«MULHER-MARAVILHA»

«Mulher Maravilha» é um filme aceitável dentro do género. A actriz é girita, boa intérprete, etc.. Que se arranje ali uma historieta de contornos bíblicos aplicada à mitologia helénica é que é de algum mau gosto. «Matar» os Deuses quase todos é por seu turno idiota, faz lembrar a cegada do «Confronto de Titãs 2», faz pensar se não haverá por ali alguma estranha sensibilidade de quem não gosta de ver Divindades clássicas no grande ecrã, enfim. Fazer do general alemão Erich Ludendorff um dos maus da fita é perfeitamente previsível, e no caso até é relativamente compreensível, tendo em conta que o fulano era, nesta época, belicista. Desnecessário era fazê-lo morrer, dado que o teutónico viveu até quase duas décadas depois e, curiosamente, quando morreu era resolutamente pagão - adorador de Wotan, Deus Germânico da Sabedoria - além de democrático, e crítico da guerra; demarcava-se abertamente de Hitler. 

No cômputo geral acaba por ser positivo, razoável entretenimento de massas que sempre divulga, por pouco e distorcidamente que seja, a herança religioso-cultural que constitui o fundamento central do Ocidente, a da Antiguidade clássica, e isto a cavalo de uma das criações da cultura pop contemporânea mais divulgadas no mundo actual.