segunda-feira, fevereiro 03, 2014

O PNR DENUNCIA O PODER DO GRANDE CAPITAL DA «BANCOCRACIA»

Em Dezembro de 2009, 244 mil milhões de dólares da dívida portuguesa estavam nas mãos de bancos europeus. Em 2011, o empréstimo da Troika à III República ascendeu a €78 milhões, dos quais €12 mil milhões serviram para recapitalizar a banca nacional e €10 mil milhões foram disponibilizados directamente a cinco bancos, BPN, BCP, BANIF, CGD e BPI. Porém, a verdade não foi toda dita, pois, em conjunto, todos os bancos portugueses receberam “presentes” do Governo em valores superiores aos declarados, mas como é uma verdade incómoda…. Talvez a excepção mais honrosa seja mesmo a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo.
Apesar disso, a dívida pública continua a crescer de forma exponencial: em 2000 era de 50% do PIB, em 2008, 70%, e à data actual ronda os 130%. Em paralelo, a média de crescimento económico anual permanece baixíssima e a taxa de natalidade é a mais baixa de todos os 28 países da UE. Estes são os factos, e nenhum truque de retórica os pode esconder.
Vítor Constâncio que assistiu impávido e sereno ao desmoronamento do nosso sistema bancário parasita, nada disse sobre os perigos e as ameaças, acabando premiado pela Alemanha com um cargo de dirigente no Mecanismo de Supervisão da Banca Europeia, pois era de facto o homem certo no lugar certo, depois de Durão Barroso: uma dupla dócil e submissa, encarregue de fazer o trabalho sujo.
BPN, BCP, BPP são casos de polícia, porém apenas o mais pequeno de todos, João Rendeiro, foi de facto apertado pela Justiça. Todos tinham ligações muito próximas com os poderes instalados na presidência da república ou no Governo. Fernando Ulrich, do BPI, que se julga intocável, chegou mesmo ao ponto de dizer: “ai aguenta, aguenta.”
Mas em Agosto de 2008, num resort de Vilamoura, reuniram-se as figuras da alta finança – ou melhor, da baixa finança – para comemorarem o aniversário da mulher de Horácio Roque, fundador do Banif, que entretanto só não faliu porque este Governo o salvou. Américo Amorim, accionista do BIC, que “comprou” o BPN por €40 milhões, conversa alegremente com Alípio Dias, ex-administrador do BCP. Ao seu lado está Joe Berardo, todos bebem Chardonnay e Don Pérignon, trocando beijinhos e abraços. Apesar dos sinais de perigo, todos os convivas celebravam. Sentiam-se seguros, acontecesse o que acontecesse, pois controlam o poder político com benesses e gabinetes de administradores, num corrupio de promiscuidades infindáveis. Lá fora, o povo português começava a passar fome.
Graças à moeda única, o Euro, a banca portuguesa foi incentivada a endividar-se junto dos grandes bancos alemães e franceses a juros muito baixos, mas ao invés de aplicar o investimento na indústria, no comércio, na produção, investiu esse dinheiro em sectores onde o lucro estava garantido, ou seja, no imobiliário e na construção. O método era simples: financiava-se em simultâneo quer o construtor quer o comprador, ficando com o imóvel como garantia. Nestas condições, viesse o que viesse, o lucro estaria sempre garantido. Mas tratou-se de facto uma monumental fraude. A sofreguidão foi tanta que o seu ritmo de endividamento líquido ao exterior atingiu um valor só ultrapassado pelas Seychelles, esse conhecido paraíso fiscal de lavagem de dinheiro. Assim se compreende que lucros de biliões, passem no ano seguinte a prejuízos de biliões. Há de facto algo que não bate certo, mas ainda há portugueses que sabem fazer bem as contas. Alguns deles, estão no PNR.
Se em 1990 a indústria transformadora recebia 40% do crédito da banca, esse valor passou actualmente para 18%, o que atesta a destruição pura e simples do sector industrial português. A última vítima foram os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, e devemos estar preparados para o último golpe: a nossa empresa tecnológica de charneira, a EFACEC, será a próxima a ser desmantelada, depois da Sorefame e das OGMA, onde houve o toque do irrevogável Paulo Portas. Não teria valido mais a pena investir o dinheiro que entrou na reconversão da indústria portuguesa? É certo que a União Europeia nos tolhe muito os movimentos, mas não houve sentido patriótico, não houve sequer sentido de responsabilidade, e o resultado está à vista.
Para além do “lucro garantido”, e graças à ligação perniciosa entre banca e os três Partidos do costume, apostou-se igualmente nas PPP, premiando os contratantes dos Governos com posições de topo nas suas administrações. Em simultâneo, apostava-se em jogos de casino, com produtos de alto risco como os swap. Foi a receita para o fracasso. Quando se deu a crise de Wall Street, a ruptura do mercado imobiliário norte-americano e a falência do Lehman Brothers, esta frágil e sinistra construção desabou como um castelo de cartas. Os bancos do norte da Europa eram os grandes financiadores de todo este sistema malicioso. Alguém teria de pagar os calotes, e já se sabe quem foi.
Para branquear o sucedido, apostou-se na propaganda, ou seja, trazendo para o debate público termos e linguagens ocultas que o cidadão comum não compreende, para tentar dissimular o fracasso. Surgiram então termos como downsizing, subprime e outras expressões que no fundo são sinónimos de vigarice. O cúmulo da trapaça está porém no termo muito usado por estes economistas de pacotilha: “crescimento negativo”.
Por último, transformou-se a dívida portuguesa, que não é mais do que a dívida deste regime, num activo, transferindo a responsabilidade pela mesma para o cidadão. Em simultâneo as agências de rating faziam o seu papel de patronos de um sistema financeiro parasitário, atirando Portugal para o fundo e fragilizando a sua posição negocial junto dos agiotas internacionais.
Em boa verdade, muito do que se assinou é ilegítimo, e um Governo ou Estado digno desse nome poderia, a qualquer momento, denunciar os contratos lesivos, negando-se ao seu cumprimento. É que a festa foi continuando, e os CEO que transitaram dos governos e secretarias de Estado sem nada perceberem afinal destes assuntos (mas estando ao corrente dos perigos e dos abusos de confiança que cometiam, impelidos pelos seus chorudos bónus e salários), deixaram-se ir. Veja-se os contratos Swap assinados pela ministra das finanças Maria Luís Albuquerque, veja-se a promiscuidade indecente entre grandes construtoras e o poder partidário do PS, PSD e CDS. Soares da Costa, Teixeira Duarte, Mota-Engil, todas elas beneficiam largamente deste sistema corrupto.
Com a corda na garganta, os bancos do norte da Europa continuaram a emprestar dinheiro aos bancos nacionais do sul da Europa, onde não existe verdadeira fiscalização nem concorrência. Estes mesmos bancos “portugueses” que se financiam a 0,5% no BCE emprestam depois o mesmo dinheiro aos Governos a taxas de 5% e aos cidadãos a 12%! É só facturar!
No final, quem paga são os contribuintes, as crianças, os pensionistas, os trabalhadores, os universitários, os professores, os funcionários públicos, os investigadores, os agricultores, o comércio tradicional, os enfermeiros, os bombeiros, os militares, os polícias de rua, os alunos, enfim, a população activa e produtiva.
Faria de Oliveira (CGD), Carlos Santos Ferreira (BCP), Fernando Ulrich (BPI), Ricardo Salgado (BES), Nuno Amado (Santander Totta) reuniram-se em final de Setembro de 2008 com Vítor Constâncio, governador do BdP. Apontou-se os perigos que corriam “dois pequenos bancos”, BPP e BPN, e os outros foram esquecidos. Miguel Cadilhe (o ministro das finanças num governo PSD que, nos anos 90, baixara a Siza na mesma altura em que adquirira um apartamento de luxo), dirigia o BPN e zangou-se com a inconfidência. Na altura já sabia da existência de 96 offshores em posse da SLN, detentora do Banco, e de um outro Banco (Insular) por onde passavam as operações fraudulentas. Até ao fim, tentaram esconder a situação.
Mas logo dois importantes nomes do Governo PS (o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e o Secretário de Estado do Tesouro, Carlos Costa Pina), com o beneplácito do também socialista Vítor Constâncio, do Banco de Portugal (BdP), se apressaram a “resolver”a situação: o BPN foi nacionalizado e os biliões da sua dívida passaram da esfera privativa para os contribuintes, que agora têm de a pagar. Miguel Cadilhe, entretanto, demitiu-se do cargo, enquanto “desapareciam” de circulação os responsáveis que sacodem de cima a responsabilidade.
António de Sousa, outro governador do BdP, disse relativamente ao BPP de João Rendeiro que “nunca devia ter sido um banco”. No entanto, foi ele quem assinou a licença. O buraco do BPP, igualmente nacionalizado, ascende aos 500 milhões. De novo, o contribuinte foi forçado a pagar o prejuízo. Porém, e por contágio, a falta de liquidez da banca portuguesa tornou-se insustentável.
Perante isto, não restou ao Banco Central Europeu (BCE) outra coisa que não fosse cortar o crédito à banca portuguesa, levando à entrada da Tróica em Portugal para que a salvasse da falência iminente. Entretanto, os banqueiros nacionais conseguiam atingir os seus intentos e manter-se à tona, enquanto o resto do País se afundava e perdia a soberania pela terceira vez em apenas 39 anos.
Vendo a índole destes banqueiros, o BCE fez também o seu papel, salvaguardando os “sagrados” interesses dos bancos do norte da Europa e criando um mecanismo artificial de ajuda à Banca chamado Contingent Convertible Bonds, conhecido pelo nome bem revelador de Cocos. Parece anedota, mas é a triste realidade. Portugal, Grécia, Espanha, Chipre caíram na armadilha, porque os seus governos os colocaram nessa posição de jugo. Porém, o problema persiste. É uma questão de tempo até todo este sistema maléfico e criminoso ruir pela base. Os responsáveis continuam em posições-chave, quer em Portugal quer nos outros países intervencionados. Basta ver que, em Espanha, o ex-administrador do Lehman Brothers Ibérico é o ministro da economia do governo de Mariano Rajoy. Dois dos quadros dirigentes portugueses desse banco falido, ocupam hoje posições estratégicas: João Moreira Rato é o presidente do IGCP, que gere a dívida pública portuguesa, e João Quintanilha é um dos dirigentes da consultora Stormharbour escolhida pelo mesmo IGCP para assessorar a gestão dos swaps das empresas públicas dirigidas por agentes dos mesmos partidos de sempre. Há processos em curso nos tribunais portugueses contra estes criminosos, mas sabemos que todos serão absolvidos.
Em simultâneo, Vitor Gaspar, que falhou todas as previsões enquanto Ministro das Finanças, é apontado como o futuro responsável pelo Departamento de Previsões Macroeconómicas no BdP ou na UE. Ou seja, com este regime estamos entregues ao saque. E a solução não é o Marxismo e os seus derivados comunistas, que levaram à ruína todos os países onde conseguiram o poder. A solução está num Nacionalismo moderno, de nações abertas ao mundo, mas soberanas. Em Portugal, essa alternativa chama-se Nacionalismo Renovador, e o PNR é o seu arauto. 
Fonte: http://www.pnr.pt/noticias/nacional/regime-da-bancocracia/