terça-feira, abril 07, 2015

VIGÁRIO VÍTOR MELÍCIAS AUFERE MAIS DE SETE MIL EUROS POR MÊS

É mais uma notícia que tem uns anitos mas que não deixa de merecer comentário e divulgação: ttp://expresso.sapo.pt/7450-euros-por-mes-o-padre-melicias-tem-uma-pensao-que-e-uma-delicia=f643212#ixzz3WZNzThZy
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"Deus está no meio de nós". Mas eu acredito que ele gosta mais de andar junto de alguns do que no meio do resto da carneirada. Uma omnipresença um tanto ou quanto elitista. E com a sua capacidade divina de alterar a vida dos crentes acaba por tocar meia dúzia de afortunados de forma especial. Provavelmente terá a ver com a dedicação que estes lhe retribuem em vida. A retribuição do Padre Melícias é de 7450 euros.
A minha será provavelmente zero. Mas eu não vou à missa a não ser em casamentos, baptizados ou quando alguém estica o pernil. Por isso o Padre Melícias, que até é uma espécie de padre do jet-set foleiro, que casa tudo quanto é azeiteiro da bola e mulher esticada, parece-me perfeitamente justo que ganhe esta exorbitância. E ou muito me engano ou esta notícia gerou uma afluência aos seminários fora do comum. Com uma reforma destas nem um deputado com dois mandatos cumpridos consegue chegar às traseiras das sandálias do franciscano Melícias.
"Com 71 anos, Vítor Melícias declarou, em 2007, ao Tribunal Constitucional um rendimento total de 111 491 euros, dos quais 104 301 euros de pensões e 7190 euros de trabalho dependente. 'Eu tenho uma pensão aceitável mas não sou rico', diz o sacerdote. Em 14 meses, o sacerdote, que prestou um voto de obediência à Ordem dos Franciscanos, tem uma pensão mensal de 7450 euros. O valor desta aposentação resulta, segundo disse ao CM Vítor Melícias, da "remuneração acima da média" auferida em vários cargos."
(...)
O que vale é que está habituado a viver uma vida sem luxos e abdicou de tudo o que é supérfluo, porque como se sabe: "Os Frades Menores, também chamados de Franciscanos, são uma fraternidade de irmãos clérigos e leigos, isto é, de irmãos sacerdotes e não sacerdotes, com iguais direitos e obrigações, vivendo no dia-a-dia os votos de pobreza, castidade e obediência."
Eu imagino a tristeza que o Padre Melícias deve sentir cada vez que ao final de cada mês olha para o saldo gordo da conta bancária. Deve soar como os 57 sinos do Palácio de Mafra, considerados os maiores e melhores do mundo, a tocar em simultâneo. TLIM. TLIM. TLIM.
Deixai-me agora ir ajudar os pobrezinhos, que aposto que o Padre Melícias graças ao voto que fez entrega tudo o que recebe, vivendo de forma singela e desabonada na pobreza que jurou. Não tenho qualquer dúvida disto, porque de outra forma de padre teria muito pouco, e de Franciscano ainda menos.
Ou até já os padres mamam de forma desavergonhada nesta porcaria de país?

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«Já»? Será que só agora mamam? A Igreja sempre teve um poder imenso em Portugal. Não terão sido poucos os nobres portugueses que ofereceram terras ao padralhame na hora da morte. Coincidentemente ou não, boa parte, se não for a maior parte, da doçaria portuguesa, tem nomes formados a partir da esfera clerical... 

Que o p. Vítor Melícias entregue (?) a maior parte da sua pensão aos pobrezinhos interessa menos - o mal está num sistema que entrega tanto dinheiro por mês  a um só indivíduo quando a justiça, e sobretudo a urgência caritativa que a actual austeridade impõe, implicaria que tal riqueza mensal fosse na sua maior parte directamente distribuído aos pobres, assim até se poupava tempo...