quarta-feira, setembro 04, 2019

POLÍCIA DA AUTORIDADE PALESTINIANA PROÍBE MANIFESTAÇÃO DE GRUPO LGBT NA CISJORDÂNIA

A polícia da Autoridade Palestina proibiu um grupo palestino de direitos LGBT de organizar quaisquer actividades na Cisjordânia e ameaçou prendê-los, dizendo que tais actividades são contrárias aos “valores da sociedade palestina”.
Numa declaração no sábado, o porta-voz da polícia, Louay Arzeikat, disse que eventos como os organizados pelo grupo Al-Qaws “vão contra e infringem os princípios e valores mais elevados da sociedade palestina”.
Arzeikat também acusou “grupos suspeitos” de estarem tentando “semear a discórdia e minar o estado pacífico da sociedade palestina” e afirmou que a polícia iria perseguir a equipe de al-Qaws e entregá-los às autoridades judiciais se eles obtiverem sucesso.
Também pediu aos Palestinos para relatar qualquer actividade de al-Qaws, prometendo a confidencialidade dos informantes.
Al-Qaws é uma organização não-governamental criada em 2001 com o objectivo de apoiar palestinos gays, lésbicas, bissexuais, transgéneros e israelitas árabes. O site diz que tem escritórios em Jerusalém Oriental e em Haifa; As forças de segurança da AP não podem entrar nessas áreas, de acordo com os acordos entre Israel e a Organização de Libertação da Palestina.
A declaração da polícia veio depois de al-Qaws dizer na sua página de Facebook que havia realizado um encontro na cidade de Nablus, no norte da Cisjordânia, em 4 de Agosto, que discutiu o pluralismo de género na cidade.
Na página também dizia que estava a planear realizar um “acampamento gay” em 30 e 31 de Agosto num local a ser anunciado em data posterior.
Disse que o programa de dois dias “proporciona um lugar para os jovens gays, lésbicas, bissexuais e transgéneros da Palestina se reunirem, aprenderem sobre os conceitos básicos do pluralismo de género e explorarem os diferentes lados da nossa sexualidade humana”.
O grupo afirma que “está na vanguarda da vibrante mudança cultural e social palestina, construindo comunidades LGBTQ e promovendo novas ideias sobre o papel do género e da diversidade sexual no activismo político, nas instituições da sociedade civil, nos média e na vida quotidiana”.
Embora não existam leis que proíbam actos homossexuais, a comunidade LGBT palestina está em grande parte clandestina devido à repressão familiar, religiosa e governamental, disse uma fonte familiarizada com o assunto, que falou sob condição de anonimato.
Mais tarde, na noite de domingo, al-Qaws condenou a declaração da polícia como “muito infeliz” e pediu às autoridades que se familiarizassem com o seu trabalho.
O grupo notou que a declaração da polícia veio poucas horas depois de “um ataque sem precedentes de dezenas de pessoas nas páginas dos médias sociais da al-Qaws, incluindo ameaças de violência”.
No domingo, o The Times of Israel só conseguiu localizar algumas mensagens ameaçadoras feitas por palestinos nas páginas do grupo al-Qaws. Mas Laith Itmaiza, que costumava trabalhar como jornalista na Quds News Network, escreveu na sua página no Facebook que havia contado 643 comentários escritos na noite de sábado no espaço de três horas pelos palestinos contra a comunidade LGBT.
Haneen Maiki, director da al-Qaws, disse ao Ultra Palestine, um site de notícias palestino, que apesar da declaração da polícia da AP, o grupo “continuaria o seu trabalho em diferentes partes da Palestina, levando em conta a atmosfera carregada por causa de meios de comunicação e a incitação da polícia, para que não coloquemos em risco os nossos activistas ou amigos”.
Ahmad Harb, comissário-geral da Comissão Independente para os Direitos Humanos, atacou a polícia, dizendo que eles estavam efectivamente pedindo uma acção de vigilância.
“A declaração da polícia palestina a respeito do impedimento da reunião de ‘gays’ e activistas da organização al-Qaws e ameaçando persegui-los e pedir aos cidadãos que informem secretamente ‘suspeitos’ é muito ruim”, escreveu Harb em sua página no Facebook. “Chega ao nível de pedir violência comunitária e incitar um crime.” Muitos entenderam essa declaração como um chamamento para derramar sangue e tomar a lei nas próprias mãos, implementando operações de assassinato”.
“Não é assim que os problemas são tratados. Não é assim que a polícia protege os seus cidadãos”, acrescentou.
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Fonte: http://www.conib.org.br/policia-da-ap-proibe-grupo-palestino-lgbt-de-realizar-atividades-na-cisjordania/?fbclid=IwAR1eV5PT8sAooYUiTTZXuyOHjjoJ1kIflXZyHBuNtFDpLlbN2nL74Xw_gGo

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Claro que nada disto se conta por cá... a respeito dessa região do globo, a Esquerda só guincha para condenar Israel, de resto está caladíssima de todo... não é que a questão da repressão aos LGBT não incomode os atentíssimos militantes esquerdistas, bem entendido, pelo contrário, mas só incomoda se se passar em países brancos europeus, da Rússia aos EUA de Trump, ou então em Estados que sejam aliados «do Trump!!!!» para se poder dizer duas palavras contra eles e o resto do discurso todo contra os negócios dos «brancos corruptos!»...