quarta-feira, dezembro 21, 2016

PAN CONSEGUE QUE ANIMAIS DEIXEM EM PORTUGAL DE SEREM CONSIDERADOS COMO COISAS

Numa legislatura em que os direitos dos animais têm tido cada vez mais expressão é com enorme satisfação que o PAN – Pessoas-Animais-Natureza, assiste no final deste ano à aprovação da alteração do estatuto jurídico dos animais que será votada amanhã no parlamento e que hoje, em Comissão, reuniu o consenso de todas as forças partidárias. Este é um marco histórico, que junta Portugal aos países mais evoluídos nestas matérias, o caso da Áustria, o primeiro país a aprovar um estatuto jurídico do animal em 1988, mas também da França, da Suíça, da Nova Zelândia, Alemanha, entre outros.
Esta alteração ao código civil não vem atribuir personalidade jurídica tout court, mas cria uma figura jurídica intermédia baseada na existência de um direito difuso. Até hoje o direito civil português apenas regulava a relação entre pessoas e entre pessoas e coisas. E a natureza objectiva e subjectiva do animal não se coaduna com a natureza das coisas inertes, tal como esteve definida até agora. Com a contribuição e cooperação de todos os partidos no Parlamento foi possível criar uma terceira figura jurídica, a par das pessoas e das coisas – a figura do animal, enquanto ser dotado de sensibilidade e objecto de relações jurídicas.
“Nós não temos tratado os animais como coisas, nós temo-los qualificado como coisas para os podermos tratar mal, mas isso mudou hoje, e esta mudança vai também permitir que a aplicação da lei de maus tratos a animais de companhia tenha outra robustez. Se já tivesse acontecido esta alteração, por exemplo, o Simba, o mediático Leão da Rodésia abatido a tiro, não poderia ter sido julgado como um dano.”, explica o Deputado do PAN, André Silva.
As leis não são imutáveis e devem precisamente mudar conforme a evolução das consciências. A nossa relação com os animais está a ser socialmente repensada, com os cidadãos a pedirem mudanças concretas nestas matérias e, apesar de este ser um passo muito significativo na história da protecção e direitos dos animais em Portugal, existe ainda um enorme caminho a fazer. 
O quadro penal relativo aos maus tratos a animais de companhia pede claramente uma revisão e uma melhoria e, após quase dois anos da entrada em vigor da referida lei, estaríamos em condições de o fazer. O Projecto de Lei do PAN sobre esta matéria, que será chumbado amanhã, resultou de um trabalho de contributos e alterações, após terem sido ouvidos os pareceres de várias entidades, nomeadamente, da Ordem dos Advogados, da Procuradoria-Geral da República e do Conselho Superior da Magistratura. Este projecto pede o reforço do regime sancionatório aplicável aos animais, pretende criminalizar a morte de um animal mesmo sem que esta seja precedida por maus tratos, o que não acontece na actual lei. A proposta pretende ainda que o abandono de um animal por si só fosse criminalizado, independentemente de colocar em perigo a sua alimentação e cuidados. Defende também a extensão da criminalização por maus tratos a outros animais que não só os de companhia mas que merecem a mesma dignidade penal, independentemente do fim a que se destinem, entre outros aspectos.
“No entanto, o parlamento não está claramente preparado para avançar mais um passo neste sentido. Continua vigente uma teimosia ideológica ligada a profundos interesses e lobbies corporativos no sector da pecuária. Vivemos ainda o tempo em que os agentes económicos são quem mais ordena. O sector da produção animal, ao não condenar cabalmente os frequentes maus tratos a animais, mantendo uma posição distante e silenciosa, e ao oporem-se à aprovação das alterações à lei dos maus tratos, apenas vêm reforçar que as agressões e os maus tratos a animais são uma realidade unanimemente aceite no quotidiano da produção pecuária portuguesa”, avança André Silva.
Portugal ainda está atrasado no que respeita aos casos de condenações e de penas efectivas por crimes de maus tratos a animais. Apesar de se ter procedido à criminalização dos maus tratos, a execução da lei tem ficado muito aquém do que seria aceitável. Nos outros países do Norte e Centro da Europa já não é assim, são muitos os casos de condenações e de penas efectivas por estes crimes.
“Esta é uma semana muito importante para uma estrutura reduzida como o PAN, sentimos a possibilidade real, mesmo com todas as restrições e resistências, de defender causas e valores, de continuar a funcionar como braço político dos cidadãos, associações e organizações não-governamentais que desenvolvem há décadas um trabalho diário na defesa dos direitos dos animais e da protecção ambiental e é este o caminho que queremos continuar a seguir e que nos motiva na entrada para o próximo ano”, reforça André Silva.
*
Fonte: http://pan.com.pt/comunicacao/noticias/item/1129-pan-animais-deixam-de-ser-coisas-em-portugal.html

* * *

O PAN presta pois mais um serviço à Civilização Ocidental em Portugal. Neste caso continua a estar de parabéns...

6 Comments:

Blogger Nelson Mendes said...

O PAN coloca ao mesmo nivel o tiro ao pombo, com quem maltrata os animais, como a senhora que queimou o gato no ano passado.
Talvez não interesse saber que o tiro ao pombo é não uma das variantes do tiro que mais turistas atrai para o País, bem como é pela natureza do alvo a variante suprema do tiro desportivo.
O PAN é o sintoma politico maior da influência que o Marxismo Cultural tem sobre a sociedade portuguesa.
Abraço

22 de dezembro de 2016 às 01:25:00 WET  
Blogger Caturo said...

Não interessa se o tiro ao pombo atrai turistas ou se é particularmente apreciado por quem gosta de dar tiros. É um crime e deve ser tratado como tal. E muito antes do «marxismo cultural» já Pitágoras se opunha a que se fizesse mal aos animais.
Saudações.

22 de dezembro de 2016 às 02:41:00 WET  
Blogger Nelson Mendes said...

Mas Pitágoras era vegetariano?
Um exemplo bastante forçado.
Um sintoma do marxismo cultural é o ataque à caça e a quem tem alguma actividade minimamente relacionada com o campo.
O desfasamento entre os citadinos e os rústicos revela-se nestes pequenos pormenores.
Proibir o tiro ao pombo iria/irá destruir todo um ecosistema cultural, económico e social. Como foi feito ao acabar com a caça á raposa enm Inglatera ou a tourada na Catalunha.
Crime? Crime é o PAN colocar ao mesmo nivel praticantes de tiro com pessoas que maltratam os animais.
É um muito mau serviço que o PAN presta à Civilização Ocidental e um bom serviço não sei a quem.
Aliás um Civilização em que o vector armas e caça sempre esteve presente e agora está sob pressão, nesta progressiva desvirilização e desarmamento dos Europeus para que fiquem á merçê dos outros.
Boas Festas
Abraço

22 de dezembro de 2016 às 18:37:00 WET  
Anonymous Zé Muacho said...

Mas, sobre o abate "halal" de animais, o PAN está muito caladinho!
Será que se "pedir desculpa", já posso torturar um animal?

23 de dezembro de 2016 às 00:18:00 WET  
Blogger Caturo said...

Essa falha do PAN já eu comentei, de facto é uma falha do partido.

23 de dezembro de 2016 às 01:08:00 WET  
Blogger Caturo said...

«Mas Pitágoras era vegetariano?»

Sim, Pitágoras era vegetariano e apelava, tanto quanto se sabe - ler por exemplo «As Metamorfoses», de Ovídio - a que «não se enchesse o ventre com carne morta». E fazia-o por motivos compassivos. O exemplo é por isso mais que apropriado.
Duvido que a proibição do tiro ao pombo destrua seja o que for para além do lucro de quem ganhava dinheiro com isso, e também do prazer de quem gosta de matar animais. Paciência, dediquem-se os fãs do tiro aos jogos de vídeo ou disparem contra pratos, ou até uns contra os outros, de comum acordo. Nada disso destrói qualquer ecossistema social; e um ecossistema cultural baseado nisso é um ecossistema cultural que merece ser mesmo alterado, e «alterado» é a melhor das hipóteses. A proibição da tourada na Catalunha constituiu outra conquista civilizacional; a tauromaquia é abjecta; sucede entretanto que o desporto britânico da caça à raposa revela-se de tal modo asqueroso que comete o feito aparentemente impossível de fazer a «lide de toiros» parecer nobre, por comparação.
Todos - PAN incluído - os que combatem tais obscenidades prestam por isso um serviço ímpar à Civilização Ocidental, comparável, na sua medida, ao dos que conseguiram acabar com a escravatura. Proibir que haja gente a matar animais inofensivos não desviliriza coisa alguma, porque virilidade não é necessariamente sinónimo de sadismo ou de crueldade. Não obriga também a desarmamento algum, é que uma coisa não tem mesmo corno a ver com outra, muito menos com a situação de ficar à mercê de outros. Não é por não se poder assassinar com prazer um pássaro que os Mouros entram todos pela Europa adentro.
Saudações Natalícias.

23 de dezembro de 2016 às 04:16:00 WET  

Enviar um comentário

<< Home