ELEIÇÕES NA GRÉCIA - VITÓRIA RELATIVA DA EXTREMA-ESQUERDA, CONSOLIDAÇÃO DO NACIONALISMO

Fonte: http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/neonazis_do_aurora_dourada_sao_a_terceira_forca_partidaria_na_grecia.html

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A histórica vitória do Syriza foi acompanhado pelo não menos histórico resultado do Aurora Dourada que fechou o pódio dos partidos mais votados nas legislativas deste domingo. No entanto, o Aurora Dourada deverá perder um deputado face aos 18 parlamentares eleitos em 2012.

Apesar de o maior protagonismo da noite eleitoral deste domingo caber ao Syriza, também o partido de inspiração neonazi Aurora Dourada figura entre os vencedores das legislativas gregas. 

Depois do quinto lugar alcançado nas legislativas de Junho de 2012, o Aurora Dourada confirma-se agora como a terceira maior força partidária no parlamento helénico. Isto depois de nas eleições europeias de 25 de Maio de 2014, o Aurora Dourada ter sido o terceiro partido mais votado. Contudo, ao conseguir eleger 17 deputados, perde um deputado face aos 18 parlamentares eleitos em Junho de 2012.

Depois de contabilizadas mais de 99% das secções de voto, o Aurora Dourada segue com 6,28% dos votos. Assim, o partido fundado e liderado por Nikolaos Michaloliakos, consegue o objectivo de ser afirmar como a terceira maior força grega, com uma ligeira vantagem face ao partido de centro-esquerda To Potami (O Rio), que segue com 6,05%, também representativos de 17 deputados. Contudo, o partido de extrema-direita consegue o último lugar do pódio à custa da perda de um deputado relativamente ao resultado de 2012.

O Aurora Dourada é contra os dois memorandos acordados entre Atenas e a troika e defende o não pagamento de toda a dívida pública helénica e a nacionalização dos bancos, pelo que, tendo ainda em conta uma matriz ideológica neonazi, afasta qualquer possibilidade de este partido poder vir a fazer parte de um acordo de governo.

Apesar disso, num comunicado enviado já no decorrer da noite de domingo, durante o período em que ainda eram contados os votos, Nikolaos Michaloliakos, que se encontra em prisão preventiva desde 2013, tal como outros quadros deste partido de extrema-direita, afirmou estar disponível para colaborar na formação de um Executivo "caso outras soluções falhem".   

Antes das eleições deste domingo, o único líder relevante do Aurora Dourada que permanece em liberdade, Ilias Panagiótaros, assegurava que Michaloliakos poderia intervir durante e depois da campanha "via telefone". 

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É realmente notável e significativo que um partido abalado por um escândalo - forjado, como se viu - e que tem destacados membros na cadeia consiga apesar disso consolidar-se como a terceira maior força política de um país europeu. O Nacionalismo é mesmo assim - independentemente das prestações individuais dos seus representantes políticos, a sua tendência geral é a do fortalecimento em solo europeu, pura e simplesmente porque, como aqui tenho dito e repetido à exaustão, e provado com factos, o Nacionalismo é a tendência ideológica com mais potencial de crescimento no seio da população.

Saliento que isto sucede apesar do comportamento quer individual quer ideológico dos indivíduos que representem o Nacionalismo. Neste caso concreto, a ligação alegada de gente centralmente importante do partido ao mundo do crime não pode ajudar a ganhar votos, nem tampouco, acrescento, a conotação com o Nacional-Socialismo, com todos os receios de perda de liberdade democrática que isso possa suscitar. Nisto o Syriza assume uma clara vantagem, não surpreende que agora ganhe as eleições, ainda que não com maioria absoluta, mesmo tendo todos os trunfos na mão. Ver-se-á agora o que faz esta malta de Extrema-Esquerda, ou se chega de facto a fazer algo, isto enquanto a Aurora Dourada continuará provavelmente a crescer. Espera-se que esta formação nacionalista não venha a atraiçoar a Democracia, como fez o Nacional-Socialismo na Alemanha em 1933.

E o que acaba por ser mais engraçado neste episódio é que o partido da Extrema-Esquerda vencedor estabeleceu de imediato uma coligação governamental, não com outro partido de Esquerda, e havia vários disponíveis, mas sim com um partido de Direita, como aqui se lê: http://observador.pt/2015/01/25/sem-maioria-tsipras-ja-tem-acordo-de-coligacao/

Note-se, muito bem notado, que este partido de Direita, o dos Independentes Gregos, é contrário à imigração e ao multiculturalismo, enquadrando-se no campo do Nacionalismo moderado e populista. É talvez, de entre as formações partidárias helénicas, aquele que mais se assemelha à Frente Nacional francesa, o que de algum modo dá razão ao apoio que a líder da FN pronunciou a favor do Syriza e, ironicamente, tira força ao repúdio que em resposta o Syriza manifestou para com a FN...