quarta-feira, dezembro 05, 2018

SOBRE A PRESENÇA ACTIVA DE ETNO-POLITEÍSTAS EM DIVERSOS PARTIDOS DA RÚSSIA

“Vedun” (sacerdote pagão eslavo) Golyak glorifica Perun, Deus eslavo do Raio e da Guerra

O que a seguir se lê é retirado de um artigo datado de 2017 que, provavelmente, continua actual, imagino... A vossa atenção:

Atingindo já a casa das dezenas de milhares, os pagãos russos estão activos na política do seu país, sobretudo em partidos nacionalistas, mas também no Partido Comunista e no ParNas, formação partidária liberal do anterior primeiro-ministro Mikhail Kasyanov. Alguns têm ligações a nacionalistas da Ucrânia, onde o Paganismo também cresce.
Chamam à sua religião Rodnovery, adoração dos Deuses autóctones, caminho religioso que começou a popularizar-se a partir dos anos oitenta. Rodnovers é como estes praticantes se auto-denominam. 
De acordo com os sociólogos da Academia Nacional de Economia e Serviço Público em 2015, cerca de 0.01% dos inquiridos que responderam a inquérito em cidades com mais de um milhão de habitantes confessaram-se aderentes do Paganismo, o que inclui as regiões com mais pagãos, nomeadamente a do Volga, dos Urais, da Sibéria e do norte do Cáucaso. Em cento e quarenta milhões de cidadãos russos, isto traduz-se em dezenas de milhares, o que se confirma genericamente pela taxa de participação em festivais pagãos actuais. Por exemplo, a associação Círculo de Veles (Veles é o Deus eslavo dos rebanhos, das riquezas e das profundezas) terá em 2015 conseguido reunir cerca de mil e quatrocentas pessoas no seu festival Kupala (solstício de Verão) realizado no seu santuário perto de Maloyaroslavets, vila da região de Kaluga, perto de Moscovo. No distrito moscovita de Ruza festejaram outros oitocentos. Este tipo de festivais é usualmente realizado em vários locais ao mesmo tempo, sobretudo no centro e sul da Rússia. A Rodnovery mostra-se predominante num certo número de grupos sociais locais de russos étnicos. 
O secretário do partido Rodina para os assuntos jovens, Vladimir Laktyushin, que já foi membro de várias grandes associações nacionalistas, testemunha que «pode-se dizer na actualidade que a maioria dos nacionalistas russos que são religiosos referem-se a si mesmos como rodnovers e tentam participar em rituais levados a cabo por volkhvs (sábios)». 
Nos anos noventa, a formação política mais relevante no seio do Nacionalismo russo era a União Nacional Russa (UNR), de Alexander Barkashov. Nos seus documentos oficiais declarava a sua filiação cristã nos moldes do Cristianismo tradicional da Rússia. Barkashov veio ele próprio a tornar-se monge, enquanto outros líderes desta união fundaram organizações cristãs ortodoxas, tais como a Renovação Russa, orientadas pelos cânones da Igreja Ortodoxa Russa. 
Depois da desintegração da UNR em 2000, as sub-culturas da Extrema-Direita tomaram a dianteira do movimento nacionalista russo, sub-culturas estas onde a Rodnovery era já profícua. Várias bandas musicais davam fluído à memória dos Deuses Indígenas; o Volkhv Dobroslav, originário da região de Kirovsk, um dos dinamizadores da Rodnovery nos anos noventa, dava palestras em Moscovo. Passavam agora das dezenas às centenas os participantes em festivais religiosos conduzidos pelos volkhv.
A componente bélica do Paganismo atraiu muitos nacionalistas, o que forneceu protecção aos eventos pagãos. Paralelamente, deu-se a politização dos grupos neo-pagãos cujos membros já tinham simpatia pelo Nacionalismo. Assim, a comunidade pagã de Krasnodar (centro regional no sul da Rússia) criou em 2006 um ramo do Movimento Contra a Imigração Ilegal (DPNI, na sigla em Russo), proibida mais tarde devido ao seu extremismo. Todavia, o líder desta associação em Krasnodar, Miroslav Valkovich, organiza ainda as «Marchas Russas» (procissões nacionalistas anuais realizadas a 4 de Novembro) e em 2017 tornou-se no líder do pessoal para a pré-eleição regional do candidato oposicionista Alexey Navalny. 
Em 2009, um ramo da associação nacionalista «Imagem Russa» foi estabelecida em Kaluga (centro regional perto de Moscovo) tendo a sua base numa das comunidades locais pagãs. O condutor de rituais desta comunidade, volkhv Temnozor (Constantine Sapozhnikov) tornou-se no líder deste ramo local da «Imagem Russa», organizando palestras para os líderes de algumas das maiores organizações pagãs russas, nomeadamente Vadim Kazakov da União das Comunidades Eslavas da Fé Autóctone Eslava (SSO SRV, na sigla em Russo), e volkhv Veleslav (Ilya Cherkasov), do Círculo de Veles. 
Outro exemplo é o do líder de um ramo do Partido Nacional-Democrata em Novosibirsk (centro regional da Sibéria), Andrey Afanasyev. Este líder político actua também como sacrificador na comunidade local pagã denominada «Terra de Dazhdbog», sendo Dazbog um dos principais Deuses eslavos, Potestade da Luz, talvez solar. Em 2014 partiu para Donbas como voluntário, onde criou uma Companhia Rodnovery no seio da brigada Fantasma da República Popular de Lugansk.
A dada altura os pagãos rodnovers começaram a participar em eventos de massas nacionalistas, ostentando aí os seus próprios símbolos. Na região de Stavropol foram visivelmente predominantes nas marchas russas de 2006. Nesse mesmo ano, participava na marcha de S. Petersburgo o líder da associação pagã Skhoron ezh Slaven, Bogumil Golyak (Vladimir Golyakov - ver foto acima), trajado como sacrificador, acompanhado pelos seus apoiantes. Golyakov participou regularmente em acções nacionalistas mais tarde, dando orientação espiritual ao ramo de S. Petersburgo da agora proibida União Eslava.
Na Marcha Russa de 2013 em Moscovo já havia uma coluna separada de rodnovers, composta de cento e quarenta a cento e cinquenta pessoas, ostentando os seus próprios símbolos, dirigida pelo líder da União das Comunidades Eslavas da Fé Autóctone Eslava, Volkhv Beloyar (Vladimir Ionov) e por um dos líderes do Círculo de Veles, Dmitry Melash, que muitas vezes assume o papel de volkhv. Posicionando-se junto a uma estátua, Ionov gravou um vídeo de apelo aos rodnovers para que se juntassem à marcha nacionalista. Análoga coluna apareceu na Marcha Russa de 2016, liderada por Ivan Beletsky, pertencente ao Círculo de Veles (num dos seus vídeos declara que tem uma «experiência sacerdotal»), enquanto os organizadores da marcha fizeram os possíveis para incluir representantes das diversas comunidades neo-pagãs.
Entretanto, é sabido que o secretário do comité distrital do Partido Comunista da Federação Russa (KPRF na sigla em Russo) em Kirovsky, Saratov (grande centro reginal na região do Volga), Vladimir Maslov, realiza rituais como volkhv com os seus seguidores e actua junto às autoridades locais para conseguir a legalização de uma comunidade neo-pagã e a instalação dos seus objectos de culto. É de notar que muitos pagãos declarados têm encontrado abrigo no partido comunista russo. Em 2012 criou-se no seio deste partido um movimento social denominado «Modo Russo», tendo alguns dos seus ramos regionais laços estreitos com pagãos que disseminam os seus valores através do trabalho social.
Foram vistos diversos pagãos na coluna do Modo Russo em marchas comunistas do Primeiro de Maio e do 7 de Novembro em Moscovo; a liderança deste partido permitiu inclusivamente que se realizassem concertos em cruzadores que transportam mísseis da Marinha de Guerra Russa em Sebastopol. No artigo sobre a criação do Modo Russo que se pode encontrar no site do KPRF, a cristianização dos Rus' é comparada a invasões inimigas como as de Napoleão e de Gengis Cão (uma perspectiva muito popular entre os pagãos actuais). Esta imposição do Cristianismo, ocorrida em 988, é também comparada no texto ao «liberalismo colonialista imposto na Rússia», que os comunistas querem derrubar, com o auxílio dos nacionalistas.
Em 2012 uma coluna do Partido da Direita Russa, não registado, participou nas marchas da oposição liberal na Praça Bolotnaya, ostentando bandeiras com símbolos pagãos. Esta formação partidária foi criada pelo propagandista pagão Vladimir Istarkhov (autor do muito falado livro «Um Sopro dos Deuses Russos»), com a participação de representantes de várias comunidades pagãs.
Em 2016, o liberal Partido da Liberdade do Povo (ParNas), de Mikhail Kasyanov, manteve cooperação activa com pagãos durante as eleições para a Duma. Os acima mencionados Melash, Beletsky e alguns membros do Círculo de Veles empenharam-se na distribuição de material de propaganda do ParNas em vários distritos de Moscovo, envolvendo nisso um número considerável de nacionalistas, tanto da capital como das regiões vizinhas. Deve ter-se em conta qe a ideia segundo a qual a terra dos Rus' foi, antes do Cristianismo, governada por uma união de comunidades livremente governadas, atrai a simpatia de liberais russos.
No ano de 2014, o supracitado Melash expressou abertamente a sua simpatia para com o batalhão ucraniano Azov, apelando aos seus membros para que empreendessem acções de força contra os voluntários ortodoxos em Donbas. Em Janeiro, este representante do Círculo de Veles foi multado por um tribunal russo devido à sua exposição pública de emblemas do Azov, proibidos na Rússia. Neste mesmo ano, vários russos que tinham participado em acções nacionalistas ao lado de Melash em Moscovo, juntaram-se então ao Azov, o qual tem a sua ligação genética ao paganismo, porquanto entre os seus fundadores está Yaroslav Babish, líder da comunidade pagã Hoste de Perun. Nessa altura, o dinheiro que financiava o regimento era recolhido por uma comunidade pagã de Zaporozhe, cujos rituais contam de quando em vez com a presença de representantes do Azov. Em Janeiro de 2015 juntou-se às fileiras do Azov o anterior «Volkhv Supremo do Norte do Cáucaso» da União das Comunidades Eslavas da Fé Autóctone Eslava, Yaromir (Sergey Bukreyev). Yaromir continua a participar em rituais pagãos na Ucrânia, mantendo por outro lado os seus laços com correligionários russos.
Em 2016, um ídolo de Perun em madeira foi colocado na base do regimento de Azov perto de Mariupol, regularmente visitada por volkhvs. O líder da ala social do Azov em Kiev, Sergey Filimonov, que se auto-denomina «Filho de Perun», visita o templo local com os seus associados.
Em 2014, vários pagãos juntaram-se às fileiras do batalhão de voluntários Aidar. São membros da organização Martelo Branco, de Kiev, que oficialmente declara o seu apoio ao Paganismo e ao Nazismo, tal como Yulia Tolopa, nacionalista russa da região de Stavropol.
*
Fontes: 
https://russia-insider.com/en/christianity/neo-pagans-are-active-opposition-parties-russia/ri20827
http://ahamot.org/en/aggressive-neo-paganism-of-modern-russia-and-its-threats/

* * *

De uma maneira ou doutra, pela Direita ou, se for preciso, pela Esquerda, pelo Centro ou por qualquer outro caminho, bem nos meandros da Política ou fora dela, a verdade vem sempre à superfície - a maior verdade e o pleno sentido espiritual de qualquer Povo é a sua idiossincrática espiritualidade, a que nasceu no seu seio ou no dos seus ancestrais: o culto dos seus Deuses Nacionais. 
Tudo o resto é secundário. 

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caturo, ja reparaste que os coletes amarelos ganharam muita popularidade em França e no entanto uma das premissas que defendem é acolher ainda mais imigrantes!!

5 de dezembro de 2018 às 09:23:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Estudo cientifico de 2012 comparou a pigmentação da pele, do cabelo e cor dos olhos de centenas de pessoas de Portugal, Polónia e Irlanda. Sem surpresa verificou-se que os Polacos e Irlandeses têm tendência para ter cor de cabelo e olhos mais claros mas no que toca à pigmentação da pele apenas os Irlandeses se destacaram por maior "brancura" mas surpreendente os portugueses até são um pouquinho mais claro que os polacos e que os italianos.

Partilha Caturo, para desarmar a retórica de que "os portugueses não são bem brancos" ou "os portugueses são menos brancos que..."

O estudo:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23118974

Resumo das conclusões que se podem tirar do estudo no wikipedia:

"A recent study by Candille et al. (2012) comparing pigmentation levels between the Portuguese and three other ethnically indigenous European national groups—the Irish, the Polish and the Italians—concluded that, in parts of the body not exposed to the sun, the Irish were in the lightest end of the spectrum, followed by the Portuguese, Poles and Italians, with the latter being darkest. In terms of hair color, the Portuguese averaged lighter hair than Italians and darker than Irish and Poles. The Portuguese exhibited significantly lower frequencies in lighter eye shades in comparison to the Irish and Polish, and marginally less, compared to Italians"

5 de dezembro de 2018 às 18:30:00 WET  
Blogger Caturo said...

Muito obrigado, é para mim uma surpresa gigantesca que os Portugueses tenham pele mais clara que os Polacos...

6 de dezembro de 2018 às 01:08:00 WET  
Blogger Caturo said...

«Caturo, ja reparaste que os coletes amarelos ganharam muita popularidade em França e no entanto uma das premissas que defendem é acolher ainda mais imigrantes!!»

Quase aposto que a esmagadora maioria dos franceses que os apoiam nem sabem desse pormenor pormaior dos imigrantes... o pessoal está é revoltado com o aumento do preço da gasolina e depois explode tudo e vai tudo à frente, por esse motivo é que os coletes amarelos têm a popularidade que têm.

6 de dezembro de 2018 às 01:53:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

A diferenca é quase insignificante mas nesta amostra os portuguesas têm de facto ligeiramente a pele mais clara que os polacos

6 de dezembro de 2018 às 09:37:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

«Caturo, ja reparaste que os coletes amarelos ganharam muita popularidade em França e no entanto uma das premissas que defendem é acolher ainda mais imigrantes!!»

Segundo este vídeo (6:40), isso é mentira.

https://m.youtube.com/watch?v=0EHIcpSxdv4

9 de dezembro de 2018 às 22:18:00 WET  

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