segunda-feira, maio 26, 2014

EM TERRAS GAULESAS - DEMOCRACIA DÁ VITÓRIA AO NACIONALISMO


Fonte da notícia: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3933085&utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+JN-NACIONAL+%28JN+-+Nacional%29
Havia duas quase certezas, as duas temidas, as duas confirmadas: a abstenção manteve-se acima dos 60% e a extrema direita ganhou terreno no Parlamento Europeu. Muito, com os neonazis alemães a elegerem um eurodeputado pela primeira vez. Ainda assim, o PPE voltou a ganhar, mantendo a maioria para os que defendem a Europa.
Há menos de uma semana, os franceses disseram ter ficado chocados com a solução de Jean-Marie Le Pen, presidente honorário da Frente Nacional, para o problema da imigração. "O Sr. Ébola é capaz de resolver isso em três meses", afirmou o fundador do partido de extrema direita, aparentemente disposto a banir os imigrantes através de um vírus altamente mortal.
O choque dos eleitores não teve tradução nas urnas. Pelo contrário. Jean-Marie é pai de Marine, cabeça de lista da Frente Nacional, os dois eram candidatos ao Parlamento Europeu, os dois foram eleitos numa vitória histórica (25%) que coloca o partido anti-euro e anti-imigração como principal força política do país da "liberdade, igualdade, fraternidade", e atira o socialista François Hollande para um complexo terceiro lugar.
Por isso mesmo, Le Pen pai, pediu logo, na primeira declaração da noite, a demissão do Governo. "A Assembleia Nacional deve ser dissolvida", afirmou, e o primeiro-ministro, Manuel Valls, "deve demitir-se". Le Pen filha seguiu-lhe as pisadas. Sentiu "o desejo de liberdade do povo francês" e pediu legislativas antecipadas.
O resultado francês é só a amostra mais evidente da radicalização em que a Europa mergulhou. Os poucos eleitores que votaram (43,1%) extremaram posições: nos países ricos, a extrema direita ganhou terreno (no Reino Unido venceu o partido euro-céptico UKIP com 35%); nos países mais pobres ou intervencionados pela troika, foi a esquerda radical que ganhou pontos.
É o caso da Grécia, em que o partido anti-austeridade de Alexis Tsipras, Syriza, é agora a primeira força grega, derrotando a Nova Democracia liderado pelo primeiro-ministro Antonis Samaras.
O Parlamento Europeu que tinha 47 eurodeputados integrados em duas famílias de extrema direita - o Movimento pela Europa das Liberdades e da Democracia (MELD) e a Aliança Europeia dos Movimentos Nacionais (AEMN) -, representando 6% do hemiciclo, passará a ter agora o dobro.
(...)

Reproduzo este par de parágrafos, verdadeiramente estrondoso:

Há menos de uma semana, os franceses disseram ter ficado chocados com a solução de Jean-Marie Le Pen, presidente honorário da Frente Nacional, para o problema da imigração. "O Sr. Ébola é capaz de resolver isso em três meses", afirmou o fundador do partido de extrema direita, aparentemente disposto a banir os imigrantes através de um vírus altamente mortal.
O choque dos eleitores não teve tradução nas urnas. Pelo contrário. Jean-Marie é pai de Marine, cabeça de lista da Frente Nacional, os dois eram candidatos ao Parlamento Europeu, os dois foram eleitos numa vitória histórica (25%) que coloca o partido anti-euro e anti-imigração como principal força política do país da "liberdade, igualdade, fraternidade", e atira o socialista François Hollande para um complexo terceiro lugar.

Mais uma vez, e mais outra, e mais outra, e outra ainda. e mais outra, e outra, e outra, e outra, e outra, e mais outra, confirma-se o que digo - o povo, o povo real, não tem medo do Nacionalismo e não tem medo do «racismo» contra o alógeno. O povo real tem um altíssimo potencial «racista», aliás, o potencial «racista» é de todos os potenciais aquele que tem maior dimensão e profundidade na massa popular: porque todo e qualquer grupo humano, e animal, coloca-se a si próprio em primeiro lugar. Jean-Marie Le Pen não é parvo e sabe disso. 

E, de caminho, revela-se cada vez mais grotesco que continue a haver «jornalistas» a dizer que «os franceses ficaram chocados» com o que quer que seja declarado pelos Nacionalistas, como se os chocados em causa fossem todos os franceses... isto é mais uma vez a desonesta confusão entre opinião pública e opinião publicada. Os franceses que ficaram chocados foram os da elite me(r)diático-política reinante. 

Não foi o povo francês que ficou chocado. Não foi o homem comum francês. 

E a prova disso, a prova provada, com factos e números, está bem à vista - o povo foi votar no «racista» que disse que o ébola é útil para travar alógenos. Preto no branco, sem apelo nem agravo. A elite sabe disto e tem medo - medo do «monstro» que é o potencial nacionalista-«racista» do povo.


14 Comments:

Anonymous Anónimo said...

(1) Ao menos tens a honestidade de dizer aquilo que todos nós sabemos, que falar na exterminação de seres humanos para acabar com indesejáveis numa sociedade é um discurso perfeitamente aceitável num contexto nacionalista.

(2) Vamos lembrar que a FN, tal como o UKIP, tem cabeças de lista e apoiantes de várias raças. São ambos partidos xenófobos, mas ao contrário do BNP e do Golden Dawn, não têm um manifesto racial. Defendem nacionalismo cívico e não racial - tal como muitos cá que defendem a portugalidade de minho a timor.

Presumo que a FN tornar-se-á um partido de direita em vez de extrema-direita para conquistar os votos dos Franceses - algo que o Pai nunca conseguiu fazer.

(3) O BNP foi extinto. O UKIP tem uma política de expulsar qualquer membro que tenha sido militante do BNP.

26 de maio de 2014 às 14:13:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

O PAN, recentemente criado e sem nenhum candidato mediático à cabeça, teria conseguido eleger um deputado por Lisboa se estas eleições fossem legislativas:

http://www.publico.pt/politica/noticia/pan-ficouse-pelos-172-mas-se-fossem-legislativas-elegia-um-deputado-por-lisboa-1637476

26 de maio de 2014 às 15:36:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Sobre o carácter fluido e pouco demarcado da fronteira que separa a extrema-esquerda da extrema-direita a nível de militância:


http://viasfacto.blogspot.pt/2014/05/sobre-subida-da-extrema-direita-nivel.html

"até que no último ano da república de Weimar as transferências de filiados entre o Partido Comunista Alemão e as SA, as milícias nacional-socialistas, chegaram a 80% do conjunto dos membros destas duas organizações. Hitler não mentiu quando, já durante a guerra, recordou aos seus comensais que na época da pancadaria nas ruas 90% do partido nacional-socialista era composto por elementos de esquerda."

26 de maio de 2014 às 16:05:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

E nem a elite precisava ter medo, por enquanto, pois mesmo com esta vitória, as forças nacionalistas ainda são insuficientes para se tomar decisões concretas contra a imigração.

26 de maio de 2014 às 16:11:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

O problema é que os partidos nacionalistas só gostam da democracia enquanto lhes serve os propósitos de conquista do poder. Depois é o que a gente sabe, manda-se a democracia para o caixote do lixo e o que sobra para quem se lhes opõem é, no mínimo, a perseguição. A história está cheia de exemplos desses.

26 de maio de 2014 às 16:29:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Quais, para além do Nacional-Socialista?

De qualquer modo é verdade que ainda existem demasiados militantes nacionalistas com mentalidade anti-democrática. Mas isso tem vindo a mudar. E ninguém pode acusar os actuais partidos nacionalistas bem-sucedidos de serem inimigos da liberdade democrática.


26 de maio de 2014 às 18:34:00 WEST  
Blogger Caturo said...

«E nem a elite precisava ter medo,»

Precisava sim, e tem, como se constata pelas coisas que os seus representantes dizem.



«pois mesmo com esta vitória, as forças nacionalistas ainda são insuficientes para se tomar decisões concretas contra a imigração.»

Nem por isso. Votações mais baixas que estas já serviram para os políticos do sistema começarem a falar na redução da imigração e na Europa-fortaleza.

26 de maio de 2014 às 18:35:00 WEST  
Blogger Caturo said...

«"até que no último ano da república de Weimar as transferências de filiados entre o Partido Comunista Alemão e as SA,»

Mais recentemente o partido comunista francês chegou às ruas da amargura, sendo «comido», absorvido, pela FN.

26 de maio de 2014 às 18:36:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Verdade. O problema vai ser quando criarem uma versão do UKIP em França. Corre o risco da FN acabar como o BNP. E então, adeus França.

26 de maio de 2014 às 19:17:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

O problema vai ser quando criarem uma versão do UKIP em França. Corre o risco da FN acabar como o BNP. E então, adeus França.

A versão UKIP em França é o partido da FN da Le Pen que tentou retirar o racismo/anti-semitismo do partido do Pai. O UKIP é um partido similar ao BNP, sem o racismo e anti-semitismo.

29 de maio de 2014 às 10:46:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Se vocês apoiam partidos nacionalistas que são abertamente contra o nacionalismo racista - como a FN e UKIP, acho que já é uma boa evolução. :)

29 de maio de 2014 às 10:48:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Bem, se a FN é abertamente anti-racista, porque será que os teus donos andam tão assustados com a vitória da FN, e porque será que os teus colegas lacaios escrevem «notícias» de jornal a dizer que «ai, a França está chocada com a vitória da Extrema-Direita!!!»?...

Porque será?... :D

29 de maio de 2014 às 19:34:00 WEST  
Blogger Caturo said...

«(1) Ao menos tens a honestidade de dizer aquilo que todos nós sabemos, que falar na exterminação de seres humanos para acabar com indesejáveis numa sociedade é um discurso perfeitamente aceitável num contexto nacionalista.»

1) Primeiro era preciso que me tivesses apanhado a dizer isso, o que não foi verdade.
1.1) O que Le Pen disse foi por outro lado particularmente valioso, um dos melhores momentos políticos deste ano, e só o não noticiei na altura por falta de tempo, e foi bom independentemente do seu conteúdo ideológico e sim pelo seu valor eleitoral, porquanto provou à saciedade que o mais descarado discurso racista não afasta o voto popular. Le Pen não é parvo e sabe disso, por esse motivo disse o que disse e, para vosso indizível horror :D (um brinde sem comparação) ganhou as eleições logo a seguir a dizer isso.

«(2) Vamos lembrar que a FN, tal como o UKIP, tem cabeças de lista e apoiantes de várias raças. São ambos partidos xenófobos, mas ao contrário do BNP e do Golden Dawn, não têm um manifesto racial.»

2) Vamos então ser honestos e lembrar, como se algum dia pudesse ser esquecido, que a FN está impedida pela lei francesa de ter um discurso racial, e que

mesmo assim

já teve diversos problemas, nomeadamente na pessoa do seu ex-líder mas não só, devido a afirmações consideradas racistas, e que mais recentemente alguns líderes locais da FN se salientaram em episódios marcadamente «racistas», por isso lembramos também que, na mente popular, e sobretudo na dos teus donos, a FN é sim um símbolo contemporâneo do racismo europeu. Lembramos também, e nem é difícil, porque nem aconteceu há muito tempo, que Le Pen disse abertamente que o vírus do ébola é que é porreiro para resolver a imigração. E é isto a FN - Le Pen é ainda o maior símbolo deste partido.


«Defendem nacionalismo cívico e não racial - tal como muitos cá que defendem a portugalidade de minho a timor»

2.2) Errado. Nunca se ouve a FN a pretender um retorno sério às suas colónias ou ex-colónias. Quanto ao resto, ler acima - as palavras ebolianistas do antigo agressor de alógenos nas ruas parisienses deitam completamente por terra a pretensão ciscokidiana de que a FN não seja racista, ou, note-se, de que o povo que vota na FN não esteja a votar num partido tido como racista.



«Presumo que a FN tornar-se-á um partido de direita em vez de extrema-direita para conquistar os votos dos Franceses»

2.3) O que até agora não foi feito nem nada indica que o será, como agora as palavras ebolianistas do loiro bretão deixaram entender.



«(3) O BNP foi extinto.»

E da deturpação o cisco passa, por wishful thinking assente em ódio ou por desespero, à aldrabice pura e simples. Efectivamente, o BNP não só não foi extinto como até continua a existir. O partido responde assim aos ciscos:

»The BNP remains absolutely committed to the democratic process. Electioneering is a hard business, some you win, some you lose. The trick is to treat both ‘triumph’ and ‘disaster’ with a pinch of salt, learn from every contest and be better prepared for the next one.»
http://www.bnp.org.uk/news/national/eu-election-results-nick-griffin-explains-how-bnp-remains-committed-winning-elections-

Mas há mais. Os maiores problemas do BNP são ou foram de ordem interna. Um dos dois eurodeputados do partido até já o abandonou e criou novo partido. Ou seja, a máquina «racista» continua activa, se não é por um lado é por outro. Se não é o BNP, que entretanto continua a existir, será o dos English Democrats ou o BDP. Aliás, o facto de o UKIP se declarar não racista não o livrou de acusações de racismo, recentes (e foi neste partido que o povo votou...), tendo até sucedido o mesmo com a EDL, que até se encheu de «racistas».

Portanto aguenta que pela frente vem festa. :)



29 de maio de 2014 às 20:36:00 WEST  
Blogger Unknown said...

"A versão UKIP em França é o partido da FN da Le Pen que tentou retirar o racismo/anti-semitismo do partido do Pai. O UKIP é um partido similar ao BNP, sem o racismo e anti-semitismo. "

Mas o ukip ,que é um partido totalmente oposto do racialista e anti sionista BNP, é racista ,por ser cumplice da limpeza étnica que passa na inglaterra e por apoiar o supremacismo judaico em israel.

30 de maio de 2014 às 07:30:00 WEST  

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