terça-feira, dezembro 01, 2020

SOBRE A CORÇA DE DIANA NA DEFINIÇÃO DAS RAÍZES ÉTNICAS NACIONAIS

 


Plutarco (nascido em 46 - falecido em 120), biógrafo grego, conta que a Quinto Sertório, famoso militar romano, os Lusitanos ofereceram uma corça branca, corça esta que, dizia o próprio Sertório, lhe sussurrava segredos e o avisava dos perigos que corria, durante o sono, porque lhe teria sido enviada dos céus por Diana, Deusa da Lua. 
Mais de um milénio depois, Frei Bernardo de Brito (1569-1617) escreveu, na sua «Monarchia Lusitana», publicada em duas partes nos anos de 1597 e 1609, que teria sido achado, aquando da construção da Igreja de S. Luís, um epitáfio de Sertório intitulando-o «Capitão dos Lusytanos» e rogando a Diana que encaminhasse o seu corpo até aos Campos Elísios, denominação clássica do Paraíso após a morte. 
A consagração da corça, particularmente da corça branca, a Diana, é conhecida numa outra fonte clássica, o poema «Púnica» do poeta romano Sílio Itálico (n. 28- m. 103). No livro XIII desta obra refere-se a oferta de uma corça branca ao troiano Capi quando este traçava com um arado a fronteira da cidade que viria a receber o seu nome, Cápua. Esta corça era, segundo o autor, «mais branca que a neve, mais branca que os cisnes» e viria a tornar-se dócil, acompanhando sempre o seu mestre, sendo afagada pelas matronas e participando no ritual da oferta de incenso à Deusa. Mais tarde, quando a cidade foi atacada por lobos durante a noite, a corça escapou e encaminhou-se para junto do acampamento de soldados romanos. 
Um dos santuários mais importantes desta antiga cidade era o de Diana Tifatina ou Diana do monte Tifata. 
Que um dos líderes dos ancestrais de Portugal tenha tido uma ligação simbólica, até religiosa, a uma Deusa que surge noutras lendas referentes ao território português, que eventualmente constitui no contexto hispânico uma espécie de continuidade latina de uma Divindade lusitana - Nábia - e que de algum modo está presente no folclore nacional - no mito das Janas - é mais um reforço da definição identitária da Nação do extremo ocidente europeu.
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Fontes: 
https://digitalis-dsp.uc.pt/bitstream/10316.2/31567/6/22-%20espa%C3%A7os%20e%20paisagens.pdf
https://100falcons.wordpress.com/2013/03/23/a-white-fawn-whispers-to-sertorius/?fbclid=IwAR3KQBPwpNW9-59ItHrDjNQtEwzwMS2Jr9xJz_6NbowgvvPZyh7HM4-vFvM
https://en.wikipedia.org/wiki/Diana_(mythology)

1 Comments:

Anonymous O que dizes disto, Caturo? said...

https://1.bp.blogspot.com/-q-Z2ri3mWEk/X8Jm33NvsGI/AAAAAAAA1vk/T0gwsBE3Wqw8mKxDsVBsQ5wQqkV29UIXwCLcBGAsYHQ/s2850/Sol%2B28%2B%2B11%2B2020001.jpg

2 de dezembro de 2020 às 11:49:00 WET  

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