quarta-feira, agosto 19, 2015

AS LÍNGUAS ACTUAIS NÃO MOSTRAM TRAÇOS DA ALEGADA ORIGEM AFRICANA DA HUMANIDADE

Fonte: http://arstechnica.co.uk/science/2015/01/modern-languages-show-no-trace-of-our-african-origins/
*
O estudo da Linguística leva a conclusões curiosas, paralelas e por vezes aparentemente opostas às que se verificam no que à Genética diz respeito. Por exemplo, ao contrário do que sucede com os genomas, as línguas isoladas têm mais diversidade no seu seio. E, também ao contrário do que alegadamente sucede com o genoma, as línguas europeias não têm traços da suposta origem africana da humanidade.
Para levar a cabo o estudo que conduziu a esta conclusão, os investigadores concentraram-se nos fonemas - as mais pequenas unidades de som linguísticas com significado. Por exemplo, o Inglês usa o p e o b para distinguir entre «pat» (tablete) e «bat» (morcego), o que significa que o p e o b actuam como fonemas. Outras línguas podem não usar estes sons para distinguir as palavras, ou podem fazer outras distinções, baseando as diferenças de significados em mudanças subtis, tais como se um «sopro» se segue ou não ao p.
A wikipedia explica-o com clareza e um exemplo em Português: «fonema é a menor unidade sonora (fonológica) de uma língua que estabelece contraste de significado para diferenciar palavras. Por exemplo, a diferença entre as palavras PRATO e TRATO, quando faladas, está apenas no primeiro fonema: /P/ na primeira e /t/ na segunda.»

Cada língua tem um certo número de fonemas e estes inventários de fonemas diferem em tamanho de idioma para idioma. Os pesquisadores compararam informação a respeito de inventários de fonemas a nível global com dados da genética global e da localização geográfica de maneira a isolar e definir o modo como as unidades de fonemas e as unidades genéticas se relacionam entre si.

A partir daí, verificaram que populações separadas umas das outras por maiores distâncias geográficas são também separadas por maiores diferenças genéticas e fonémicas. As línguas que vêm da mesma família - como o Português, o Castelhano, o Italiano - têm em princípio fonemas mais parecidos.
Sabe-se entretanto que, quando as populações migram, a sua diversidade genética desce, porque o grupo que se move leva consigo apenas uma parte do património genético da sua população original. Grupos isolados de pessoas, sem possibilidade de se fundirem com outros grupos, têm por isso uma diversidade genética limitada. A língua, pelo contrário, evidencia o padrão oposto: idiomas com muitos vizinhos próximos são influenciadas por esses vizinhos, o que leva a uma menor variedade fonémica ao longo do tempo. Línguas isoladas, por outro lado, mudam ao longo de gerações, tornando-se mais diversificadas.
A descoberta que mais surpreendeu alguns foi a de que a alegada migração humana oriunda de África não deixou traços na linguística moderna, o que contradiz trabalhos anteriores a respeito do tema, sugerindo que, tal como sucede com a genética, a diversidade linguística declina com a distância de África, como resultado das separações populacionais e sua distanciação entre si. Os autores do estudo sugerem que a língua se altera mais depressa que a genética e é menos determinada pelo tamanho e características de uma população migrante, levando a padrões notoriamente diferentes em dados genéticos e fonémicos.
Segundo o Dr. Dan Dediu, que pesquisa linguística e genética no Instituto Max Planck de Psicolinguística em Nijmegen, Holanda, «isto constitui um acrescento muito interessante e importante ao tema, não apenas porque usa uma vasta base de dados e introduz métodos (relativamente) novos ao âmbito, mas também pelas suas conclusões. Se as suas principais conclusões sobreviver a comparações com outras bases de dados e métodos, então trata-se de uma mui poderosa confirmação da ideia de que os processos demográficos são uma das principais forças por trás da diversidade linguística e genética. Também destaca o facto de que as línguas e os genes têm diferentes propriedades, especialmente no que toca a comunidades pequenas e isoladas e ao contacto entre populações.» O Dr. Dediu explica, por outro lado, que nem todos os fonemas mudam com a mesma facilidade. Por exemplo, devido à sua semelhança, o b e o p podem mudar de um para o outro muito mais facilmente do que os sons ee e k. Se duas línguas têm sons mais parecidos entre si do que com uma terceira língua, estão foneticamente mais próximas entre si, mesmo que estas três línguas tenham inventários de fonemas do mesmo tamanho. 



1 Comments:

Anonymous Arauto said...

Claro, é que os europeus criaram a sua cultura na Europa...

19 de agosto de 2015 às 12:56:00 WEST  

Enviar um comentário

<< Home