PRIMEIROS METROS DE PORTUGAL VENDIDOS A PRIVADO ESPANHOL
Fonte: http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Viana+do+Castelo&Concelho=Melga%E7o&Option=Interior&content_id=3810711&page=-1
"São os 60 metros quadrados de terreno mais a norte de Portugal e a mais importante caseta da Guarda Fiscal que o Governo aceitou vender, sem consultar ninguém, a um privado que, por acaso, é espanhol", denuncia, ao JN, António Sousa, presidente da Junta de Freguesia de Cristóval, em Melgaço, onde se situa a emblemática fronteira de S. Gregório.
Esta fronteira era conhecida sobretudo pela intensidade do contrabando e pelo número de pessoas que a usavam para dar "o salto" para Espanha e depois para França. O facto de, neste local, a fronteira geográfica ser feita pelo rio Trancoso, um pequeno afluente do Minho, que permite o atravessamento a pé, fez da fronteira mais a Norte, uma das mais conhecidas do país.
"É uma afronta o Governo aceitar vender os primeiros metros de território português sem sequer informar as autoridades locais", referiu Avelino Fernandes, antigo guarda-fiscal, que ajudou a colocar o soalho na pequena casa agora vendida a um espanhol.
Para a população de Cristóval, a solução passará pela anulação da venda ou por uma compra ao novo proprietário. "A nossa ideia é restaurar a casa, içar a bandeira portuguesa e colocar no local informações sobre a história da fronteira", afirmou Avelino Fernandes.
Manoel Batista, presidente da Câmara Municipal de Melgaço, não se mostra tão confiante no regresso da casa da Guarda Fiscal (onde o rés do chão funcionava como uma prisão provisória para os contrabandistas) a mãos portuguesas. "O município não foi informado, mas a casa e o terreno foram vendidos", referiu. E continuou: "A solução passa pela qualificação dos restantes edifícios da fronteira como sendo de interesse municipal, o que já cria alguns entraves à venda e à realização de obras".
"É lamentável, a todos os níveis, que tenham sido vendidos os primeiros metros de Portugal e que ninguém faça nada", condenou por sua vez Jorge Ribeiro, deputado municipal do PSD. "É triste que, do lado espanhol, o edifício da fronteira esteja impecável e que, uns metros mais à frente, depois da ponte do rio Trancoso, Portugal tenha vendido os primeiros palmos de terra de uma nação", indigna-se o deputado.
Contactado pelo JN, o novo proprietário do terreno e da antiga casa da Guarda Fiscal na margem do rio Trancoso não quis fazer comentários sobre o negócio.
É o tipo de notícia que já só indigna gente do povo, das classes baixas e média-baixas. Falar deste caso a alguém que se situe nos escalões mais altos da sociedade, nomeadamente a gente da elite cultural, é ter quase garantido o semblante de indiferença quando não o sorriso de troça diante da indignação que o sucedido possa suscitar.
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