sexta-feira, setembro 11, 2020

AUMENTO DA RESISTÊNCIA DE BACTÉRIAS AOS ANTIBIÓTICOS É PREOCUPANTE

Uma instituição científica da Austrália adverte que as bactérias estão adquirindo imunidade aos medicamentos, aumentando cada vez mais os custos humanos e monetários.
O surgimento da resistência antibiótica, incluindo bactérias resistentes a medicamentos, ou super-insectos, representa riscos muito maiores para a saúde humana do que o SARS-CoV-2, advertiu dr. Paul De Barro, um cientista australiano, ao jornal The Guardian.
A resistência anti-microbiana tem sido um problema de saúde mundial devido à cada vez maior adaptação das bactérias infecciosas aos medicamentos, particularmente na região do Pacífico, onde o sistema de saúde é frágil. As taxas de infecção são elevadas em conjunto com prescrições antibióticas, e a informação oficial e conhecimento popular sobre o assunto são baixos.
"Acho que não estou exagerando ao dizer que é a maior ameaça à saúde humana, sem excepções. A COVID-19 não está nem perto do impacto potencial da resistência anti-microbiana", afirmou De Barro, director de pesquisa de bio-segurança da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Comunidade (CSIRO, na sigla em Inglês) australiana.
"Voltaríamos à idade das trevas da saúde", declarou.
Fiji, país do Pacífico, tem uma das mais altas taxas de infecções bacterianas do mundo, bem como altos níveis de tuberculose em animais e humanos, segundo um estudo do jornal BMJ Global Health citado pelo The Guardian. Os hospitais realizam, em média, duas amputações diabéticas por dia, impulsionando o uso de antibióticos, utilizados tanto em humanos como em animais, o que aumenta o risco de desenvolvimento de bactérias resistentes.
Dr. Donald Wilson, reitor associado da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de Fiji, disse que a questão não mais poderia ser ignorada, "ou haverá mais pessoas a adoecer, e não temos os remédios certos para tratá-las". Além disso, diz que as doses antibióticas têm de ficar cada vez mais fortes e consequentemente caras para continuar a combater os micróbios.
Modelo de saúde esgotado
De Barro avisa que o problema tem proporções mundiais, e que colocará uma grande pressão nos sistemas de saúde.
"Se se considerar como os antibióticos agora desempenham um papel em praticamente todas as partes de nosso sistema de saúde: coisas simples como arranhões podem matar, parto pode matar, [e já em] tratamento de cancro, cirurgias importantes, diabetes, no fundo em todos estes, são muitas vezes usados antibióticos", disse.
"Vai-se acabar com uma pressão maciça sobre o sistema de saúde: exactamente o tipo de coisa que se está a ver com a COVID-19. Pense-se em unidades de terapia intensiva, leitos hospitalares, acesso a tratamento médico fora do sistema hospitalar, o uso de antibióticos na enfermagem, no tratamento de pneumonia, tudo isto entra em jogo."
O distanciamento social não funciona contra o problema, pois as bactérias existem na comida, na água, no ar e em todo o tipo de superfícies.
A Organização Mundial da Saúde estima que 350 milhões de mortes possam ser causadas pela resistência antibiótica até 2050, com um custo previsto de US$ 1,35 triliões durante os próximos dez anos somente na região oeste do Pacífico.
Assim, a CSIRO decidiu iniciar um estudo de três anos sobre bactérias resistentes a medicamentos em Fiji, com o objectivo de analisar dados de laboratórios de patologia hospitalar, fazendas contaminadas com produtos farmacêuticos, e no ambiente em geral, procurando identificar pontos críticos e tendências emergentes de resistência anti-microbiana.
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Fonte: https://br.sputniknews.com/ciencia_tecnologia/2020091016054163-resistencia-antibiotica-criaria-catastrofe-maior-que-a-covid-19-avisam-cientistas/