quarta-feira, julho 02, 2014

EM FRANÇA - UM PADRE E UM POLÍTICO «DE DIREITA» ESCREVEM LIVRO PARA DEMONSTRAR INCOMPATIBILIDADE ENTRE O NACIONALISMO E O CRISTIANISMO

Agradecimentos ao vigia da padralhada por ter aqui trazido mais este artigo: http://www.secours-catholique.org/actualite/extreme-droite-les-chretiens-contre-la-tentation-fn,10621.html?date=2014-01
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Este texto está na página da Secours Catholique, que é a Cáritas em França, organização oficial da Igreja Católica Apostólica Romana: em França, o político Étienne Pinte, deputado por Yvelines do UMP, o maior partido «de Direita», escreveu juntamente com um padre, Jacques Turck, cura em Issy-les-Moulineaux, o livro «Extrême droite : pourquoi les chrétiens ne peuvent pas se taire», isto é, «Extrema-Direita: Porque É Que Os Cristãos Não Podem Permanecer Em Silêncio», que explica a incompatibilidade entre os valores do Evangelho e o programa da Frente Nacional (FN).
Étienne Pinte, católico convicto, confirma: «A FN tornou-se comum e modernizou-se. Marine Le Pen modificou a imagem de partido de Extrema-Direita.» O livro serve para lembrar a todos, especialmente aos cristãos, que as teorias da FN não estão enraizados nos valores do Evangelho. Valores que são o oposto da Extrema-Direita actual: a rejeição da diferença, do estrangeiro, da Europa, da mundialização. Enquanto isso, a Igreja convida à receptividade, à abertura, à partilha, à caridade. E ao viver conjunto.
E disse mais, na apresentação do livro: «Muitas pessoas na corrente da Extrema-Direita são cristãs e católicas. Há até seis por cento de jovens que participaram na última Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que quer votar na FN.» O livro aborda os principais pontos de vista políticos e económicos da Extrema-Direita. E pretende demonstrar o impasse que seria a sua aplicação. Leia-se: «Para os cristãos de todos os partidos, a eleição presidencial é um desafio cultural e ético.» Para o padre Turck, a frase resume o debate: «À preferência nacional que a FN preconiza, a Igrejac responde com a opção preferencial pelos pobres.»

Note-se que a mesma editora, Les Éditions de l’Atelier, o actual presidente da Secours Catholique, François Soulage, publicou há um ano o livro «Imigração, Porque É Que Os Cristãos Não Podem Permanecer em Silêncio», para explicar, juntamente com a Geneviève Médevielle, que o estrangeiro é «meu irmão» de acordo com os preceitos do Evangelho, sobre o qual se pode ler algo aqui: http://www.secours-catholique.org/actualite/francois-soulage-livre-ses-convictions-en-matiere-d,9058.html
Geneviève Médevielle é teóloga e moralista honorária e vice-reitora do Instituto Católico de Paris. O livro afirma que é necessária uma recepção digna e incondicional do estrangeiro. Deixa claro que, para os cristãos, qualquer pessoa presente no país, independentemente da sua origem e da religião, deve ser aceite com dignidade porque é o rosto de Jesus Cristo, nosso irmão em humanidade. A indignação só por si não é suficiente para superar a lógica do medo do outro no momento em que há uma nova recusa dos estrangeiros. É também preciso fazer entrar uma verdadeira dinâmica de acolhimento de estrangeiros tendo em conta a sua angústia e riquezas.


Confirma-se mais uma vez, e mais outra, e outra, e outra, e mais outra, e mais outra ainda, sempre mais outra, a óbvia, evidente, flagrante, indesmentível, indefectível, incontornável, inevitável, incompatibilidade entre o Nacionalismo e o Cristianismo. 
Os valores cristãos constituem simplesmente a própria essência do anti-nacionalismo. 

Repare-se por exemplo num dos valores da Igreja referidos no livro do padre e do político, o de «viver juntamente». De imediato vem à memória o que disse Justino o Mártir, doutor da Igreja do século II d.c.:
«Nós que antes matávamos e nos odiávamos e não compartilharíamos o nosso lugar com pessoas de outra raça devido aos seus [diferentes] costumes, agora, depois da vinda de Cristo, vivemos juntamente com eles.»

E é isto que diversos «cristãos culturais» patriotas e auto-proclamados nacionalistas querem dar como uma das raízes e pilares da Europa...

Isto é anti-racismo mundialista puro e duro. E, efectivamente, o dito livro diz mesmo que a rejeição do mundialismo é contrária aos valores da Igreja Católica Apostólica Romana. Isto nada tem a ver nem com judeus infiltrados nem com maçónicos nem com nada disso - isto é Cristianismo autêntico, o Cristianismo das origens. Quanto mais verdadeiro for o Cristianismo mais anti-nacionalista será. 

O mundialismo que agora ameaça a identidade étnica dos Europeus começou, em solo europeu, precisamente com a cristianização, há mil e setecentos anos. Antes disso havia já alguma misturada étnica, é certo, e um imenso desenraizamento fruto da escravatura e do imperialismo, mas não havia uma militância moral anti-fronteira. Essa militância moral anti-fronteira surgiu no Ocidente com o Cristianismo. Foi Jesus quem disse para dar a outra face ao agressor alógeno, foi Jesus quem veio pregar o amor universal e, ao mesmo tempo, o rompimento com o seu próprio sangue: Jesus afirmou categoricamente que a sua verdadeira família era a dos que o seguiam (em vez da sua própria família de sangue, nomeadamente mãe e irmãos), afirmou categoricamente que veio para lançar a guerra no seio de cada família, , afirmou categoricamente que era preciso odiar os próprios pais.

Um Povo foi sempre o seguinte: o mesmo sangue, a mesma língua, a mesma religião. O sangue do Povo, isto é, a raça; o idioma nacional; os Deuses Nacionais. 
Com a cristianização começou a cair a parte religiosa da estirpe, isto é, o culto aos Deuses Nacionais, que foi proibido pelas autoridades cristãs. O resto teria de acontecer, tarde ou cedo, porque se trata de um todo coerente que cai, tal como uma bola de neve vai aumentando de tamanho à medida que rola por uma encosta. Todo um Povo habituado à ideia de prestar culto a um «Deus» único nascido no seio de uma gente estrangeira terá no seu seio o veneno com potencial para desabrochar e produzir na sua elite intelectual o culto do universalista. Entre a massa popular predomina sempre a preferência pelo Nós, porque esta preferência é atávica, pré-humana até, instintiva, absolutamente vital; mas num contexto mais intelectualizado, mais propício à reflexão, que seja milenarmente educado numa religião universalista ou na periferia intelectual de uma religião universalista, mais tarde ou mais cedo impor-se-á o universalismo e seus filhos directos: o internacionalismo, o anti-racismo, o anti-nacionalismo. 

Contra esta praga espiritual, intelectual, moral, só o Nacionalismo é solução, e a subsequente valorização cardeal, mais lenta menos lenta, de tudo o que diz respeito à estirpe: a sua biologia, sim, a sua língua, obviamente, e, também, a sua religião étnica, aquela(s) cujos altares a Cristandade destruiu mas que hoje retorna(m).

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1 Comments:

Blogger Afonso de Portugal said...

Os nacionalistas cristãos começam a ficar cercados: até já os seus líderes religiosos escrevem livros a condenar o Nacionalismo.

Neste momento, deve ser pior ser nacionaista e cristão do que ser homossexual e cristão. Afinal, o papa já disse "quem sou eu para julgar os gays?", ao mesmo tempo que disse que é preciso acolher os imigrantes que invadem a Itália pelo Mediterrâneo...

2 de julho de 2014 às 22:15:00 WEST  

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