quarta-feira, março 13, 2019

«CAPITÃO MARVEL»



https://www.youtube.com/watch?v=Hp343scZ6kU 

 Os apreciadores do género ficcional super-heroístico podem deleitar as vistas se decidirem deslocar-se ao cinema para se locupletarem com a nova «Capitão Marvel», ou «Capitã Marvel». Confirma-se a qualidade prometida no primeiro trailer, cumpre os mínimos para ser um bom filme de super-heróis: salientam-se-lhe bom enredo, bons efeitos especiais, diálogos aceitáveis, personagem carismática e de estética razoável. A actriz está bem escolhida para o papel e no trailer até me surpreendeu pela sua relativa sobriedade e contenção, sem «swag» americano, até parecia europeia... 
Claro que, como seria de esperar, o produto contém uma carga ideológica «politicamente correcta», que é outra maneira de referir o ideário da Esquerda liberal norte-americana, mas isso já se sabe como é quando se fala de cinema de massas norte-americano - só surpreende se não ostentar essa tendência política. 
Como já disse antes, quando se aprecia a ficção fantástica - de fantasia e/ou ficção científica - e não se gosta da ideologia «mainstream» no seio da elite político-culturalmente reinante, das duas uma, ou se vira costas a tudo isso e se fica numa caverna, deixando que a vida sócio-cultural do seu tempo lhe passe ao lado, ou então consegue-se separar as águas e apreciar tudo o que é produto de entretenimento ao seu alcance, estando-se de antemão com as vacinas anti-esquerdice em dia para detectar o veneno e neutralizá-lo. De resto, pode até dizer-se que, em matéria ideológica, «Capitão Marvel» nem é das coisas piores. Salienta-se o «empowerment» (banal e algo infantilizado mas útil para muitas jovens) do Feminismo, como se tem dito e só posso confirmar. Capitão Marvel é originariamente do sexo masculino; note-se porém que na Marvel também existia uma Miss Marvel, cujo alter-ego era Carol Danvers, e agora já não há grande espaço para esta miss (pelo menos até agora), e ainda bem, porque uma das características mais negativas da banda desenhada de super-heróis ianques é o carácter repetitivo das personagens que lhe é imprimido pela exagerada semelhança de muitas delas umas com as outras: Capitão Marvel, Miss Marvel, Warlock, Longshot, Quasar, uma série de loiros cósmicos quase todos simbolizados com estrelas e a disparar raios (esta nem é das piores repetições, acrescento)... Assim, em vez de haver um Capitão Marvel e uma Miss Marvel, há uma Capitã Marvel, Carol Danvers, e acabou-se... Para além do Feminismo que, só por si, não tem mal algum, detecta-se no filme um subtil anti-racismo com mui remoto laivo de racismo anti-branco, implícito mas não declarado: a heroína, branca, não se dá bem com a família (branca, portanto...) nem com ela tem contacto, a sua «família» é a da sua melhor amiga, uma colega negra da força aérea, colega esta cujos filhos, igualmente negros, até chamam «tia» à branca... Verdade seja dita que a questão racial propriamente dita é aqui esquecida, tendo em conta o contexto da história original. Na saga do Capitão Marvel da banda desenhada, que frutificou nos anos sessenta e setenta, o herói - tratava-se de um homem, originalmente - era um kree de pele branca, ou seja, um mestiço, tratado como bastardo pelos krees de pele azul, mais racialmente puros. No filme aparecem krees azuis e krees brancos (até um preto), mas não se aborda a sua diferenciação racial. Mais: na história da banda desenhada, o herói, Mar-Vell, simpatiza de tal modo com os terrestres que é acusado de traição pelos Krees, algo que no filme está notoriamente alterado na medida em que a heroína, que se volta contra os Krees, não está realmente a traí-los porque originariamente não é de estirpe kree mas sim de origem humana. Vá lá, fica menos mal, ainda que permaneça a ideia de que se pode pôr em causa toda a sua vida e mudar de «partido» devido a uma revelação, padrão de funcionamento de todo o bom esquerdista, de todo o bom cristão e de todo o bom muçulmano...
Algo que está pior no filme que na banda desenhada original é a relação das raças alógenas - nos livros, tanto Krees como Skrulls são brutalmente imperiais e belicosos, nenhum dos lados é bonzinho, esta era aliás uma das coisas melhores da Marvel, esta capacidade de relativizar a maldade/bondade de dois blocos em confronto, à maneira da Ilíada; no filme, essa relativização não persiste e os Krees é que são os maus da fita enquanto os seus reptilíneos oponentes não passam afinal de uns coitadinhos que só querem é sobreviver e uma das personagens boazinhas da fita era mesmo de raça kree e estava a querer salvá-los da violência kree...
O sentimentalismo a puxar ao lamechas que se impõe num ponto ou noutro também não beneficia, nem surpreende, sendo isto uma produção de Hollywood e da Disney, mas passa-se bem ao lado disso e o divertimento salva-se, que é sempre o que mais interessa em casos desta natureza.


12 Comments:

Blogger Titan said...

O Capitão Marvel sempre foi uma personagem mais interessante do que essa Miss (Capitã) Marvel.

13 de março de 2019 às 11:18:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

O que dizes disto, Caturo?

https://youtu.be/HeHxUl5UKeE

13 de março de 2019 às 12:58:00 WET  
Blogger Helena Vilaarinho said...

Já foste ver o filme? Eu adorei! ahahaha

13 de março de 2019 às 13:46:00 WET  
Blogger Caturo said...

«https://youtu.be/HeHxUl5UKeE»

Não surpreende que o «anti-racismo» pró-miscigenação já chegue ao ponto de o quererem dar como «natural» - e é sempre branca com preto, muito raramente é o contrário e, claro, ainda mais raramente se vê essa mistura com asiáticos, pudera, os asiáticos não chateiam nem se armam em vítimas e a elite não os quer enfiar à força toda pela Europa adentro. O que é preciso é transformar a Europa num vertedouro de África, porque os africanos não param de se reproduzir, com o apoio da Igreja, que entretanto os converte em larga escala e tem interesse em usá-los para preencher as igrejas cada vez mais vazias da Europa. Por isso, o que é preciso é promover a imagem do africano, sobretudo do africano do sexo masculino, que é o que mais imigra e é o mais fácil de promover através do desporto e da «música»...


13 de março de 2019 às 17:06:00 WET  
Blogger Caturo said...

«O Capitão Marvel sempre foi uma personagem mais interessante do que essa Miss (Capitã) Marvel.»

Acho que estiveram sempre ela por ela e, já agora, é bom ver moçoilas brancas e de comportamento quase europeu no grande ecrã, valha isso.

13 de março de 2019 às 17:07:00 WET  
Blogger Caturo said...

Porque adoraste tu o filme, Helena?

13 de março de 2019 às 17:08:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Foda-se!

Você quem apoia essa frescura de "super-heróis" criados por judeus, só poque eles tem inspiração nos deuses pagãos europeus.

Judeus são espertos o suficientes para saber que para primeiro atacar os brancos, eles devem agradá-los para depois dar o golpe de misericórdia, acabando com a raça branca.

Mas na sua cabeça os judeus são vítimas tanto quanto os brancos. Continue assim...

Contas no twitter para saber mais sobre as artimanhas dos judeus contra os brancos:

https://twitter.com/cursedsalad

https://twitter.com/FitzInfo

https://twitter.com/jeffbuckley81

13 de março de 2019 às 18:48:00 WET  
Blogger Titan said...

Há a saga dele contra o Thanos...

13 de março de 2019 às 19:25:00 WET  
Blogger Helena Vilaarinho said...

Não consigo ver o video. não sai da cena das fraldas e depois passa para um tutorial de enfaixar um bebe para ele adormecer...
mas hoje não consegui mexer nem no insta nem no facebook. deve ser disso

Quanto ao filme, gosto do género de filmes e gosto de heróis. Masculinos e femininos. Sou fã da banda desenhada aos quadradinhos :p Este filme é rápido, mas consegue integrar várias personagens já conhecidas e ainda ter tempo para fazer de Goose a estrela do grande ecrã. Não é tarefa fácil! Acho que o maior defeito que tenho a apontar a este filme é alguma falta de sensibilidade na escolha da música e dos seus momentos.

Sinto que a tua pergunta é matreira, por isso vou responder com aquilo que acho que me perguntaste sem quereres ser directo.
Não é usual haver protagonistas femininas como heroínas. A banda desenhada ainda é um mundo muito masculino (tal como o resto da sociedade, diga-se). No entanto este filme foi "atacado" por ser um filme feminista, eu não o achei nesse registo. o feminismo é muito mais que mulheres de poderes ilimitados, e nesse aspecto a rival DC conseguiu, com maior senso fílmico, essa “proeza” com a “Mulher Maravilha”. Para mim o filme não é de todo feminista. Nem um ataque ao patriarcado. Para mim faz todo o sentido haver heróis e heroínas...
Alguns críticos falam da raças alienígena como representantes do mundo ariano e do mundo muçulmano. Podíamos ir por aí se a guerra entre as raças alienígenas Kree e Skrull não fossem extremamente conhecidas pelos fãs dos quadrinhos de Marvel.

13 de março de 2019 às 21:48:00 WET  
Blogger Caturo said...

Não vejo nada de particularmente islâmico nem nos Krees nem nos Skrulls (tirando a cor verde destes últimos...), mas há interpretações para tudo... pode ser que eu não esteja a ver algo que outros viram. Na banda desenhada, os Krees eram inicialmente um Povo primitivo que os Skrulls evoluíram e que depois contra estes se revoltaram, quais colonizados revoltados contra os colonizadores.
É verdade que o filme da Capitão Marvel acaba por ser menos feminista que o da Mulher-Maravilha, mas à partida já estava mais polemizado devido às afirmações que a actriz Brie Larson fez, a respeito de outro filme...

13 de março de 2019 às 23:04:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Vai ver mas é Alita, que é um bom filme!

13 de março de 2019 às 23:22:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

A respeito de outro filme e sobre o facto de querer ver menos críticos brancos e mais não-brancos a analisar os filmes dela.

13 de março de 2019 às 23:25:00 WET  

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