sexta-feira, março 07, 2014

TURCOS APROVEITAM A BRECHA NA UCRÂNIA PARA SE INFILTRAREM NA UCRÂNIA

Porque quem manda nos EUA continua a ter por aliado tudo o que é muçulmano e/ou asiático contra a Rússia.

Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://portuguese.ruvr.ru/2014_03_06/neo-otomanos-apostam-na-crimeia-6948/
A Turquia tenta desempenhar um papel cada vez mais activo na evolução da situação em torno da Ucrânia. Os interesses de Ancara estão em primeiro lugar focados na Crimeia, onde os Tártaros representam cerca de 12%, na ordem dos 250 mil habitantes, segundo o recenseamento da população de 2001.
A posição oficial do governo turco continua a ser apelar à regulação política da crise ucraniana e o apoio à paz e estabilidade na Crimeia. Esse, nomeadamente, foi o tema da conversa telefónica realizada na noite de 4 de Março, por iniciativa de Ancara, entre o presidente da Rússia Vladimir Putin e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
Segundo o serviço de imprensa do presidente russo, ambas as partes expressaram “a confiança que, apesar dos actos agressivos das forças radicais e extremistas da Euromaidan, a Crimeia será capaz de manter a paz e tranquilidade inter-étnica e inter-confessional”. Mas essa é, por assim dizer, a dimensão política oficial turca ao mais alto nível relativamente à Crimeia.
Contudo, a um nível inferior podemos falar de tentativas de Ancara em desenvolver o seu jogo, avançando em primeiro lugar a cartada tártara. Isso responde em grande medida da questão sobre as razões profundas para a reactivação da política turca em relação à Crimeia e ao espaço da CEI em geral. Essas razões têm um carácter económico-financeiro e são ditadas pela necessidade de conquistar novos mercados. O politólogo Stanislav Tarasov comenta:
“A Turquia construiu desde o início um modelo de economia nacional orientado para as exportações. Na estrutura da balança comercial de Ancara o primeiro lugar é ocupado pelos países europeus (65%). Contudo, a crise económica na União Europeia arrefeceu esse mercado e a Turquia terá de salvar tanto a economia nacional, como a geopolítica que lhe está associada.”
A Crimeia segue com preocupação a participação cada vez mais activa da Turquia nos assuntos da península: é demasiado frequente os líderes turcos dizerem uma coisa, pensarem outra e fazerem ainda outra. Além disso, a actual dinamização da política da Turquia na grande região que engloba os Bálcãs, o mar Negro e o Cáucaso apenas formalmente está associada a acontecimentos concretos que ocorrem nuns ou noutros países da região. Na sua essência é um resultado da linha geopolítica geral de longo prazo para uma reanimação da “herança” do Império Otomano.
Por outro lado, a autonomia da Turquia e da sua política externa não deve ser sobrestimada: este país funciona num sistema complexo de coordenadas geopolíticas definidas inclusivamente pelos EUA e pela OTAN, recordou à Voz da Rússia a especialista em assuntos regionais Irina Zviaguelskaia:
“Os factores que empurram Ancara para a realização de uma política mais activa no Médio Oriente e no espaço pós-soviético são fáceis de entender. Trata-se de uma vontade de obter um papel geopolítico cada vez mais activo e de sublinhar o seu papel especial no mundo islâmico. Mas a política turca tem os seus limitadores: em primeiro lugar está o facto de esse país representar o flanco sul da OTAN e manter “relações privilegiadas” com os EUA.”
Não gostaríamos de ver triunfar em Ancara os sentimentos agressivos (já se fala em interditar os estreitos de acesso ao Mar Negro e em bloqueio militar à Crimeia), pois esse tipo de desenvolvimento da situação afectará gravemente a cooperação entre a Turquia e a Rússia nas áreas da energia, dos transportes, das trocas comerciais e outras, e irá minar inevitavelmente os contactos positivos existentes entre os dois países no âmbito da Organização para Cooperação de Xangai e do G20, desempenhando assim um papel negativo precisamente nos aspectos económico e do comércio externo, que parecem preocupar tanto os dirigentes turcos.