quarta-feira, dezembro 05, 2018

TURCO É AGORA NÚMERO DOIS DOS SERVIÇOS SECRETOS ALEMÃES

A chanceler Angela Merkel nomeou um imigrante turco para ocupar o posto nº 2 no ranking da hierarquia da Agência de Inteligência Interna da Alemanha, Departamento Federal para a Protecção da Constituição Alemã (Bundesamt für Verfassungsschutz,BfV).
Como novo vice-presidente do BfV, Sinan Selen, especialista em contra-terrorismo de 46 anos natural de Istambul, será o primeiro muçulmano a ocupar uma posição de liderança no círculo da inteligência da Alemanha.
A nomeação acontece poucas semanas depois de Merkel exonerar o presidente do BfV, Hans-Georg Maaßen por ele ter defendido publicamente o partido Alternativa da Alemanha (AfD), partido anti-imigração em massa, dos ataques de Merkel e da sua nova bancada na coligação, Partido Social-Democrata (SPD), de Centro-Esquerda.
Ao escolher Selen, Merkel dá a impressão de desejar alcançar inúmeros objectivos. Primeiro, quer salvar o seu governo, em apuros, conciliando o SPD, que exige que a Agência de Inteligência Interna monitorize o partido AfD e que postula mais integrantes com "background migratório" em cargos de liderança nas agências federais.
A nomeação de Selen também acena um acto simbólico visando estender a mão à comunidade turca da Alemanha, que há muito tempo se queixa de "racismo institucionalizado" dentro do aparato de segurança alemão. Enfim, ao nomear um integrante da etnia turca, Merkel quer aplacar o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que tem recorrentemente pressionado para que ela reprima elementos curdos anti-turcos na Alemanha.
Selen estudou Direito na Universidade de Colónia e em 2000 iniciou sua carreira no Departamento Federal de Polícia Criminal da Alemanha (Bundeskriminalamt,BKA), onde foi promovido a chefe da unidade de investigação anti-terrorista. Em 2006, foi alçado a sub-chefe da unidade infraccional transfronteiriça da Polícia Federal (Bundespolizei). Em 2011, foi nomeado chefe da unidade anti-terrorismo do Ministério do Interior.
Em maio de 2016, o jornal Die Welt noticiou que Merkel nomeou Selen para liderar, ao que parece a pedido de Erdogan, uma força-tarefa especial anti-terrorista no Ministério do Interior alemão. A concessão fazia parte do acordo migratório de Março de 2016 entre a UE e a Turquia, concebido para travar o fluxo de imigrantes da Turquia na direcção da Grécia. Num abrangente artigo que esmiuçou a crescente influência de Erdogan sobre Merkel, Die Welt salientou: "O governo federal chegou ao ponto de reorganizar a sua estrutura organizacional interna para adaptá-la às expectativas turcas. Com a nomeação de Sinan Selen, de origem turca, como autoridade responsável no Ministério Federal do Interior, os Turcos concordaram com um "novo mecanismo em comum" na luta contra o terrorismo.
"Selen é um experiente servidor público, em especial porque trabalhou na esfera do crime organizado, mas o facto de um cargo dessa magnitude ser criado para ele só tem uma explicação: fazer com que os Turcos acreditem que, ao trocarem ideias sobre o contra-terrorismo com Berlim, estarão A conversar com um conterrâneo."
Como líder da força-tarefa, Selen era um interlocutor da mais alta importância no diálogo com agentes da segurança turca e costurou um acordo bilateral com o objectivo de aumentar a cooperação no campo da inteligência e no âmbito da partilha de informações. Analistas turcos postulam que a nomeação de Selen por Merkel visa sinalizar que ela deseja continuar a trabalhar com o governo de Erdogan em questões de segurança.
Uma parcela dos que actuam no mundo dos blogs alemães especula em relação ao background ideológico de Selen. O que se sabe é que, ao longo da sua carreira no governo, Selen se comportou de forma resoluta no tocante ao confronto com fundamentalistas islâmicos na Alemanha. Também capitaneou os programas do BfV no sentido de monitorizar o nacionalista turco Milli Görüs (que em Turco significa "Visão Nacional") um influente movimento islamista que oferece forte resistência à integração muçulmana na sociedade europeia.
A dança das cadeiras no BfV foi incitada por um vídeo de telemóvel que, ao que tudo indica, mostra uma multidão de vândalos de Direita a atacar imigrantes pelo assassinato de um cidadão alemão em Chemnitz por dois candidatos a asilo cuja solicitação de asilo havia sido negada.
Os protestos eclodiram depois de Daniel Hillig, alemão-cubano de 35 anos de idade, ter sido esfaqueado, vindo a morrer; o crime foi cometido por dois imigrantes durante o festival anual em Chemnitz em 26 de Agosto.
Inicialmente a polícia recusou-se a revelar as identidades dos criminosos, mas em 27 de Agosto um relatório da polícia vazou para as redes sociais; na sequência foi retirado de sites alemães, mas ainda se encontra num site russo. O relatório da polícia mostra que os assassinos eram imigrantes ilegais do Iraque e da Síria. Ambos tinham uma extensa ficha criminal, contudo foram autorizados pelas autoridades alemãs a vaguearem livremente pelas ruas. Posteriormente a polícia confirmou que o documento vazado era autêntico, ressaltando que abriu uma investigação sobre a suspeita de "violação de segredos oficiais".
Milhares de pessoas foram para as ruas por vários dias para protestarem contra o assassinato e a inércia das autoridades alemãs no tocante à escalada da criminalidade dos imigrantes. Os protestos uniram um amplo espectro da sociedade alemã, como membros do assim chamado "cenário da Extrema-Direita", bem como contra-manifestantes.
Já perto do final de uma das passeatas, uma parcela dos manifestantes apelou para a violência insultando imigrantes que passavam pelo local. Este incidente acabou por moldar a narrativa dos média que transformaram o protesto de alemães contra o crime de um imigrante em ataques da Extrema-Direita contra imigrantes inocentes.
Pouquíssimos, provavelmente nenhum dos políticos mais influentes da Alemanha condenaram o assassinato de Hillig. Contudo, num piscar de olhos, condenaram os ataques contra os imigrantes.
Em 27 de Agosto, Steffen Seibert, porta-voz do governo de Merkel condenou, numa entrevista colectiva à imprensa nacional, a "caça aos seres humanos de aparência diferente, de origem diferente" nas ruas de Chemnitz. A chanceler Merkel ecoou as palavras de Steffen Seibert: "Temos imagens de vídeo que mostram que houve perseguições, tumultos, que havia ódio na rua, isto é inaceitável no nosso Estado de direito".
Mais tarde emergiu que todas as alegações do governo se basearam num único vídeo de 19 segundos, intitulado "Caça aos Humanos em Chemnitz", que foi postado no Facebook por um grupo "anti-fascista" chamado Antifa Zeckenbiss e na sequência transmitido pela TV estatal ARD.
O vídeo simplesmente mostra um indivíduo perseguindo outro, o que parece ser um incidente isolado. Não obstante, foi dada a largada na narrativa mediática.
O presidente da Comissão de Assuntos Internos do Parlamento alemão, Burkhard Lischka (SPD), alertou para o perigo de uma guerra civil: "Há um pequeno grupo de vândalos de Direita no nosso país que levará as suas fantasias violentas de guerra civil às nossas ruas. O facto de haver no Bundestag (parlamento alemão) um partido que aplaude esses excessos contra concidadãos estrangeiros como moralmente justos e legítimos, mostra que a maioria no nosso país deve-se tornar ainda mais ruidosa quando o assunto é Estado de Direito, democracia e coesão na nossa sociedade."
O vice-presidente do Bundestag, Thomas Oppermann (SPD) exigiu que a BFV, Serviço Nacional de Inteligência da Alemanha monitorize o partido anti-imigração AfD: "a questão dos refugiados divide a sociedade e a AfD surfa de maneira cada vez mais radical nessa onda".
O ministro do interior da Alemanha, Horst Seehofer (CSU) contra-argumentou dizendo que não via nenhuma base para monitorizar o AfD. Sem se envolver numa reunião a portas fechadas em Brandemburgo, Seehofer defendeu os manifestantes que participaram dos protestos em Chemnitz: "o simples facto de as pessoas protestarem não as torna nazis". Enfatizou: "a imigração é a mãe de todos os problemas."
O primeiro-ministro da Saxónia Michael Kretschmer (CDU) mais tarde desmentiu a sustentação do governo: "não houve nenhum vandalismo, não houve nenhuma perseguição, não houve nenhum pogrom nesta cidade."
O porta-voz do procurador do Estado da Saxónia Wolfgang Klein ressaltou: "após examinar todo o material disponível, concluímos que não houve perseguições em Chemnitz".
Ao ser solicitado a rectificar as suas afirmações, Seibert bateu o pé: "Não vou entrar numa discussão semântica sobre uma palavra. É claro, se o Gabinete do Procurador Geral faz uma afirmação, eu presto atenção. No entanto, é importante salientar que um vídeo mostra como as pessoas de origem estrangeira foram perseguidas e como foram ameaçadas. Na realidade houve declarações ameaçadoras, praticamente um chamamento à acção de justiceiros. De modo que, na minha opinião, não tenho nada a acrescentar."
Assim como Seibert, Merkel recusou-se em recuar: "Vimos imagens que revelaram com muita clareza o ódio e a perseguição a pessoas inocentes. É preciso distanciar-se dessas coisas. É tudo, nada a acrescentar".
Em 7 de Setembro Maaßen colocou em dúvida a autenticidade do vídeo: "Não há provas de que o vídeo que circula na internet sobre este pretenso incidente seja autêntico. Consoante a minha cautelosa avaliação, há motivos de sobra para acreditar que a intenção do vídeo é de desinformar, com o intuito de desviar a atenção do público quanto ao assassinato em Chemnitz. "
A recusa de Maaßen em apoiar a falsa narrativa do governo desencadeou uma fúria de condenações de Merkel e dos partidos de coligação no SPD.
Em 18 de Setembro, Maaßen foi exonerado da agência de inteligência BfV, mas o conservador ministro do interior Horst Seehofer intercedeu a favor de Maaßen promovendo-o a um cargo com salário mais alto no Ministério do Interior.
Em 5 de Novembro, no entanto, Maaßen foi exonerado por completo dos serviços do governo, por proferir um discurso à porta fechada a outros chefes de inteligência europeus. No discurso, condenou as políticas "ingénuas e esquerdistas" do governo Merkel, salientando que as "forças da Esquerda radical" do SPD estavam determinadas a exonerá-lo: "Sou visto na Alemanha como um crítico da política externa da Esquerda ingénua, idealista e da política de segurança. Posso-me enquadrar fora da esfera do serviço público, como por exemplo, na política ou nos negócios. "
Os Sociais-democratas receberam bem a demissão de Maaßen. "Já não era sem tempo," ressaltou o secretário geral do SPD, Lars Klingbeil. "Ele acaba de dar mais um indicativo da sua forte inclinação com respeito às teorias da conspiração da Direita".
Em 16 de Novembro, o respeitado blog alemão, Tichys Einblick,revelou que localizou e interpelou os criadores do vídeo: "Não houve nenhuma caçada em Chemnitz em 26 de Agosto de 2018... O levantamento confirma o testemunho de Hans-Georg Maaßen, que desde então foi demitido do cargo de presidente do BfV porque negou a autenticidade do vídeo e dessa maneira colocou Merkel num sarilho: esta pretensa evidência é uma desinformação direccionada. Maaßen ousou desmentir a chanceler. Consequência: crise no governo ".
Segundo Tichys Einblick, o vídeo mostra uma imagem incompleta do que realmente ocorreu. As cenas foram gravadas por um casal alemão que participava no cortejo fúnebre de Hillig quando a passeata foi atacada por imigrantes. O vídeo mostra alguém no cortejo a defender-se dos imigrantes. Por outras palavras, o vídeo documenta imigrantes atacando alemães e não alemães "caçando" imigrantes.
O vídeo, falsamente interpretado pelos guardiões do multiculturalismo alemão, desencadeou uma onda de histeria do politicamente correcto, que mergulhou o governo em "modo de crise permanente", levando à demissão do chefe de inteligência Maaßen por se recusar a seguir como manda o figurino.
O sucessor de Maaßen, Thomas Haldenwang já anunciou que, sob a sua liderança, o BfV concentrar-se-á no "extremismo de Direita". Discursando diante do Conselho de Controle Parlamentar (Parlamentarisches Kontrollgremium,PKGr) do Bundestag, parlamento da República Federal da Alemanha, em 16 de Novembro, Haldenwang, que anteriormente era o nº 2 na hierarquia no comando do BfV, cujo cargo será agora ocupado por Selen, realçou que, embora o terrorismo islâmico represente a maior ameaça à segurança alemã, o BfV manterá "firmemente no radar a evolução das estruturas terroristas de Direita". Também prometeu fazer uma "avaliação profissional de como lidar com o partido AfD".
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Soeren Kern é membro sénior do Gatestone Institute sediado em Nova Iorque.
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Fonte: https://pt.gatestoneinstitute.org/13389/alemanha-inteligencia-interna

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Falou Maaßen da alegada ingenuidade esquerdista... o que seria verdadeira ingenuidade da parte dele, porque a Esquerda não é ingénua e sim doentiamente crente na Boa e Sã Doutrina da Santa Madre Igreja Anti-Racista e Multiculturalista dos Últimos Dias do Ocidente...