quarta-feira, abril 09, 2014

«NEO-HITITAS EM PORTUGAL»


Obra galardoada em 2005 pela Academia Portuguesa da História com o Prémio Aboim Sande Lemos. 
Conhecem-se já perto de uma centena de inscrições em pedra, datáveis de entre os séculos VIII e V antes de Cristo, contendo uma escrita semi-alfabética - a chamada escrita do Sudoeste - que é provavelmente das mais antigas da Europa continental. Na sua grande maioria foram achadas no território português do Baixo Alentejo e Algarve.
Na presente obra propõe-se a identificação da escrita e da língua que revela, bem como a tradução da maioria das inscrições. A escrita será oriunda do sudoeste da Anatólia. E a língua será indo-europeia anatólica, muito próxima do luvita e do hitita.
A ser assim, haverá que rever a história da Antiguidade Mediterrânica pré-clássica e das origens do alfabeto.
Fonte: http://www.wook.pt/ficha/neo-hititas-em-portugal/a/id/10996910

Estela do Guerreiro, uma das pedras epigrafadas com a escrita do sudoeste
Uma nova teoria, previsivelmente polémica - a chamada «Escrita do Sudoeste», que tanto tem dado que falar ao longo das décadas em virtude da névoa que sobre elas tem pairado, teria afinal sido obra de um Povo oriundo do Mediterrâneo Oriental, os Hititas ou seus descendentes. Há muito que se considera ter sido o actual território do sul de Portugal uma área altamente influenciada por gentes mediterrânicas, mas a ideia de que fossem indo-europeus parece constituir novidade ou pelo menos tese rara, e parece assente em extensa observação minuciosa. 
O texto é denso e rico, e pejado de ligações e ideias, como é habitual em Ferreira do Amaral. Torna-se particularmente interessante que considere os Cónios como os descendentes do reino neo-hitita de Kau, que na Cária seriam conhecidos como os Kaunioi, e que terão deixado deixado vestígios pelo seu caminho mediterrânico em direcção ao Ocidente; o autor discorda assim da etimologia proposta por Koch segundo a qual o etnónimo «Cónio» estaria próximo do etnónimo britânico Cunetio - nome quase igual ao dos Cinetes, que eram provavelmente os mesmo que os Cónios, segundo ambos os autores, bem como a maioria dos investigadores - com raiz no céltico *Ku- ou *Kuno-, significando «cão» e/ou «herói».

Saliento hoje, e de futuro, algumas partes, nomeadamente no que respeita às etimologias, sempre enriquecedoras mesmo que num ou noutro caso possam parecer demasiadamente ousadas:

Mértola - Myrtilis, que pode derivar do teónimo grego Myrtilos, podendo ter relação com o antropónimo hitita Mursilis;
Mira - topónimo próximo do topónimo anatólico Myra;
Ourique - topónimo próximo do antropónimo Urikki, monarca do reino neo-hitita de Kau;
Serpa - do hitita Sarpa, que é teónimo, antropónimo e orónimo ou nome de montanha;
Silves - aparentado com Kilbi, topónimo da Anatólia, terra de Hititas;
Melides - semelhante ao topónimo leste-hitita Melidi, bem como ao teónimo Milita, nome pelo qual a Deusa Afrodite era conhecida na Babilónia...
E há muitos, muitos mais, que oportunamente aqui hei-de referir.




2 Comments:

Blogger betoquintas said...

para o sr ver que coisa, Caturo. O sr elogia um povo que é oriundo do Oriente Médio e imigrante. Não é um tanto contraditório?

10 de abril de 2014 às 18:16:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Por acaso até tenho simpatia pelos Hititas, mas onde me viu a elogiá-los?...
Já agora, escapou-lhe o pormenor de que este Povo é indo-europeu, portanto nosso «parente», pouco importando se viveram no Médio Oriente, na América do Sul ou no Polo Norte... ou na China, onde existiu o Povo dos Tocarianos, igualmente indo-europeu e, ao que parece, particularmente próximo dos Celtas.

Além disso, chamar aos Hititas «imigrantes» não me parece, pessoalmente, o mais indicado. A meu ver não são propriamente imigrantes mas sim colonizadores. Um Povo inteiro a mover-se para outro território não está simplesmente a «imigrar» como imigra um ou cem trabalhadores, não é bem o mesmo. Uma movimentação a essa escala implica um câmbio identitário na região que recebe essa migração. E é sintomático que o Roberto Quintas e outros do mesmo sector ideológico comparem uma coisa com outra, isso só mostra que vocês também acham que a imigração traz alterações identitárias radicais... e querem isso. Ora quanto a mim se havia algum Povo na(s) área(s) que os Hititas vieram alegadamente ocupar, esse Povo tinha todo o direito a resistir à invasão.


11 de abril de 2014 às 03:12:00 WEST  

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