terça-feira, abril 07, 2015

INDO-EUROPEUS - A TERCEIRA GRANDE MARCA GENÉTICA DA EUROPA




Fonte: http://theconversation.com/european-invasion-dna-reveals-the-origins-of-modern-europeans-38096
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Um novo estudo indica que a migração que pode ser considerada como indo-europeia constituiu cronologicamente o terceiro grande contributo genético para a constituição dos Europeus.

A primeira grande população europeia terá sido a dos caçadores-recolectores.

A segunda, a dos agricultores migrantes. Hesitou-se, a dada altura, entre a teoria de que os caçadores-recolectores poderiam ter aprendido técnicas agrícolas por contacto com vizinhos sudeste-europeus e a teoria de que teria realmente havido uma migração maciça a partir do Próximo Oriente. As análises genéticas dos actuais Europeus apoiam claramente a segunda alternativa, que se teria começado a verificar há cerca de oito mil anos.

Parece que os caçadores-recolectores teriam retirado para as periferias da Europa, nomeadamente a Britânia e a Escandinávia. Mas a genética indica que alguns milhares de anos depois retornaram e o seu património genético misturou-se grandemente com o dos agricultores de há sete mil a cinco mil anos atrás em muitas partes da Europa.

A terceira grande população foi a dos pastores das estepes, a partir da Europa Central durante a Primeira Idade do Bronze, há cerca de quatro mil e quinhentos anos. Esta gente trouxe duas tecnologias cruciais: o cavalo domesticado e a roda. Trouxe também, provavelmente, a família linguística indo-europeia.

Esta questão é desde há séculos polémica e recentes métodos genéticos talvez a tenham conseguido solucionar. Em vez de sequenciarem o genoma inteiro a partir de um número muito pequeno de esqueletos bem conservados, especialistas da Universidade de Harvard analisaram quatrocentos mil pequenos marcadores genéticos ao longo do genoma. Isto tornou possível pesquisar rapidamente grandes números de esqueletos de toda a Europa e Eurásia. Assim se constatou que os esqueletos da cultura Yamnaya, das estepes russo-ucranianas a norte do Mar Negro, enterrados em grandes montes artificiais conhecidos como kurgans, constituem precisamente a grande fonte genética que faltava para compreender os fundamentos genéticos da Europa. Este povo de pastores, com cavalos domésticos e carros puxados por bois, parecem ser responsáveis por mais de setenta e cinco por cento do ADN observado nas culturas centro-europeias de há quatro mil e quinhentos anos, nomeadamente a da Cerâmica Cordada, assim designada porque consiste numa cerâmica ornamentada com motivos que se assemelham a cordas. Há pelo menos um vestígio desta cultura arqueológica em território português, concretamente em Freixo de Numão.
Pensou-se a dada altura – sobretudo com Colin Renfrew - que as línguas indo-europeias poderiam ter sido trazidas pela migração dos agricultores. Em apoio desta teoria salienta-se a grande inovação cultural que a agricultura trouxe.
Em contrapartida, a tese mais tradicional atribuía aos pastores da estepes esta introdução do indo-europeu no Ocidente, isto sobretudo com base na linguística, uma vez que há palavras comuns em várias línguas indo-europeias para designar veículos e transportes com rodas. As mais recentes análises genéticas não podem ainda garantir a certeza desta segunda hipótese mas parecem confirmar que de facto o Indo-Europeu, ou pelo menos grande parte do mesmo, foi trazido para Ocidente pelo povo de Yamnaya.

Lá diz o povo, não há uma sem duas nem duas sem três. Por mera coincidência o três é um número particularmente relevante nas culturas indo-europeias, como demonstrado pelos estudos de Georges Dumézil e não só. É também curioso que, por coincidência ou não, alguns mitos das culturas indo-europeias ocidentais falem de confrontos e/ou de contrastes entre três grandes grupos sucessivos. Na mitologia helénica, por exemplo, o poder Divino primordial é de Úrano, o Céu, e coincidentemente o céu é usualmente o cerne da religiosidade dos Povos que vivem da pastorícia. A seguir a Úrano impôs-Se Cronos, Deus que os Romanos identificaram com Saturno, Potestade das Sementeiras, ou seja, uma força Divina da agricultura. Depois de Crono surge Zeus, novamente um Deus Celestial, que suplanta Crono e Se torna no rei de tudo, a partir do Seu trono das Alturas. A terceira grande vaga genética é a dos pastores presumivelmente indo-europeus, cujas Divindades principais são celestes e Zeus é precisamente a versão grega do mais típico dos Deuses indo-europeus, juntamente com o equivalente latino, Júpiter.
Outro mito helénico faz lembrar esta sobreposição populacional – o das diferentes idades da humanidade. A primordial, dita Idade do Ouro, foi uma época sem trabalhos (sem trabalhos agrícolas?); a segunda, a da Prata, teve um predomínio da mulher sobre o homem, o que pode remeter para o valor destacado que as Deusas adquirem nos panteões dos povos agrícolas; a terceira, do Bronze, foi a de homens muito violentos que viviam para guerra, o que pode eventualmente ecoar o alegado pendor bélico dos migrantes indo-europeus. Na Irlanda há uma sucessão mítica de Povos, entre o humano e o divino, em que o terceiro elemento é o dos Nemed, que vêm a ser os ancestrais dos grandes Deuses da Irlanda, os Tuatha de Danann.

Pode tratar-se tudo isto de nada mais que de uma sucessão de coincidências, se não houver aqui traços de alguma antiga memória ancestral, talvez pouco verosímil mas, creio, não impossível, que implique uma visão de conjunto da pré-história europeia ao longo de milhares de anos.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

http://www.minutodigital.com/2015/04/06/video-escena-de-la-vida-real-en-sudafrica-la-multicultura-en-accion/

Africa do Sul e diversidade.

7 de abril de 2015 às 16:20:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

ha algum documentário interessante sobre isso para ver online?
pode ser em ingles ou espanhol
obrigado

7 de abril de 2015 às 18:56:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

FOI A ULTIMA GRANDE LEVA CAUCASOIDE MAS A MAIS RELEVANTE POIS FOI ELA QUEM GEROU A EUROPA EM SI; DOS GREGOS AOS ROMANOS; DOS GERMANICOS AOS ESLAVOS; DOS CELTAS AOS LUSITANOS

7 de abril de 2015 às 20:30:00 WEST  
Blogger Caturo said...

«ha algum documentário interessante sobre isso para ver online?»

Penso que pode haver diversos, convém é filtrar a informação com cuidado:

https://www.youtube.com/results?search_query=INDO-EUROPEAN+GENETIC

9 de abril de 2015 às 17:34:00 WEST  

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