas na Ibéria sejam maiores de norte para sul que de leste para oeste, ou seja, os de área do norte desciam para sul como que «na vertical»:
https://cflvdg.avoz.es/default/2019/02/01/00161549053864861148582/Foto/28.jpg

aquela imagem (https://i.imgur.com/0u6NgeH.jpg), só tem fontes antigas - idade do cobre, idade do bronze, e ferro,

Reforça-se assim a teoria de origem céltica ou proto-céltica das populações da Lusitânia e arredores.

18 de janeiro de 2023 às 05:24:00 WET  

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