QUESTÕES DE MORAL OU «SÓ» SINAIS...

Zita Seabra disse que se pode aferir a moralidade de uma pessoa ao observar-se a sua posição a respeito da guerra putínica contra a Ucrânia. Acho que é um raciocínio perigoso, facilmente leva a juízos de valor sobre as pessoas a partir das suas opiniões políticas (que é, de resto, uma prática comum nos dias de hoje).

Há, todavia, algo de correcto no que disse.

Não é por se estar contra ou a favor que a pessoa é isto ou aquilo - mas o tipo de argumento que se usa para justificar a sua posição já pode significar algo.

Uma coisa é afirmar que a Ucrânia «atacou primeiro», por causa dos conflitos ocorridos no leste ucraniano desde há uns anos - é ignorar que esses conflitos foram incitados e apoiados pela política de Putin, mas enfim, pelo menos o argumento mostra que a pessoa acha mal que um país tome iniciativa de atacar outro.

Outra coisa, bem diferente, é proferir coisas como «Isso é lá entre eles, o Zelensky que se renda para não haver mais chatice...», ou seja, pactuar com uma agressão imperialista e deixar que uma invasão ocorra em solo europeu, ou «A Rússia foi provocada, não se pode apoiar vizinhos da Rússia», dando por adquirido que é preciso reconhecer a Putin o papel de chefão mafioso do «seu bairro» que, no caso, seria toda a Europa de leste...